Descubra como as ferramentas digitais estão redefinindo a experiência universitária e como podemos nos preparar para um futuro educacional cada vez mais digital. 


  1. Sobre o uso de soluções e ferramentas digitais no processo de ensino-aprendizagem
  2. Principais desafios docente e adaptação aos novos modelos de ensino
  3. Sobre o engajamento dos alunos e colaboração online
  4. Atualização e capacitação docente em um ambiente digital e tecnológico

Sabemos que a tecnologia é uma força revolucionária que está redefinindo a forma como aprendemos e ensinamos. Nesse contexto, falamos com o renomado Paulo Chanan para entendermos melhor essa mudança de paradigma. 

Paulo Chanan é Diretor Nacional de Regulação e Procurador Institucional do Grupo SER Educacional. Cuida das relações de todas as instituições e cursos do Grupo com o Ministério da Educação. É autor do livro "A Evolução da Educação Superior no Brasil". 

Acompanhe a entrevista completa para conhecer a visão de Paulo sobre toda essa inovação tecnológica, desafios e experiências.

Sobre o uso de soluções e ferramentas digitais no processo de ensino-aprendizagem

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Paulo compartilhou conosco a sua experiência com o uso de soluções digitais e comentou que a inserção de soluções digitais nos processos de ensino-aprendizagem sempre foi um tema que o encantou. “Dinamizar processos e procedimentos, alcançar espaços onde não se conseguia com as soluções tradicionais, são meios inclusivos e dinâmicos que colaboram muito com o processo de aprendizado.”, diz Paulo.

“O cuidado precisa ser em não querer que a solução digital alcance a integralidade de atividades às quais ela ainda não consegue, por inexistência de tecnologia para tal. Ressalvado isso, entendo ser determinante o emprego de soluções digitais nos processos de ensino-aprendizagem, quer sejam presenciais, quer sejam a distância.”

1. Quais estratégias digitais ou ferramentas inovadoras você utiliza com os estudantes universitários?

No dia a dia, utilizo as ferramentas do LMS da minha instituição, fórum, chat, mural de discussões, FAQ, games, avaliações etc.  

Destaco como ferramentas inovadoras aquelas desenvolvidas para interação com o conteúdo digital, as de ensaios de sala de aula invertida, além de bibliotecas digitais e conteúdos em realidade aumentada, que se modernizam a cada dia, gerando experiência cada vez mais prazerosa aos alunos.  

Nas palestras, também lanço mão de plataformas online para criação e compartilhamento de apresentações com interatividade. Há sempre espaço, também, para utilização de navegadores web e redes sociais direcionados a conteúdos específicos, nos momentos presenciais, para darem suporte aos conteúdos programáticos da disciplina. 

Resumindo, há um mundo de possibilidades hoje, quando se fala de ferramentas digitais. O importante, a meu ver, é a utilização da ferramenta certa para o momento, para não cansar o aluno e conseguir o objetivo formativo esperado, pois o que interessa, em última análise, é colocar a tecnologia a serviço do processo de ensino-aprendizagem previsto pelo Projeto Pedagógico do curso, nunca o inverso. 

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2.Quais métricas ou indicadores você utiliza para medir os resultados das ferramentas digitais?

Os melhores LMS trazem, em seu bojo, KPIs para medição de desempenho das ferramentas digitais e do próprio desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.  

São gráficos, relatórios e planilhas que, através da análise de participação e desempenho de cada aluno em seu percurso formativo, são capazes de darem aos coordenadores e professores dos cursos um feedback sobre os materiais e ferramentas digitais utilizadas.  

Mais do que isso, muitas vezes apontam a necessidade da troca de uma ferramenta ou conteúdo digital A, para uma ferramenta ou conteúdo digital B. Respondendo diretamente, a métrica principal é o resultado conseguido com o aluno, já que o que importa é a formação do aluno, sendo as ferramentas e conteúdos digitais peças colaborativas ou indutivas desse processo.

3.Qual é a sua visão sobre o equilíbrio entre o ensino presencial e o ensino a distância, especialmente considerando as ferramentas digitais? Como você acha que essa relação pode evoluir no futuro?

Sou um crítico ferrenho dessa divisão atual. Para mim existe ENSINO, apenas. 

Como evolução para o futuro, entendo que a utilização da presencialidade ou das ferramentas a distância deveria ser balizada apenas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação e modelada pelos projetos pedagógicos, respeitando-se, por óbvio, o uso de ferramentas digitais que possam dar conta integral daquele conteúdo a ela direcionado, para que a qualidade formativa esteja a frente de tudo. 

