A transformação digital nas instituições de ensino superior é mais do que uma questão de inovação, é questão de sobrevivência.


  1. Microcerficações no ensino superior
  2. Certificações que preparam o aluno para os desafios reais do cotidiano

Em tempos de disrupção, a educação não ficaria de fora. A transformação digital nas instituições de ensino superior é mais do que uma questão de inovação, agora, é uma questão de sobrevivência. Por isso, remodelar o sistema de certificação é um ponto de alta relevância nos dias atuais.

Quando olhamos para o passado recente, percebemos o quanto era valioso ter um certificado impresso que atestasse alguma habilidade adquirida após finalizarmos um curso. Isso englobava desde cursos de longa duração, como os de graduação, até os mais curtos, como os cursos lato sensu e ou cursos livres. A busca por acúmulo de certificados era essencial para conquistarmos um bom emprego, fato que levou ao seguinte pensamento aqui no Brasil:

"Antes quem tinha o diploma de graduação já tinha um diferencial, mas quem tem só isso hoje, não tem mais nada.”

Considerando o princípio da oferta e demanda, o mercado tende a buscar pessoas mais qualificadas e, portanto, as certificações acumuladas geram uma competitividade importante e desafiadora para muitos profissionais.

Enquanto as instituições tradicionais mantinham essa lógica de certificação, de acordo com os conteúdos curriculares que elas ofertavam, algumas empresas de tecnologia viram a necessidade de também oferecer conteúdos e certificações, talvez, pela própria incompatibilidade entre o conteúdo da academia e a necessidade real do mercado. Por isso, como sempre são impulsionadoras de transformação, essas empresas de tecnologia e institutos de gestão, iniciaram um processo de certificações que habilitavam um profissional a usar softwares específicos ou gerenciar processos pautados em uma metodologia.

Uma vez que estes certificados eram emitidos por empresas ou institutos de grande prestígio, eles rapidamente se valorizaram, tornando-se uma nova pérola nos currículos dos profissionais. Nesse sentido, é fundamental compreendermos as motivações desta tendência. A primeira delas é o fato de que as empresas perceberam que as instituições de ensino tradicionais não contemplavam algumas habilidades específicas em seus currículos, por isso, coube a elas instruir e certificar. E atualmente? Essa lógica permanece ou as instituições tradicionais estão com os currículos alinhados ao mercado e as novas necessidades do mundo moderno? Fica aqui uma provocação.

Microcerficações no ensino superior

Microcerficações no ensino-superior

Semelhante às certificações citadas anteriormente, no ensino superior, surgem tardiamente as microcertificações ou certificações intermediárias, que são concedidas ao aluno diante da aprovação em determinados conteúdos previstos na estrutura curricular.

Com isso, o aluno não precisa esperar a conclusão da graduação para demonstrar que sabe algo, uma vez que ele pode apresentar os microcertificados como uma prova de conhecimento. Contudo, se conseguíssemos comparar a quantidade de certificações emitidas por plataformas de cursos livres com as microcertificações emitidas por instituições de ensino superior, certamente perceberíamos uma defasagem no ensino tradicional. As inúmeras plataformas de cursos online se tornaram experts neste tema.

Por isso, o desafio para as instituições, não é apenas criar as microcertificações, mas sim dar sentido e relevância a elas. Para isso, devemos nos perguntar: essa certificação contempla habilidades consideradas como essenciais e diferenciais para o mercado de trabalho? O conteúdo desenvolvido durante o curso realmente é capaz de promover a capacitação e autonomia discente? Os métodos avaliativos também são compatíveis com a certificação e com o mercado de trabalho?

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E o que quero dizer com essas questões é que não faz sentido criar certificações sem valor para o currículo do estudante. Assim, por exemplo, não faz sentido criar uma certificação em língua portuguesa ou em matemática, pois são habilidades mínimas necessárias. Na mesma direção, também podemos pensar que não faz sentido uma certificação de informática, uma vez que, boa parte do mercado do trabalho já pressupõe que os candidatos sabem usar o computador.

Então, após delimitar muito bem e com coerência o que se deve certificar, devemos pensar se realmente o conteúdo para formação fornece todas as habilidades necessárias que serão evidenciadas no certificado.

Certificações que preparam o aluno para os desafios reais do cotidiano

Certificações que preparam o aluno parao mercado de trabalho

Se queremos criar uma certificação em linguagem python, por exemplo, temos que ter o cuidado de oferecer um conteúdo rico o suficiente para esse aluno aprender tudo sobre a linguagem e ser capaz de produzir isso de forma autônoma, pois não seria bom um aluno apresentar um certificado de python e, durante o trabalho, descobrir que ele não aprendeu tudo que era necessário para desenvolver dentro desta linguagem.

Cabe dizer ainda que avaliar é uma questão de grande relevância, pois além da seriedade do processo, deve-se pensar também no instrumento avaliativo. Retomando ao exemplo de python, creio que não faz muito sentido certificar um aluno após um questionário de múltipla-escolha. Não seria mais interessante ele entregar um projeto final desenvolvido para que pudesse usar como portfólio? Então, quando falo em avaliação não é apenas assegurar o processo e prevenir possíveis fraudes em colas e consultas, mas sim definir qual instrumento avaliativo faz sentido para aquele tipo de certificação.

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Por fim, a ideia das microcertificações deve ser observada por esses diversos olhares do processo de aprendizagem e, por isso, ela se faz importante, pois além de promover melhores chances de empregabilidade ao aluno, faz também a própria instituição repensar seus currículos e sua prática pedagógica. Talvez, seja esse o futuro de algumas faculdades e universidades: oferecerem apenas as microcertificações, sendo que a trilha escolhida pelos estudantes determinará sua formação final. Enquanto isso ainda não acontece, seguimos observando essas novas tendências que são essenciais para o sucesso da educação como um todo.

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Leandro Ortunes
Leandro Ortunes

Leandro Ortunes é Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP, Diretor de Novos Negócios na UniFECAF, Consultor de tecnologias no Instituto Sidarta e Avaliador do INEP/MEC. Atua com aplicação de tecnologias para ensino básico e superior no setor público e privado.

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