A biblioteca acadêmica adaptou-se com o tempo, incorporando tecnologias e enfrentando desafios na era da inteligência artificial, exigindo novas habilidades dos bibliotecários.
A biblioteca é um organismo dinâmico, um equipamento socioeducativo, que se atualizou com o passar dos séculos. Nas últimas décadas, avançou muito em seu contexto de trabalho com a introdução da tecnologia. Nessa trajetória temporal utilizou desde os tradicionais catálogos de fichas impressas, passando pelos catálogos automatizados de softwares específicos, pelas quatro fases da Internet, pelo Google, pelas bibliotecas virtuais, pelas novas tecnologias de toda sorte que surgem a cada dia, até chegar à inteligência artificial dos chatbots.
Atualmente, quando as novas tecnologias e a inteligência artificial invadem e tomam conta do cenário, influenciando na aprendizagem, que atitudes o bibliotecário deve tomar para mediar as pesquisas de alunos que usam a inteligência artificial? Como o bibliotecário deve atuar nesse novo cenário de IA que veio para ficar? Vamos apresentar mais adiante um pequeno roteiro, mas, antes, precisamos esclarecer alguns pontos.
Com o advento das bibliotecas virtuais, o equipamento biblioteca já ampliou sua aderência e capilaridade nas IES, haja vista as facilidades que as plataformas oferecem aos pesquisadores e a boa aceitação desse recurso pelo MEC nos processos avaliativos. Um excelente exemplo que temos é a Biblioteca Virtual Pearson.
Agora, com a inteligência artificial dos chatbots as possibilidades de pesquisa ampliaram-se de forma exponencial, a partir de outro tipo de mecanismo de busca e acesso. O aluno está mais livre e independente para pesquisar de forma bem direta o assunto que desejar em qualquer aspecto e até dialogar com a IA, obtendo respostas pontuais.
“Chatbots são programas de computador com os quais se pode conversar em linguagem natural. Eles são capazes de manter um diálogo coerente, como faria um interlocutor humano.” (Cruz; Alencar; Shmitz, 2019, p. 43).
Tomando o chatbot ChatGPT pela sua popularidade, temos a definição de Lemos (2023, online)
O ChatGPT é um chatbot alimentado por inteligência artificial (IA) que interage com seres humanos e permite obter respostas em linguagem natural a partir de comandos escritos.
Ele é similar aos assistentes virtuais como Alexa e Siri, mas se destaca por fornecer respostas textuais mais complexas. Além disso, é capaz de resolver problemas matemáticos, criar histórias, responder perguntas e muito mais.
Portanto, é só elaborar perguntas, simular problemas, solicitar explicações ou argumentos, para que ele dê respostas em sugestões e soluções, tudo a partir de prompts (comandos para obter melhor interação com o chatbot) bem elaborados. Quanto mais especificada e contextualizada for a sua interação com o chatbot, melhores retornos você conseguirá dessa tecnologia.
Como a essência da atividade biblioteconômica, além de social, é pedagógica, cabe ao bibliotecário que está à frente de uma biblioteca, introduzir atitudes específicas para lidar com esse novo cenário, desenvolvendo habilidades críticas. Não vale fazer juízo de valor, ser resistente e contrário a essa tendência, afinal, é um avanço tecnológico que já faz parte do contexto acadêmico e que precisamos saber administrar seu uso, para não incorrer no campo perigoso do famoso “copia/cola”.
Para tanto, definimos um pequeno roteiro que pode auxiliar os bibliotecários no enfrentamento dessa nova realidade, em relação ao uso responsável, ético, eficaz e produtivo da inteligência artificial via chatbot nas pesquisas acadêmicas.
Como vimos, além das questões relacionadas à prática do uso de IA, em nosso roteiro proposto, há questões de ética e privacidade a serem respeitadas, dentre outras mais complexas de cunho empresarial, que caminham para a necessidade de normatização.
Leia também: 👉 Liderança docente e mitos da inteligência artificial na educaçãoO chatbot é uma das aplicações que utilizam a IA, hoje, são inúmeras as aplicações. Com o avanço da inteligência artificial no mundo em todos os setores, alguns problemas com o uso inadequado já começam a surgir. Nesse sentido houve a necessidade de normatizar essa aplicação. Foi lançada a ISO IEC 42001 no fim do ano de 2023, uma parceria ISO (International Organization for Standardization) e IEC (International Electrotechnical Commission). Qual o objetivo dessa norma?
ISO/IEC 42001 é uma norma internacional que especifica requisitos para estabelecer, implementar, manter e melhorar continuamente um Sistema de Gestão de Inteligência Artificial (AIMS) dentro das organizações. Foi concebido para entidades que fornecem ou utilizam produtos ou serviços baseados em IA, garantindo o desenvolvimento e utilização responsáveis de sistemas de IA. (ISO, 2023, online)
A norma estabelece requisitos para sistemas de gestão da inteligência artificial nas empresas e instituições, com aplicação ética, responsável e transparente. Como toda norma, possibilita que a conformidade seja implantada, com a exploração de oportunidades e mitigação de riscos. Em outras palavras, governança da IA nas empresas desenvolvedoras ou usuárias de produtos/serviços que utilizam IA.
Como a norma ainda é recente, está disponível apenas em inglês. Com certeza ainda terá sua versão em português a ser publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Portanto, é importante que tão logo seja incorporada à ABNT e adotada o seu uso no Brasil, que as IES e os bibliotecários se apropriem para conhecer melhor esse novo universo.
Além dos chatbots, temos outras tecnologias de ponta que podem ser aplicadas na educação e que utilizam a inteligência artificial, as quais e tornam essenciais para alavancar o atendimento e a aprendizagem no contexto acadêmico da atualidade. Elas dão aporte na gestão escolar, tiram dúvidas curriculares de alunos e até permitem a elaboração de conteúdo de ensino, instrumentos de estudo e avaliações, dentre outras utilidades. Tudo isso melhora a gestão escolar e ajuda o professor em suas atividades pedagógicas.
E você, bibliotecário ou aluno, que ainda não se ligou nos recursos da inteligência artificial, segue um trocadilho que eu mesma criei nesse sentido para servir de motivação: AI de quem não usar IA! AÍ eu digo que essa pessoa IA mas não foi.
A inteligência artificial é o recurso que faltava, vamos ter habilidade e inteligência para utilizá-la, afinal, ela é o caminho para o futuro, futuro este que já é agora.
CRUZ, Leôncio Teixeira; ALENCAR, Antonio Juarez; SCHMITZ, Eber Assis. Assistentes virtuais inteligentes e chatbots. Rio de Janeiro: Brasport, 2019. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 13 jan. 2024. E-book.
LEMOS, Amanda. O que é ChatGPT? Tudo que você precisa saber para usar a IA. Exame, São Paulo, jul. 2023. Seção Inteligência Artificial. Disponível em: https://exame.com/inteligencia-artificial/o-que-e-chatgpt-como-usar-a-ia-em-portugues-no-seu-dia-a-dia/. Acesso em: 06 jan. 2024.
ISO (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE PADRONIZAÇÃO). ISO/IEC 42001:2023. Tecnologia da Informação. Inteligência artificial. sistema de gestão. (tradução). Disponível em: https://www.iso.org/standard/81230.html. Acesso em 06 jan. 24.