O trabalho colaborativo é muito mais do que o velho ditado de que “duas cabeças pensam melhor que uma”. É uma das dimensões mais importantes do sucesso e é em si uma habilidade crítica para a empregabilidade atual.

  1. Como funciona a colaboração entre as pessoas?
  2. Quando não cooperamos? Os três problemas básicos do trabalho colaborativo
  3. Quais são os requisitos para o trabalho colaborativo e qual é o papel do professor?
  4. 3 requisitos para promover o trabalho colaborativo entre estudantes universitários
    4.1. Aprendizagem baseada em projetos (ABP)
    4.2. Estabelecimento de objetivos claros
    4.3. Gerenciamento das hard skills com a soft skills

Segundo muitos antropólogos, na longa cadeia de eventos que resultou na evolução do ser humano moderno, houve um marco particularmente relevante: o momento em que a linguagem nos deu a possibilidade de colaborar com outros indivíduos de modo bem mais eficiente.

Todos os animais sociais colaboram de uma forma ou de outra, mas somente os seres humanos são capazes de se organizar em células de trabalho com objetivos abstratos, em que cada membro tem uma tarefa específica ou altamente especializada.

As pessoas inclusive encontraram uma maneira de colaborar com as gerações seguintes graças à escrita (e depois outros registros audiovisuais e multimídia), deixando-lhes um conjunto de conhecimentos e técnicas que podem ser aproveitadas para não ser preciso começar do zero.

Desse ponto de vista, saber colaborar não é apenas uma habilidade muito exigida nas empresas para promover um bom ambiente organizacional; é o motor do desenvolvimento social, cultural e científico da humanidade. Por isso, hoje vamos rever como funcionam os mecanismos de colaboração e como você pode promovê-los entre seus estudantes universitários para começar a desenvolver um diferencial competitivo.

Como funciona a colaboração entre as pessoas?

mãos de pessoas multiétnicas simbolizando a colaboração entre as pessoas

Da agricultura à ciência, do jornal impresso à internet, cada um desses avanços é o resultado da colaboração de muitas mentes aplicando um tijolo após o outro nas diferentes disciplinas do edifício do conhecimento. Mas, para que a colaboração transgeracional seja possível, também precisamos aprender a colaborar horizontalmente, ou seja, entre pares, aqui e agora.

Segundo Robert Sapolsky, professor da Universidade de Stanford e um dos mais eminentes estudiosos do comportamento humano, nosso cérebro está “programado para colaborar”:

Somos animais sociais e buscamos, ao mesmo tempo, criar laços com os outros, aumentar nosso status e, juntos, melhorar as condições de vida de nossa matilha, tribo ou comunidade.

Isso é demonstrado, entre outras coisas, pelos altos níveis de produtividade e inovação que uma equipe pode alcançar por meio do trabalho colaborativo, e que superam em muito o desempenho total que os membros teriam individualmente.

De fato, décadas de pesquisa concluíram que existe uma forte relação positiva entre aprendizagem colaborativa e desempenho acadêmico, nível de esforço, persistência e motivação. Como se não bastasse, também ficou comprovado que redes de cooperação universitária bem estabelecidas ajudam a reduzir as desigualdades.

Leia também: 👉 Aprendizagem colaborativa: 6 benefícios da aprendizagem para um AVA

Quando não cooperamos? Os três problemas básicos do trabalho colaborativo

Mas nem tudo são flores. É muito fácil os mecanismos de trabalho colaborativo se romperem quando um dos indivíduos sente que o outro está trapaceando ou se aproveitando, ou quando percebe que pode facilmente obter benefícios às custas dos demais, sem consequências.

Outro grande problema é que basta um erro de comunicação para que uma longa série de colaborações bem-sucedidas se dissolva de um momento para o outro. Ou seja, não há más intenções de qualquer um dos lados, mas a mensagem de um não chega ao outro e é mal interpretada como desinteresse ou hostilidade (algo que muitas vezes podemos ver em relacionamentos de casais e de duplas de gênios da tecnologia no Vale do Silício).

Finalmente, nosso estilo de vida moderno, no qual é praticamente impossível conhecer todos os nossos vizinhos, acrescentou uma dificuldade à colaboração: o anonimato.

Sentimo-nos mais motivados a trabalhar de maneira colaborativa com pessoas próximas e familiares porque assumimos que o bem-estar delas, a longo prazo, também é o nosso e que isso será recíproco no futuro. Já quando temos a opção de colaborar com um estranho, geralmente preferimos evitar – e nas grandes cidades nos sentimos cercados por estranhos.

Nós nos aprofundamos nessa parte porque termos clareza sobre o que foi dito nos proporciona certas bases teóricas muito confiáveis para começar a moldar ambientes que realmente promovam a colaboração de maneira adequada, incluindo salas de aula universitárias.

Quais são os requisitos para o trabalho colaborativo e qual é o papel do professor?

professor ensinando estudantes a praticar trabalho colaborativo na universidade

Embora pessoas de qualquer idade possam se beneficiar mais da aprendizagem colaborativa do que da aprendizagem individual, isso não significa que “formar grupos” seja suficiente para aumentar de maneira automática a motivação. Infelizmente, o potencial desse tipo de aprendizagem na prática é muitas vezes mal compreendido e subutilizado.

De fato, quando falamos em trabalho colaborativo com professores e estudantes universitários, não é raro ouvir que muitos não gostam dele porque nesse caso alguns acabam contribuindo consideravelmente mais que outros, ou porque parece impossível se organizar para atingir um objetivo complexo.

