Saiba como identificar as melhores estratégias de aprendizagem para um planejamento de aulas com metodologias ativas no ensino superior.
- Combinados
- Planejamento das sessões
- Materiais
- Estratégias de aprendizagem
4.1 Pense-Junte-Compartilhe
4.2 Questionamento reflexivo
4.3 Pequenos grupos
4.4 Brainstorm
4.5 Mapa de sequência de eventos
4.6 Jogo com baralho
4.7 Tabuleiro
4.8 Cartaz viajante
4.9 Passeio pela galeria
4.10 Quatro cantos - Plano de aula - Estratégia Tabuleiro
- Desafios
Foi há alguns anos que ganhei conhecimento teórico sobre o que são as metodologias ativas, antes disso, pautava minhas aulas pelas teorias da aprendizagem procurando inovar com metodologias que pudessem promover a autonomia e a interação aos estudantes.
Apesar de ser intuitiva, nem todas as estratégias que usei deram certo, ainda mais se tratando de estudantes adultos que já estão acostumados com modelos mais passivos de aprender. Todavia, isso não me impedia de perseverar para chegar a modelos protagonistas que os envolvessem mais.
A boa nova é que, sem eu perceber, minhas convicções sobre o ato de ensinar e aprender estavam alinhadas com a filosofia das metodologias ativas. Eu acreditava, e ainda acredito que “a vida é um processo de aprendizagem ativa, de enfrentamento de desafios cada vez mais complexos (MORAN, 2018, p. 2)”.
Diante disso, meu principal objetivo estava em criar estratégias simples sem ser simplista. O propósito desse texto é ajudar você a identificar estratégias de aprendizagem mais adequadas ao planejamento com metodologias ativas. Acompanhe!
Combinados
Assegure-se de fazer combinados com os estudantes. Apresente-os oralmente ou escreva em uma lousa. Se preferir, use um slide ou mesmo uma folha de flipchart. Informe-os que os combinados são para a organização e aplicação das dinâmicas. Use um celular para controle do tempo e avise-os que irá haverá um som para lembrá-los do fim de cada sessão.
Os combinados devem envolver:
Tempo
Desligar o celular
Chamar quando não entender a instrução
Todos participam, mas um por vez
Planejamento das sessões
Ao planejar a atividade você poderá fragmentá-la em sessões. Costumamos usar uma ou duas sessões conjugadas com as estratégias de aprendizagem. Assegure-se de quanto tempo você tem para a conclusão dos objetivos e avise os estudantes quanto tempo eles têm em cada sessão. Durante a aplicação use o temporizador do celular para cronometrar a atividade.
Materiais
A prática com metodologias ativas requer criatividade e versatilidade. É comum o uso de materiais manipulativos como papel sulfite, cartolina, papel de flipchat, lápis, caneta, canetinhas, canetões, palitos, dados, post it, baralhos, botões, fichas, tampinhas de garrafas, peões, bloquinhos, figurinhas etc. Você poderá escolher esses ou outros. Além disso, poderá adaptá-los à sua realidade. Não se esqueça de separar os materiais antes das dinâmicas e orientar quando deverão usar em cada sessão.
Leia também: 👉 Metodologias ativas na avaliação com estudantes do ensino superior
Estratégias de aprendizagem
No universo das metodologias ativas há diferentes estratégias que podem ser utilizadas individualmente ou conjugadas. Falarei de algumas delas e no final, apresentarei uma estrutura para você adaptar à sua realidade.
As estratégias mais populares são:
1. Pense-Junte-Compartilhe
É uma das mais populares, bem porque podemos combiná-las facilmente com outras estratégias. Consiste em solicitar uma ação para que seja feita individualmente e depois compartilhada com outros estudantes. Pode-se formar duplas, pequenos grupos e grandes grupos. Orientamos que os pequenos grupos não passem de 6 pessoas. Considere o Grande grupo a sua turma inteira.
2. Questionamento reflexivo
Estratégia que estimula a reflexão por meio de perguntas. Ideal para usar com a estratégia pense-junte-compartilhe. De preferência, oriente-os que façam registros.
Leia também: 👉 Como desenvolver o pensamento crítico dos alunos no Ensino Superior
3. Pequenos grupos
São pequenos grupos de trabalho. Podem ser formados por três ou mais estudantes. O ideal é entre 3 a 6 pessoas. Duplas podem também ser consideradas pequenos grupos.