Esse negócio de se definir percentual de uma modalidade ou de outra, por portaria do MEC, tem só acirrado, ainda mais, esse embate atual entre PRESENCIAL x EAD e levado a consequente queda na qualidade formativa dos cursos, provocando, ainda, uma guerra mercadológica de preços que vem destruindo o mercado educacional brasileiro.  

Em suma, ambas modalidades, que, aliás, são constitucionais pelas suas importâncias, devem ser usadas, em toda sua potencialidade, a serviço de uma formação acadêmica cada vez mais preocupada com a qualidade do egresso. É o resultado no egresso que vai produzir uma mudança social para o futuro, com profissionais mais preparados e responsáveis. Isso também é o que pode mudar os resultados e indicadores internacionais relacionados a educação brasileira. 

Ficar discutindo percentuais de EAD e Presencial possíveis, no curso A ou no curso B, não ajudará em nada nas melhorias educacionais que tanto o País precisa.

Principais desafios docente e adaptação aos novos modelos de ensino

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4.Quais desafios têm enfrentado enquanto docente na integração da tecnologia no ensino superior?

Atualmente, o meu desafio docente e das instituições como um todo, é achar um caminho para incluir pessoas de idade cada vez mais avançadas, como ingressantes da educação superior, em atividades com uso de tecnologia.  

O perfil dos ingressantes e matriculados brasileiros vem mudando muito nos últimos anos. A sociedade, de uma maneira geral, está cada vez mais envelhecida. Há um binômio a ser enfrentado para incluir os de mais idade nesse processo tecnológico de ensino-aprendizagem, que é "necessidade maior de interação pessoal" e "menos aptidão com novas tecnologias".  

Vencido isso, acredito que teremos estudantes mais motivados, com chances muito maiores de desenvolvimento de suas capacidades pessoais. As instituições mais sérias, tem se preocupado, de fato, com isso.  

Aqui no SER Educacional, por exemplo, institui-se a figura do Tutor-Guardião, que, em tese, não tem compromisso com conteúdo acadêmico específico, mas sim, com a inclusão e acompanhamento do aluno em seu processo formativo, procurando ser o facilitador de toda a jornada.  

Esse profissional, diferentemente do tutor tradicional, tem trabalho ativo na busca de contato permanente com os alunos que estão, a ele, vinculados, diferentemente do tutor tradicional de conteúdo, que trabalha, quase na totalidade de seu tempo, passivamente em seu dia a dia, movimentado pela necessidade exposta pelos alunos ou pelos professores conteudistas. Experiências relevantes como essa podem mudar positivamente a percepção do uso da tecnologia no ensino superior. 

Leia também: 👉 Estudantes não tradicionais são a maioria da população estudantil 

“A tecnologia desempenha um papel muito relevante na educação, mas sempre de suporte ao previsto pelos projetos pedagógicos de cursos e aos atores a eles vinculados. A melhor tecnologia é aquela empregada em um bom projeto, com excelente corpo docente/tutoria e discentes motivados.”

5.Como tem sido o seu processo de adaptação e dos seus alunos frente às novas tecnologias?

Tem sido desafiador para mim, pelo aumento de novas tecnologias, quase que diariamente e a necessidade de empregá-las no processo de ensino-aprendizagem. De outro lado, a tentativa de vencer, junto com os alunos, a necessidade deles de maior interação pessoal e o desafio, da maioria deles, de menor aptidão com novas tecnologias.

6.Como você vê o papel do professor frente os mais atuais desafios da sociedade e do mercado de trabalho?

O professor é, a meu ver, a principal chave que destrava e dá fluxo a toda essa maravilhosa engrenagem de formar e preparar pessoas para ambientes profissionais e para a vida, em última análise.

“Nenhuma tecnologia, entendo, será capaz de suplantar sozinha, sem os professores, todos os desafios que a formação superior exige. O professor é base e, ao mesmo tempo, complemento. É a figura que está no engatinhar formativo e também está na orientação de pesquisas de ponta. Ocupa lugar em todas as etapas, inclusive quando treina inteligências artificiais para atuarem.”

Eu sei que a expansão do ensino a distância trouxe muitos desafios aos professores no mercado de trabalho, mas acredito que estamos naquele momento social de transição e compreensão do novo cenário. 

Os professores estão se adaptando, reinventando-se em seus papéis, saindo de guardiões de conteúdos, para indutores de processos e, com certeza, nunca deixarão de ser protagonistas do processo ensino-aprendizagem.

7. Você acha que a ética deve ter um papel importante no uso da Inteligência Artificial? Por quê?

Quando se fala em ética, importante relembrar que ética tem como sustentáculo, somente no Direito, a moral e os costumes de uma determinada época. O papel da ética é refletir e não modificar, a moral reinante, para que se possibilite uma convivência social harmônica e pacífica.  