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3 requisitos para promover o trabalho colaborativo entre estudantes universitários

Para alcançar a aprendizagem colaborativa ideal, como professores, tutores ou designers instrucionais, temos que estar familiarizados com os problemas e mecanismos típicos que dificultam a colaboração, bem como com aqueles que a promovem: sim, existem certas maneiras de propor um problema que desencadeiam um maior interesse em cooperar. Confira!

1. Aprendizagem baseada em projetos (ABP)

A ABP é um dos pilares da aprendizagem colaborativa porque propõe problemas reais e busca soluções que permitem colocar em prática o conhecimento teórico.

Todas as comunidades globais e locais enfrentam grandes desafios que afetam a todos nós. Para citar apenas alguns: falta de conectividade, desinformação, desigualdade, epidemias, poluição e muito mais. Um excelente primeiro passo para estimular a colaboração é confrontar os alunos com um problema que seja relevante para todos eles no mesmo nível.

Nesse sentido, o papel do professor é tornar visíveis problemas que gerem interesse e empatia em seus alunos, ajudá-los a estabelecer uma visão crítica sobre eles e motivá-los a investigar mais sobre o assunto.

Alguns exemplos de questionamentos que atendem a esse propósito são:

  • O que acontecerá com a comunidade X se determinada empresa continuar drenando o corpo d’água Y na mesma frequência pelos próximos cinco anos?
  • Quanto dinheiro o governo está deixando de arrecadar por conta da desregulamentação desta ou daquela atividade econômica?
  • Qual é o impacto negativo do avanço tecnológico para a criatividade e como resolver?
  • Este estudo diz que, em média, 75% das contratações das empresas do país para cargos gerenciais são de homens caucasianos. Como verificar se isso é real e, em caso positivo, quais as consequências desse fato?

Além disso, nessa etapa é importante estabelecer a postura ética que estamos tomando diante dessas realidades (p. ex., é errado que homens brancos tenham duas vezes mais chances de conseguir um bom emprego, e é preciso fazer algo sobre isso, porque...), pois daí surgem os valores compartilhados que vão gerar coesão e confiança no grupo.

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2. Estabelecimento de objetivos claros

Um erro muito comum dos projetos em equipe é que, mais do que mecanismos de aprendizagem integrativa e colaborativa por meio da criação de soluções inovadoras, trata-se de uma série estruturada de etapas com um objetivo preestabelecido que é mais como seguir uma receita do que criar uma nova.

Isso pode parecer confuso quando falamos em ter objetivos claros, e uma das melhores maneiras de explicar esse ponto é com um exemplo. Vamos imaginar que o problema em que estamos trabalhando seja “Os impactos negativos da tecnologia para a criatividade”. Qual seria um objetivo academicamente relevante e alcançável para o projeto?

  • Pesquisar e descrever os danos causados pelo avanço tecnológico? Não. Isso faz parte da investigação do primeiro estágio. Não é um objetivo em si.
  • Identificar os mecanismos pelos quais o avanço tecnológico pode causar danos ao desenvolvimento da criatividade? Não, ainda é um subobjetivo de pesquisa.
  • Criar métodos de desenvolver a criatividade por meio da tecnologia? Não, pois essa é apenas uma das muitas soluções possíveis, e propostas mais úteis podem surgir.
  • Criar uma solução inovadora para estimular a criatividade em sala de aula com o uso da tecnologia? Não, porque essa também pode ser uma solução efetiva.
  • A resposta correta para criar um objetivo para este projeto seria: que cada membro da equipe desenvolva as habilidades necessárias para, a partir de seu campo de conhecimento, contribuir ativamente em projetos que combatam o uso excessivo e errôneo da tecnologia que possa contribuir com possíveis danos ao desenvolvimento da criatividade.

O papel do professor na etapa de esclarecimento de metas é certificar-se de que tudo fique bem claro, bem como que esteja nas proximidades da zona de desenvolvimento dos alunos, para que não sejam tarefas impossíveis de serem cumpridas.

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3. Gerenciamento das hard skills com a soft skills

hard skills e soft-skills estudantes em laboratorio

Outra maneira de dizer isso seria: distribuir o trabalho de maneira justa, mas que ao mesmo tempo permita o aproveitamento dos pontos fortes e das especialidades de cada membro da equipe.

Essa é a dimensão mais desafiadora da aprendizagem colaborativa universitária, tanto para o professor quanto para os alunos, pois, por mais hard skills que os membros de uma equipe tenham, se eles não concordarem em distribuir a liderança, delegar, ceder, confiar e tolerar o erro, entre outras coisas, o projeto será prejudicado de novo e de novo. Ou o que normalmente acontece: poucos acabam fazendo o trabalho de todos.

No entanto, esse desafio é também uma grande oportunidade para os alunos perceberem que, quando se trata de objetivos ambiciosos, não basta ter muito conhecimento ou grandes competências em nossa área de estudo; é também essencial que saibamos como cooperar com os outros, e, às vezes, isso significa sacrificar a velocidade do próprio avanço individual pela importância do avanço do grupo.

Como professores, nossa tarefa é garantir uma comunicação adequada, agilizar a resolução de mal-entendidos, assegurar uma distribuição justa, porém racional e eficiente das atividades, e monitorar para que, ao longo de todo o processo, todos os envolvidos estejam fortalecendo as hard skills e as soft skills, não apenas alguns.

Na Pearson Higher Education estamos comprometidos com a educação universitária de que as novas gerações precisam para enfrentar, juntas, os desafios mais prementes da nova era. Sabemos que promover a aprendizagem colaborativa é fundamental para criar uma sociedade mais justa e que as habilidades interpessoais, por sua vez, são essenciais para a colaboração.

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