A biblioteca acadêmica adaptou-se com o tempo, incorporando tecnologias e enfrentando desafios na era da inteligência artificial, exigindo novas habilidades dos bibliotecários.

  1. Mas o que é um chatbot e como é utilizado?
  2. Como deve ser esse uso? Há direcionamentos ou limitações para usar a IA? 
    2.1. Roteiro para auxiliar os bibliotecários a atuarem com IA em contexto acadêmico 
    2.1.1. Capacitação em Ferramentas de IA
    2.1.2. Orientação personalizada
    2.1.3. Recursos especializados de IA 
    2.1.4. Senso crítico
    2.1.5. Integração e atualização constante
    2.1.6. Ética e privacidade
    2.1.7. Colaboração interdisciplinar
    2.1.8. Feedback contínuo
  3. A normatização da IA em função do célere avanço 

A biblioteca é um organismo dinâmico, um equipamento socioeducativo, que se atualizou com o passar dos séculos. Nas últimas décadas, avançou muito em seu contexto de trabalho com a introdução da tecnologia. Nessa trajetória temporal utilizou desde os tradicionais catálogos de fichas impressas, passando pelos catálogos automatizados de softwares específicos, pelas quatro fases da Internet, pelo Google, pelas bibliotecas virtuais, pelas novas tecnologias de toda sorte que surgem a cada dia, até chegar à inteligência artificial dos chatbots

Atualmente, quando as novas tecnologias e a inteligência artificial invadem e tomam conta do cenário, influenciando na aprendizagem, que atitudes o bibliotecário deve tomar para mediar as pesquisas de alunos que usam a inteligência artificial? Como o bibliotecário deve atuar nesse novo cenário de IA que veio para ficar? Vamos apresentar mais adiante um pequeno roteiro, mas, antes, precisamos esclarecer alguns pontos. 

Com o advento das bibliotecas virtuais, o equipamento biblioteca já ampliou sua aderência e capilaridade nas IES, haja vista as facilidades que as plataformas oferecem aos pesquisadores e a boa aceitação desse recurso pelo MEC nos processos avaliativos. Um excelente exemplo que temos é a Biblioteca Virtual Pearson.  

Agora, com a inteligência artificial dos chatbots as possibilidades de pesquisa ampliaram-se de forma exponencial, a partir de outro tipo de mecanismo de busca e acesso. O aluno está mais livre e independente para pesquisar de forma bem direta o assunto que desejar em qualquer aspecto e até dialogar com a IA, obtendo respostas pontuais.  

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Mas o que é um chatbot e como é utilizado?

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“Chatbots são programas de computador com os quais se pode conversar em linguagem natural. Eles são capazes de manter um diálogo coerente, como faria um interlocutor humano.” (Cruz; Alencar; Shmitz, 2019, p. 43).

Tomando o chatbot ChatGPT pela sua popularidade, temos a definição de Lemos (2023, online) 

O ChatGPT é um chatbot alimentado por inteligência artificial (IA) que interage com seres humanos e permite obter respostas em linguagem natural a partir de comandos escritos.

Ele é similar aos assistentes virtuais como Alexa e Siri, mas se destaca por fornecer respostas textuais mais complexas. Além disso, é capaz de resolver problemas matemáticos, criar histórias, responder perguntas e muito mais. 

Portanto, é só elaborar perguntas, simular problemas, solicitar explicações ou argumentos, para que ele dê respostas em sugestões e soluções, tudo a partir de prompts (comandos para obter melhor interação com o chatbot) bem elaborados. Quanto mais especificada e contextualizada for a sua interação com o chatbot, melhores retornos você conseguirá dessa tecnologia.

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Como deve ser esse uso? Há direcionamentos ou limitações para usar a IA? 