4. Brainstorm (Chuva de ideias)
Consiste em lançar um desafio e deixar que as pessoas opinem com sugestões. Não classificamos em certo ou errado; adequado ou inadequado; apropriado ou inapropriado. É uma estratégia para promover o pensamento livre e divergente.
5. Mapa de sequência de eventos
É muito interessante a montagem de mapa de eventos. Os estudantes poderão criar uma linha do tempo, um fluxograma e até um PDCA. Seja físico ou digital, o mapa de sequência é uma ótima estratégia para concatenar ideias e processos de forma simples e visual.
6. Jogo com baralho
Dividir a turma em pequenos grupos. Distribuir um dado e um baralho para cada grupo. Quem tirar o maior número no dado deverá ser o leitor. O leitor receberá uma tabela com a relação carta/pontos/pergunta/resposta que será usada a cada jogada.
A pontuação deverá ser anotada por cada participante e observada pelo leitor. Algumas cartas poderão conter frases de impacto como: “escolha um colega” ou “passe a sua vez” e suas respostas poderão ser: “dê 5 pontos seus para ele” ou “jogue novamente”. Além de um vencedor por grupo, o mediador poderá observar o grupo com maior pontuação para premiá-los.
7. Tabuleiro
Dividir a turma em pequenos grupos. Distribuir os dados, o tabuleiro, as fichas e os peões para cada grupo. Quem tirar o maior número no dado deverá iniciar a partida. O tabuleiro contém pontuações e frases de impacto. As fichas conterão desafios e hipóteses verdadeiras sobre um determinado assunto. Assim como na estratégia do jogo do baralho, será necessário um colaborador por grupo para anotar as pontuações. Os ganhadores poderão ser premiados.
8. Cartaz viajante
Essa estratégia consiste em produções de pequenos grupos com a colaboração de todos. Cada pequeno grupo escolhe um participante que será o seu viajante. O viajante passará nos pequenos grupos para colher informações sobre o desafio. O objetivo final é que cada pequeno grupo tenha informações de todos os pequenos grupos. O mediador poderá solicitar que um representante de cada grupo pequeno fale a respeito das informações coletadas, comparando com as levantadas pelo seu próprio grupo.
9. Passeio pela galeria
Cada pequeno grupo trabalha um desafio que será fixado na parede da sala. Ao finalizarem, o grande grupo irá passear na sala observando as produções. Em seguida, o mediador solicita que os participantes voltem aos seus lugares e expressem suas opiniões para contribuir com o cartaz. As contribuições poderão ser anotadas em um post it e fixadas no cartaz.
10. Quatro cantos
Cada pequeno grupo fixará sua produção em um dos 4 cantos da sala, dando espaço entre as produções. Deverão escolher um ou dois de seus participantes para apresentar. Cada apresentador fica ao lado da produção do seu grupo para explicar aos demais as ideias. Os participantes deverão circular conforme o tempo planejado. Durante o passeio, para não gerar confusão, orientamos que se use o sentido horário do relógio.
Um ponto muito importante é reconhecer o quanto essas estratégias podem ser combinadas para explorar a criatividade e a colaboração. Gosto de usar a estratégia “Pense-Junte-Compartilhe” com “Passeio pela galeria”, ou mesmo com “Quatro cantos”. Também uso muito o “Tabuleiro” e o “Jogo do baralho” com nosso time de vendas.
Nas produções procure solicitar que criem infográficos, tabelas, diagramas, mapa mentais, lista etc. É muito divertido e produtivo trabalhar com cores, figuras, desenhos e colagens. O que vale é sua intencionalidade.
Plano de aula - Estratégia Tabuleiro
Gosto de jogos de tabuleiro desde minha infância, talvez seja por isso que o primeiro treinamento que realizei na Pearson tenha sido usando um que eu mesma criei. O interessante dessa estratégia é que você poderá usar o mesmo tabuleiro com diversos assuntos e situações, bastando apenas trocar as fichas de desafios.
Veja a seguir um planejamento de aula presencial de 50 minutos. Além da data, coloque o nome da estratégia utilizada. Você deverá preparar uma avaliação de reação para ser usada no final.
- Competências: Descreva as competências (Gosto de criar a descrição das competências considerando conhecimentos, habilidades e atitudes que desejo trabalhar com os participantes).
- Materiais por grupo: um tabuleiro; um dado; peões; fichas com os desafios/hipóteses; caneta; papel.
