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Afinal de Contas, Em Qual Revolução Industrial Estamos?

Escrito por Leonardo Pereira | 13/06/2025 18:43:33

Este texto explora a posição atual da humanidade na Quarta Revolução Industrial, destacando o impacto da inteligência artificial e a importância de manter habilidades humanas únicas.

  1. A Quarta Revolução Industrial
  2. O Papel do Professor e da IA
  3. A Adaptação Humana e a IA
  4. A Importância da Resiliência Humana

Existe uma comoção pelo início do uso de IAs (Inteligências Artificiais), tanto quanto é percebido que há espaço monumental para o resgate de práticas antigas, reconexão com o manufaturado, valorização de práticas quase esquecidas. E temos também a defesa do hibridismo, simbiose química, neural, mecânica, algorítmica, robótica e todos os outros termos que são possíveis para explicar tudo isso que está acontecendo.

E no meio de tudo isso, como fica sua colocação no mundo histórico? A proposição feita hoje é: em que ponto da Revolução Industrial estamos e como isso impacta a rotina, o trabalho e à docência? 

A Quarta Revolução Industrial

Para Klaus Schwab, que “neologizou” a situação toda quando tomou consciência daquilo que foi definida como a Quarta Revolução Industrial, ele buscava contextualizar dentro de um conceito, o momento de rápido avanço da tecnologia que definisse, “a junção de tecnologias como a inteligência artificial, a edição genética e a robótica avançada que esbatem as linhas entre os mundos físico, digital e biológico”.*

Mas isso já foi há 9 anos, que na velocidade em que as mudanças estão sendo impostas, quase significa dizer que ocorreu há quase nove séculos. Mesmo sendo conhecida no contexto de laboratórios governamentais e disponível somente em alguns contextos, o uso da IA só se tornou uma realidade nos últimos 365 dias (O Chat GPT3 apareceu em 2020)!

Pasmem, mas hoje existe uma biblioteca para que você escolha a área de atuação do tipo de IA que você quer usar. Isso mesmo. Você entra lá, e seleciona a melhor IA de acordo com o tipo de resultado que você pretende ter; uma para marketing, uma para acadêmicos, uma para arquitetura... É como se você chamasse o CHAT GPT 4 de genérico, uma vez que nessas bibliotecas** existe um outro sistema operacional que só se alimenta de informações de, por exemplo, arquitetura. É tipo a IA fazendo mestrado e doutorado.

De volta ao ponto em que provoco vocês sobre o momento em que estamos na história, não fica muito difícil alocar nossa atual existência dentro da Quarta Revolução quando entendemos que o conceito abarca a parte de Inteligência Artificial. Mas questiona-se veementemente se há 9 anos saberíamos o que sabemos hoje sobre os efeitos da IA.

O Papel do Professor e da IA 

Temos falado muito do seu papel de professor e nele destacando o desenvolvimento de habilidades que a IA não tem (e esperamos que nunca tenha), para que sua existência acadêmico profissional seja sempre relevante. Para nossa sorte, nesse exato momento em março de 2025, a IA ainda padece do que vem sendo chamado de esquizofrenia da IA, ou seja, elaboração de conteúdos falsos onde ela percebe lacunas nas bases de pesquisas consultadas. Nesse momento, sua existência com seus saberes ainda supera toda a volúpia conceitual de uma inteligência que tudo sabe, mas não sabe.

E quando o leitor abre o espectro de análise e percebe os movimentos que foram destacados no primeiro parágrafo deste artigo, fica mais claro entender onde se pretende chegar: o pêndulo da história (já falamos dele aqui) parece estar dando o ar da graça em sua intromissão existencial. Misticamente, tem-se a sensação de que a sociedade está olhando para tudo isso e, num misto de ceticismo, medo e curiosidade, vem olhando para trás, fazendo uso de tudo um pouco.

Como assim? Já digo.

