Em “O cérebro leitor”, a neurocientista Maryanne Wolf trata da importância da leitura no desenvolvimento de crianças e adolescentes.

O assunto não é novo.

Mas ganhou contornos de urgência com a amplificação veloz e recente das tecnologias digitais, a proliferação de crianças e adolescentes nas redes sociais, o debate sobre o uso de celular em sala de aula, e a replicação de conteúdos com cada vez menos conteúdo!

Diante disso, fica a pergunta: nossa capacidade cerebral está involuindo?

Não são poucos os estudos e os cientistas que tentam responder a essa questão, em diversos países. Quem sabe um dia chegaremos à resposta. Enquanto ainda não estamos lá, pelo menos desde o final de 2024 ganhamos um termo para batizar o efeito que a superexposição às telas tem gerado em nosso cérebro: BRAIN ROT.

Escolhida como a palavra do ano de 2024 pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, a expressão “brain rot” (ou “cérebro podre”, em bom português), significa:

“A suposta deterioração da intelectualidade de uma pessoa, especialmente em razão do excesso de conteúdos (principalmente online) considerados triviais ou pouco desafiadores. Também pode significar: algo que leve a esta deterioração.” 

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Em 2007, ao escrever O cérebro leitor (publicado no Brasil pela Editora Contexto em 2024), a neurocientista Maryanne Wolf já alertava os leitores para os perigos da superexposição a telas, e a importância do que ela chama de leitura profunda.

Leitura profunda, segundo ela, é a capacidade aprimorada pelo cérebro ao longo de milhares de anos, de ler um texto, compreendê-lo e desenvolver pensamento crítico a partir dele. Percebe? Uma neurocientista que fala, 15 anos antes de o conceito existir, justamente o oposto do que conteúdos brain rot propõem.

Na apresentação exclusiva do livro escrita por ela para a edição brasileira, Wolf reflete ainda: “diante da infinidade de informações fornecidas diariamente por nossas telas digitais, passamos de uma explosão informativa para outra. Apenas arranhamos a superfície dessa informação”.

E é a este ponto que eu gostaria de chegar com você aqui hoje. Este “arranhão” na informação sobre o qual menciona Maryanne – que, caso você ainda não tenha reparado, é o brain rot.

Você acha mesmo que teríamos chegado a este nível de evolução cerebral caso tivéssemos sido submetidos apenas a conteúdos de baixo nível de complexidade? E o que você acha que pode acontecer a uma geração de crianças e adolescentes onde a informação é quase em sua totalidade brain rot?

Aqui, volto à pergunta que fiz no início deste texto: nossa capacidade cerebral está involuindo?

Para mim, a resposta é: sim. Mas, seguidora de Maryanne Wolf que sou, ainda acredito numa solução. Numa solução através da leitura, no equilíbrio do uso das telas (olha a ironia, falar isso escrevendo num blog), e principalmente, numa solução que passe pela ciência e que se atenha a cuidar do cérebro das futuras gerações.

E você, já se propôs HOJE a consumir menos brain rot e praticar sua leitura profunda?

Recomendo começar por O cérebro leitor e por outros lançamentos da Editora Contexto que acabaram de chegar à Biblioteca Virtual Pearson:


Até o próximo texto!

Luiza Lunardi
Luiza Lunardi

Jornalista formada pela UFRJ, com atuação em assessoria de imprensa, redação e marketing no mercado editorial. Hoje, atua como coordenadora de marketing na Editora Contexto. Leitora voraz, os livros a acompanham desde muito antes de pensar em trabalhar com eles. Eles a formaram para além dos muros da escola e da universidade, e moldaram sua visão de mundo e seu jeito – sempre aberta à diferentes culturas e modos de pensar.

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