Acontece que a sociedade está em constante mudança, quer seja de conceito relacionados aos costumes, quer seja de conceitos relacionados à moral. A ética, por conseguinte, vai refletindo coisas diferentes ao longo do tempo.  

Nesse contexto, a Inteligência Artificial, a meu ver, precisa respeitar conceitos éticos, até para ser aceita no dia a dia social. É estando a serviço das modificações, tanto de costumes, quanto morais, que a IA estará alinhada com conceitos éticos reinantes e não trará perplexidade social. Entendo que se faz necessário que ela seja sempre encantadora e nunca assustadora. O alinhamento ético ajudará muito nesse sentido.

Sobre o engajamento dos alunos e colaboração online

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8.Como você vê a colaboração entre professores e alunos no ambiente digital? Quais ferramentas e estratégias você usa para promover essa colaboração?

A aprendizagem colaborativa acredito seja um dos grandes desafios atuais. A contribuição de alunos, tutores, professores, coordenadores, em interações síncronas e assíncronas, no LMS, podem produzir melhorias inestimáveis nas trilhas de aprendizagem propostas.  

Todas as ferramentas de relacionamento como chat, blog, e-mail, comunidades etc, são as que utilizou e as mais utilizadas para tal fim. O desafio não está na ferramenta utilizada e sim na possibilidade de criação de caminhos formativos diferentes, para o mesmo objetivo projetado, dos propostos inicialmente. Isso, a meu ver, é que precisa avançar.

“A construção coletiva gera aumento na autoestima e promove automotivação, o que pode mudar, para melhor a experiência de todos no ambiente virtual.”

É possível até se pensar na mudança de perfil do egresso e caminho formativo projetado, a partir de análises feitas pelos Núcleos Docentes Estruturantes dos cursos das colaborações trazidas. Enfim, um mundo de oportunidades. 

Leia também: 👉 O que motiva os estudantes? O papel das credenciais digitais na IES

9.Como você equilibra o uso de tecnologias digitais para fomentar a interação e a colaboração entre os estudantes, ao mesmo tempo em que mantém a qualidade do ensino e a atenção às metas de aprendizagem?

Mantendo o foco no que está no projeto pedagógico e no conteúdo específico da disciplina a meu cargo, incentivando o uso das ferramentas do LMS e cuidando dos indicadores, tanto de participação nas atividades, quanto de desempenho dos alunos. 

Professor, a meu ver, deve usar todos os recursos necessários, altamente tecnológicos ou não, para promover a aprendizagem.

“Quando se fala que uma disciplina EAD tem professor, tutor, conteúdo programático, bibliografia básica e complementar, AVA e ferramentas do AVA, Inteligência Artificial, Plataformas de Apoio para formação complementar etc, tudo o que posso pensar é que temos o ambiente perfeito para que o discente consiga seu aprendizado.”

É um universo de possibilidades que muitos de nós não tivemos em nossa formação e que podem ser um diferencial formativo para os estudantes atuais, basta que nós, professores, trabalhemos na indução e facilitação de tudo isso, pensando em formar os melhores profissionais possíveis.

Atualização e capacitação docente em um ambiente digital e tecnológico

 

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10.Como você se mantém atualizado sobre as últimas tendências em tecnologia educacional? Quais recursos ou plataformas você recomendaria para outros professores?

Acompanho alguns sites especializados em transformações digitais para instituições de educação superior, como:  

  1. https://www.holoniq.com/  
  2. https://www.mckinsey.com/  
  3. https://aws.amazon.com/pt/  

Além disso, participo sempre dos maiores eventos brasileiros para educação superior, como o CBESP, o FNESP e CIAED. 

Paulo Chanan comentou ainda que, além das habilidades técnicas, existem algumas competências pedagógicas essenciais para os professores que desejam utilizar eficazmente soluções digitais no ensino superior, tais como: didática, criatividade, comprometimento e empatia e o relacionamento. 

Compartilhou conosco um conselho final para os professores que estão preocupados com a sua substituição pela tecnologia e inteligência Artificial:

“Os professores precisam se adaptar ao novo cenário, reinventando-se em seus papéis, assumindo o local principal que lhes cabe de indução dos processos formativos, utilizando todo arsenal de ferramentas que lhes forem colocadas à disposição, de alta tecnologia ou não, mantendo-se protagonistas principais do processo ensino-aprendizagem.”

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Paulo Chanan

Paulo Chanan é Diretor Nacional de Regulação e Procurador Institucional do Grupo SER Educacional. Cuida das relações de todas as instituições e cursos do Grupo com o Ministério da Educação. É autor do livro "A Evolução da Educação Superior no Brasil", disponível na Biblioteca Virtual Pearson.

 

 

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