Leia também: A importância do Direito Digital nas disciplinas das universidades

A Adaptação Humana e a IA

Pense então no advogado que, confiante da massificação da uniformização de decisões judiciais, trabalha avidamente amparado pelo uso das IAs. Gradativamente e sem perceber, ele se aproxima do padrão de peças e ações que a máquina pretende cultivar. De um outro lado, temos o advogado que, ainda apaixonado pelo debate, pela construção do raciocínio jurídico, pela eloquência argumentativa, pelo uso da interpretação filosófica clássica, encontra no Direito a via larga que o distingue dos demais.

Nesses dois exemplos, mesmo considerando a intensificação do uso da IA pelo Poder Judiciário, qual deles você crê que terá menos chances de ser substituído por uma máquina? É possível imaginar uma pessoa dirigindo-se à uma espécie de caixa eletrônico e ali, de pé mesmo, inserir os dados da querela para a qual pretende uma chancela do judiciário, sem mesmo ter o suporte de um advogado?

A “maquinificação” do homem, sua “ciborguização” ou mesmo sua estúpida intenção de se aproximar da máquina tem a mesma natureza de sua substituição por uma. Parece lógico, quase bíblico: querendo pareceres com uma máquina, que seja feita a vossa vontade. Só que a máquina é menos valiosa que o homem, e por isso mais fácil de ser substituída por ele.

[Notícia] -> Inteligência Artificial na Biblioteca Virtual Pearson 

A Importância da Resiliência Humana

Voltando ao fazer de tudo um pouco, temos em essência nossa capacidade de adaptação, de resiliência. Tornar-se um serviçal da IA só incrementa a aptidão dela em aprender, tornando você cada dia mais dependente e obsoleto, até o ponto de se tornar descartável. Na medida em que contrariamos nossa natureza, que eliminamos a atuação de nossa amídala cerebral, que lutamos contra essa perversa vontade de facilitar e simplificar as coisas, mais nos protegemos dos efeitos nocivos da IA, mais nos tornamos agentes ativos de todas as mudanças das revoluções industriais. Ou seja, na linha do tempo, estamos no tempo todo.

Não imagine que a solução seja o abandono da IA... isso nunca foi sugerido aqui, tal como ninguém teve a audácia de negar os benefícios do uso de um celular quando ele foi lançado, defendendo os telefones de mesa. Mas veja onde estamos hoje com o uso deles, a dependência que criaram, a dominância sobre o tempo das pessoas.

Uma das charges mais brilhantes da história da IA é a criada pelo artista Asier Sanz Nieto, porque ela aponta situações que permeiam nosso cotidiano sem que percebamos. Nela é nítida a dependência eletrônica, a IA e também a derivação dela, a generativa (homens viciados, robôs lendo e robô desenhando, respectivamente) ... brilhante!

Por isso pensar é cada dia mais importante. Dedicar-se a um bom livro, nutrir hábitos que o mantenham humano, criativo, brilhante. O homem é uma dádiva... sua mente também é seu ópio... e parece que a máquina sabe disso, fornecendo a facilidade tal como o traficante faz para conquistar seu mercado consumidor.

No sentido de explorar o pensamento jurídico, as obras de Hugo de Brito Machado Segundo são essenciais. Com elas o estudante e também o advogado resgata a perspicácia e a beleza da argumentação técnica. Em nosso acervo algumas das mais importantes, confira:

Com a mesma importância, tal como Sun Tzu*** faria, conhecer o inimigo, desvelar suas nuances, conhecer suas fraquezas para traçar sempre as melhores estratégias:

Faltarão bons homens, mas não faltarão máquinas. Pense sobre isso e reflita onde você estará nessa fração de tempo da história. Até a próxima!

 

 

Referencias

*https://pt.wikipedia.org/wiki/Quarta_Revolução_Industrial

**https://theresanaiforthat.com/

***https://pt.wikipedia.org/wiki/Sun_Tzu