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Como a essência da atividade biblioteconômica, além de social, é pedagógica, cabe ao bibliotecário que está à frente de uma biblioteca, introduzir atitudes específicas para lidar com esse novo cenário, desenvolvendo habilidades críticas. Não vale fazer juízo de valor, ser resistente e contrário a essa tendência, afinal, é um avanço tecnológico que já faz parte do contexto acadêmico e que precisamos saber administrar seu uso, para não incorrer no campo perigoso do famoso “copia/cola”. 

Para tanto, definimos um pequeno roteiro que pode auxiliar os bibliotecários no enfrentamento dessa nova realidade, em relação ao uso responsável, ético, eficaz e produtivo da inteligência artificial via chatbot nas pesquisas acadêmicas.

Roteiro para auxiliar os bibliotecários a atuarem com IA em contexto acadêmico

Capacitação em Ferramentas de IA

  • Apresentar as plataformas de inteligência artificial disponíveis e de fácil acesso e uso.
  • Oferecer treinamentos sobre o uso de ferramentas de IA para pesquisa acadêmica, aplicando exemplos variados.
  • Fornecer recursos e tutoriais que ajudem os alunos a entender como integrar a IA em seus processos de pesquisa.

Orientação personalizada

  • Auxiliar na identificação de ferramentas de IA conforme as necessidades específicas de cada tipo de usuário e pesquisa.
  • Oferecer orientação personalizada aos alunos, um tipo de serviço de referência voltado à explicação da inteligência artificial para o aprimoramento de pesquisas.  
  • Orientar como a pesquisa pode ser feita a partir de prompts, sintaxe e construção das perguntas, para se obter resultados mais consistentes, evitando questões sensíveis, inadequadas ou ofensivas.

Recursos especializados de IA

  • Garantir que a biblioteca tenha acesso a bases de dados e recursos específicos de IA para auxiliar os alunos em suas pesquisas.
  • Colaborar com o pessoal da TI e especialistas em IA, para fornecer insights sobre as melhores práticas e tendências.

Senso crítico

  • Alertar sobre limitações e riscos, informando aos usuários sobre a falta de capacidade para discernir informações falsas e destacando os riscos associados ao compartilhamento de informações pessoais ou confidenciais com a ferramenta.
  • Incentivar a avaliação crítica das informações obtidas por meio da IA, ela pode ser apenas um direcionamento para seguir no caminho correto da pesquisa.
  • Ensinar os alunos a questionar e analisar os resultados gerados pela inteligência artificial, considerando a confiabilidade e a fonte dos dados, pois nem tudo é aceitável.
  • Fornecer acesso a recursos de aprendizagem complementares, tais como livros, periódicos, bases de dados e sites confiáveis, que possam completar e ampliar as informações obtidas através do chatbot.

Integração e atualização constante

  • Promover a integração de tecnologias de IA nos serviços da biblioteca, como chatbots para suporte online e sistemas de recomendação de recursos.
  • Manter-se atualizado sobre as últimas tendências em IA para melhor atender às necessidades dos alunos.

Ética e privacidade

  • Discutir questões éticas relacionadas ao uso de IA na pesquisa.
  • Enfatizar a importância da privacidade dos dados e garantir que os alunos estejam cientes dos aspectos éticos envolvidos no uso de tecnologias de IA.

Colaboração interdisciplinar

  • Promover a colaboração entre bibliotecários, professores e especialistas em IA para criar ambientes de aprendizado mais integrados.
  • Participar de iniciativas interdisciplinares que envolvam a IA na pesquisa acadêmica.

Feedback contínuo

  • Estabelecer um canal de feedback para os alunos expressarem suas experiências com o uso de IA na pesquisa.
  • Utilizar o feedback para aprimorar os serviços oferecidos pela biblioteca em relação à integração de tecnologias de IA.

Como vimos, além das questões relacionadas à prática do uso de IA, em nosso roteiro proposto, há questões de ética e privacidade a serem respeitadas, dentre outras mais complexas de cunho empresarial, que caminham para a necessidade de normatização.  