Sessão 1 – Organização dos pequenos grupos
Tempo: 5 minutos
Dinâmica: Divida a turma em pequenos grupos e distribua os materiais. É interessante que os materiais já estejam organizados nas mesas de trabalho. Apresente as competências e dê as instruções sobre o jogo.
Além do tabuleiro, do dado e dos peões, vocês precisarão das fichas de desafios. Elas deverão ficar com o mediador. A pessoa que responder a ficha deverá ficar com ela. Usem o dado para saber que irá iniciar a partida e usem o sentido horário para dar a sequência. Ao percorrerem no tabuleiro, observem os pontos de navegação com as frases de impacto.
Deixe que eles observem mais de perto o tabuleiro e certifique-se de que somente os colaboradores têm as fichas. Pergunte se todos entenderam a dinâmica do jogo.
Sessão 2 – Desafio em prática
Tempo: 25 minutos
É hora de jogar. Circule na sala observando as reações dos participantes e faça intervenções caso haja alguma dúvida, mas não dê respostas. Certifique-se de que o colaborador está anotando os pontos de cada participante.
Sessão 3 – Colhendo resultados
Tempo: 10 minutos
Após o fim do jogo os colaboradores fazem as contas para que seja apresentado ao grupo o vencedor. Solicite que aguardem os resultados e observe as reações dos participantes.
Sessão 4 – Compartilhando impressões
Tempo: 10 minutos
Parte 1 – 5 minutos
É hora de avaliar. Distribua uma avaliação de reação. Ela deve ser anônima e rápida para responder. Evite perguntas binárias. Dê preferências por estrelas ou emoticons, pois facilitam responder e tabular.
Se for possível, compartilhe o link ou o QR Code da avaliação. O bom dos sistemas digitais é que a tabulação é em tempo real.
Pense em questões como:
- O que achou dessa estratégia?
- O tempo foi suficiente?
- Avalie seu grau de dificuldade em relação ao conteúdo das fichas.
- Qual o seu grau de aprendizagem na dinâmica?
Para as respostas, use de 3 a 5 estrelas/emotions representando grau de felicidade. Você poderá também usar a escala likert. Par elaboração da sua avaliação de reação, recomendo os autores Donald Kirkpatrick e James D. Kirkpatrick.
Parte 2 – 5 minutos
Recolha as respostas e coloque-as em uma mesa. Se preferir, embaralhe-as. Retire uma pequena amostra, por exemplo 5 fichas, e socialize as respostas com o grupo grande. Faça o fechamento sobre o grau de satisfação e aprendizagem com a dinâmica. Se preferir, retome as competências traçadas no plano.
Use esse tabuleiro para se inspirar a criar o seu. Clique aqui para baixá-lo!
Desafios
Não é novidade que “as antigas metodologias, centradas apenas na transmissão do conhecimento, que inúmeras vezes figuram no imaginário popular como forma objetiva de aprender, pouco ajudam a desenvolver as competências necessárias para atuar no mundo moderno” (DIAS, 2008, p. 15). Também não é surpresa para estamos imersos num mercado de inúmeras possibilidades de recursos tecnológicos. Contudo sem o profundo entendimento de sua filosofia e de sua concepção de mundo, temos pouco a ganhar com tudo isso.
Penso que um dos maiores desafios para quem lida com educação voltada para o século XXI está em entender como melhorar a conexão entre as pessoas a fim de que suas competências possam ser amplamente desenvolvidas e aprimoradas.
A colaboração, a empatia, a flexibilidade, a versatilidade e planejamento de riscos são exemplos claros de habilidades que podemos observar durante as aulas com metodologias ativas. Assim como essas, outras podem fazer parte do seu planejamento e dar mais “conexão” aos processos de aprender com algo mais empreendedor.
Um meio interessante para promover conexão são os jogos, pois são recursos potenciais para o enfrentamento de desafios, para promover engajamento, para compreender as fases de um problema, para superar dificuldades, lidar com fracassos e assumir riscos com responsabilidade (MORAN, 2018, p. 2).
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Referências
BACICH, Lilian; MORAN, José. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.
DIAS, Cristina J. Compartilhar jogos e vivências: manual prático de intervenções grupais em educação, saúde, empresas e organizações sociais. São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2008.
KIRKPATRICK Donald L.; KIRKPATRICK, James D. Como avaliar programas de treinamento de equipes: os quatro níveis. Rio de Janeiro: Ed. Senac Rio, 2010.
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