Não há metaverso, senão nossas próprias indissociáveis vidas relacionadas em um contexto digital.
Muito mais do que parar para entender o que é o metaverso e por que empresas como a Nike investem milhões de dólares em um outdoor localizado naquilo que seria a Quinta Avenida de NY desse outro mundo, já passamos do ponto onde deveríamos entender nossa duplicada identidade real no universo digital.
Menos do que o metaverso e, ainda assim, muito mais real.
“Em nada, veremos tudo.” Quase bíblico, mas perigosamente real, muitas vezes até letal. Essa tem sido a realidade de nossos relacionamentos com a tecnologia. Estamos ali, navegando no nada, vendo tudo, produzindo menos ainda, vendo nossos comportamentos serem ditados por regras que nem imaginamos como estão sendo traçadas. E o pior, para beneficiar a quem?
Essa letargia, essa anonimação, a "caixa do nada", são oceanos projetados para nos viciar em um ciclo de doses de dopamina falsa. Cada vez precisamos de mais, sem falar nos jovens, que cada vez se relacionam menos, ainda temos as crianças, facilmente manipuladas.
Qual foi o gatilho dessa equação de dar para dominar? Já parou para observar o exato instante que antecede seu ato de abrir uma rede social? Muitos podem dizer que:
Em regra, esse segundo que antecede o ato de mergulhar no oceano digital está repleto de um vazio nosso, um momento que deveríamos usar para refletir, para filosofar, para caminhar ou para nada fazer. Esses momentos que hoje são falsamente preenchidos são mais do que necessários para nossa evolução, para nosso pensamento crítico, para termos ideias, para nos relacionarmos. Tudo está nos sendo roubado silenciosamente.
Sem pensar, estamos inclusive pensando que temos opinião. Isso é muito grave. Isso é projetado.
Mas e se não for só uma questão de manipulação?
Distante do fato de estarmos sendo constantemente bombardeados por informações que foram equacionadas para nos alcançar, precisamos pensar no que de fato devemos fazer com a tecnologia e quais os impactos dessas ações.
Uma análise que constantemente me ponho a fazer é a análise dos meus apps… Um “toque” patológico relacionado à minha constante busca por leveza e produtividade, muito alinhado em buscar tempo para quem quer tempo. Assim, com alguma frequência, olho para o que tenho instalado em meu celular e, sem qualquer pudor, deleto apps que não estão relacionados à minha produtividade ou que não me trazem algum benefício de saúde.
Assim, me mantenho em constante contato com a tecnologia, mas manipulo seu uso em lugar de ser manipulado. Daí decorre minha mais nova usurpada reflexão: a IA precisa fazer atividades para as quais eu não estou preparado para fazer, melhorando o que já sei fazer.
Dessa forma, pensando em produtividade, tenho permitido a presença constante da IA para todas aquelas atividades nas quais eu não sou bom. “There’s an IA for That” é o que eu chamo de supermercado para ideias. Nela, a partir de uma ideia que eu tive em algum momento de ócio e reflexão, navego em busca de soluções práticas para atividades ou trabalhos que pretendo desenvolver.
E isso não é só na vida profissional… Por exemplo, minhas incursões no universo da botânica e do paisagismo encontram inúmeras soluções nessa biblioteca de IAs.
Então, se não for uma questão de manipulação, o melhor é você estar no comando de tudo o que for consumir no oceano digital.
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Mas e quando não temos o controle?
Pois bem, meus amigos e minhas amigas… O Direito nunca andou tão rápido, nem foi tão bem escrito como tem sido, especialmente pelo trabalho da Editora Foco. Por lá, brincamos que estamos escrevendo o Direito, além de interpretá-lo.
Isso é uma revolução que também acontece a partir da ajuda de inúmeras ferramentas que permitem um processo editorial mais célere e assertivo, associado ao fato de que muitos dos juristas que conhecemos têm se valido de boas tecnologias para produzir pensamentos reflexivos.
De acordo com a cronologia das IAs, ainda estamos vivendo uma fase na qual as IAs precisam se alimentar de conteúdos de relevância que tenham uma curadoria específica, especialmente que tenham sido produzidos por empresas que valorizem um processo ético de produção. Se é generativa ou não, na acepção da palavra, ao operador do Direito ainda pouco importa. O foco deve estar na análise e na produção de conteúdos que tragam soluções concretas para a sociedade.
Decorre disso que o Direito precisa ditar condutas positivas de comportamento, produzir materiais de qualidade, pensar em soluções atreladas à lei, sugerir reflexões altivas e meios de solução de controvérsias cada vez mais dinâmicos para que isso passe a alimentar as IAs com ideias e ideais que promovam paz, convívio harmônico e solução não conflituosa de disputas.
Nunca foi tão importante produzir textos altruístas e conteúdos éticos, reforçar valores e classificar condutas que são aceitas em sociedade. Antes, os debates caminhavam no sentido de entender a ética do programador que estava escrevendo as IAs… Mas, na fase atual, o relevante mesmo é produzir conteúdos que ensinem as IAs, para que, quando não tivermos mais o controle, saibamos que as bases jusfilosóficas das IAs foram bem construídas. É tipo educar uma criança pensando em tudo de melhor que você pode ensinar para ela, tal como um pai devoto.
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Mas e quando não temos o controle? Temos o Direito!
Nessa velocidade de criação, com essa capacidade de produzir o Direito como nunca vimos (a base está posta), há que se fazer um plano de replicação de nossas identidades no universo digital.
Lá também somos responsáveis por nossos atos, lá o direito existe, replicado. Essa digitalização de nossas vidas, reais e concretas, expande e impele o pensamento para uma realidade baseada na Matrix, apesar de que ainda não consigo imaginar um homicídio virtual, ainda que pesem os debates e a condenação do estupro virtual.
Nesse sentido, nosso catálogo é pioneiro e pródigo em produções de elevada qualidade editorial, que ajudam a basear as discussões da nossa proteção digital, baseadas em nossa exposição.
Pense sobre isso... O tempo que você gastou lendo este texto poderia ter sido gasto nas redes sociais. O que teria sido melhor para você?