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A normatização da IA em função do célere avanço  

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O chatbot é uma das aplicações que utilizam a IA, hoje, são inúmeras as aplicações. Com o avanço da inteligência artificial no mundo em todos os setores, alguns problemas com o uso inadequado já começam a surgir. Nesse sentido houve a necessidade de normatizar essa aplicação. Foi lançada a ISO IEC 42001 no fim do ano de 2023, uma parceria ISO (International Organization for Standardization) e IEC (International Electrotechnical Commission). Qual o objetivo dessa norma?

ISO/IEC 42001 é uma norma internacional que especifica requisitos para estabelecer, implementar, manter e melhorar continuamente um Sistema de Gestão de Inteligência Artificial (AIMS) dentro das organizações. Foi concebido para entidades que fornecem ou utilizam produtos ou serviços baseados em IA, garantindo o desenvolvimento e utilização responsáveis ​​de sistemas de IA. (ISO, 2023, online)

A norma estabelece requisitos para sistemas de gestão da inteligência artificial nas empresas e instituições, com aplicação ética, responsável e transparente. Como toda norma, possibilita que a conformidade seja implantada, com a exploração de oportunidades e mitigação de riscos. Em outras palavras, governança da IA nas empresas desenvolvedoras ou usuárias de produtos/serviços que utilizam IA. 

Como a norma ainda é recente, está disponível apenas em inglês. Com certeza ainda terá sua versão em português a ser publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Portanto, é importante que tão logo seja incorporada à ABNT e adotada o seu uso no Brasil, que as IES e os bibliotecários se apropriem para conhecer melhor esse novo universo. 

Além dos chatbots, temos outras tecnologias de ponta que podem ser aplicadas na educação e que utilizam a inteligência artificial, as quais e tornam essenciais para alavancar o atendimento e a aprendizagem no contexto acadêmico da atualidade. Elas dão aporte na gestão escolar, tiram dúvidas curriculares de alunos e até permitem a elaboração de conteúdo de ensino, instrumentos de estudo e avaliações, dentre outras utilidades. Tudo isso melhora a gestão escolar e ajuda o professor em suas atividades pedagógicas. 

E você, bibliotecário ou aluno, que ainda não se ligou nos recursos da inteligência artificial, segue um trocadilho que eu mesma criei nesse sentido para servir de motivação: AI de quem não usar IA! AÍ eu digo que essa pessoa IA mas não foi

A inteligência artificial é o recurso que faltava, vamos ter habilidade e inteligência para utilizá-la, afinal, ela é o caminho para o futuro, futuro este que já é agora. 

Nova call to action

Referências

CRUZ, Leôncio Teixeira; ALENCAR, Antonio Juarez; SCHMITZ, Eber Assis. Assistentes virtuais inteligentes e chatbots. Rio de Janeiro: Brasport, 2019. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br.  Acesso em: 13 jan. 2024. E-book. 

LEMOS, Amanda. O que é ChatGPT? Tudo que você precisa saber para usar a IA. Exame, São Paulo, jul. 2023. Seção Inteligência Artificial. Disponível em: https://exame.com/inteligencia-artificial/o-que-e-chatgpt-como-usar-a-ia-em-portugues-no-seu-dia-a-dia/. Acesso em: 06 jan. 2024. 
 
ISO (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE PADRONIZAÇÃO). ISO/IEC 42001:2023. Tecnologia da Informação. Inteligência artificial. sistema de gestão. (tradução). Disponível em: https://www.iso.org/standard/81230.html. Acesso em 06 jan. 24. 

Ana Luiza Chaves
Ana Luiza Chaves

Gestora de bibliotecas na Faculdade CDL; especialista em Pesquisa Científica, em Marketing Estratégico e em Gestão de Arquivos Empresariais. Exerce a função de Analista de Projetos de Arquivos, na Mrh Gestão de Arquivos, atuando como responsável técnica, e como auditora da qualidade. Focada no incentivo à leitura e ao uso de bibliotecas, na gestão de documentos, na aplicação da normalização em trabalhos acadêmicos e na gestão da qualidade. Mantém o blog de sua autoria Leitura e contexto.

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