Descubra como os livros digitais são estratégias fundamentais para o processo de ensino-aprendizagem e para a transformação digital da IES!
- Livros digitais e Transformação Digital
- Curadoria, ciência da informação e análise de dados
- Tecnologias emergentes e inovação
Nos últimos anos, pudemos analisar o avanço da tecnologia nas instituições de ensino superior e a inovação nos processos de ensino-aprendizagem se tornou fundamental para a manutenção da competitividade da IES.
Nesse contexto, os livros digitais oferecem mais acessibilidade, interatividade e dinamismo, principalmente para o EAD, promovendo o aprendizado ativo dos estudantes.
Falamos com Heytor Teixeira para investigar à fundo o papel dos livros digitais na transformação da educação atual, o papel da ciência da informação, impacto das tecnologias emergentes e inovação educacional.
Heytor é formado em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e possui mestrado em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Acompanhe a entrevista completa!
Livros digitais e Transformação Digital
1 – Como você vê o papel dos livros digitais na transformação da educação atual?
Acredito que os livros digitais são uma ferramenta alternativa muito interessante para o processo de ensino-aprendizagem, principalmente, ao considerar que, através deles, há a possibilidade de auxiliar os alunos a estarem mais engajados e interessados na interação com o conteúdo entregue em sala de aula.
Acredito que com o acesso aos materiais por meio de dispositivos eletrônicos, que são interativos, sem a limitação do tempo de espera pela obra e com a possibilidade dos alunos poderem ajustar o tamanho do conteúdo, a luminosidade do dispositivo, ou terem a opção de poder selecionar uma palavra e descobrir o seu significado pelo dicionário de maneira rápida, sem a necessidade de consultar outro material para isso, dentre outras vantagens, são pontos positivos que acredito ter um potencial de somar e auxiliar os profissionais da educação na construção de um cidadão que está no controle do seu processo de pesquisa e consciente sobre as fontes de informação que está acessando.
Portanto, eu vejo o livro digital como uma ferramenta complementar com papel importante para a transformação da educação atual, pois possibilita uma educação mais personalizada.
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2 – Na sua opinião, de que forma a leitura digital pode ajudar a promover o aprendizado ativo dos estudantes?
Tendo em vista que o aprendizado ativo envolve o contato com diferentes tipos e formas de conteúdo para o entendimento de um determinado conteúdo, acredito que a leitura digital pode tornar esse processo mais dinâmico e interessante para o aluno. A leitura digital possibilita ao aluno acessar mais de um material ao mesmo tempo, o que acredito ser um facilitador no processo de aprendizado ativo dos estudantes.
Os livros digitais apresentam vantagens como: maior acessibilidade, pois permitem que os alunos ajustem o conteúdo do livro em uma configuração mais adequada ou que programas leiam em voz alta o conteúdo; a facilidade de carregá-los para qualquer lugar e a possibilidade de acessá-los de diferentes tipos de dispositivos.
“Apesar das vantagens de se utilizar os livros digitais, acredito que o maior desafio do uso de livros digitais no processo de ensino-aprendizagem seja a maior possibilidade de distração dos estudantes ao utilizar materiais em dispositivos tecnológicos.”
Curadoria, ciência da informação e análise de dados
3 – Quais são as práticas recomendadas para a curadoria e organização de conteúdo em bibliotecas digitais?
A curadoria de materiais para bibliotecas digitais no que se refere ao conteúdo é similar à prática utilizada em outros tipos de bibliotecas. Em resumo, as necessidades do público-alvo devem ser um norte para o desenvolvimento de coleções, ou seja, a curadoria em bibliotecas digitais segue essa mesma lógica.
Agora, com relação às bibliotecas digitais e a organização de seus conteúdos, questões como tecnologia, softwares, licenças das obras, ciclo de vida dos objetos digitais, preservação digital são fundamentais para que a biblioteca digital seja, de fato, uma biblioteca e atenda às necessidades de seus usuários, caso contrário, será somente um depósito digital de livros.
Não somente isso, questões como interoperabilidade, revisão de metadados e tratamento descritivo e temático no contexto digital e referência/atendimento aos usuários são essenciais para a recuperação da informação e satisfação dos usuários da biblioteca digital.
4 – Quais estratégias os bibliotecários podem utilizar para garantir o acesso eficiente e oportuno aos E-books?
Ao pensar em acesso de e-books muitos pontos podem ser investigados. Dentre eles, destaco que é essencial debater a respeito do seu tratamento informacional.
O trabalho de catalogação e indexação, ou seja, a representação descritiva e temática, respectivamente, dos objetos digitais garante o acesso, pois é através desse trabalho que é possível que os alunos possam recuperá-los.
Anteriormente, é necessário conhecer o público-alvo, entender o objetivo do tratamento informacional para que a representação das obras possibilite autonomia aos usuários no processo de pesquisa e recuperação.
Além disso, questões como usabilidade e experiência do usuário devem ser consideradas para a construção de estratégias que possam somar aos pontos levantados anteriormente e que, em conjunto, possam garantir o acesso eficiente aos e-books.
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5 – Qual é o papel da Ciência da Informação na Transformação Digital das Bibliotecas Universitárias?
Quando penso na relação das bibliotecas com a sociedade, sempre me lembro da seguinte citação: As bibliotecas são “[...] núcleos sociais que tanto influenciam o meio em que estão inseridas quanto recebem influência do meio influenciado” (FADEL et al., 2010, p. 14).
Dentro dessa relação, a Ciência da Informação, por ter um perfil multidisciplinar possui o papel de investigar fatores e aspectos importantes para o acesso à informação e ao conhecimento, e, portanto, através destes estudos, as bibliotecas podem estruturar o seu processo de transformação com base em dados confiáveis a respeito de pontos que, se ainda não estão influenciando em mudanças nos serviços e produtos das bibliotecas, em breve, estarão e, por essa razão, é importante os profissionais bibliotecários estarem atentos às investigações da Ciência da Informação.
Acho importante ressaltar as principais tendências tecnológicas existentes no campo da Ciência da Informação que são: os estudos de User Experience (UX), Inteligência Artificial e Web semântica no contexto das bibliotecas, são apenas alguns exemplos.
Tecnologias emergentes e inovação
6 – Quais são os principais desafios que as bibliotecas de ensino superior enfrentam ao adotar novas tecnologias?
Ao pensar no mundo digital e na mudança dos usuários com relação à informação, acredito que os principais desafios que as bibliotecas enfrentam estão relacionados com a possibilidade de falta de investimentos para a atualização adequada do setor e a falta de conhecimento das instituições de ensino superior do papel da biblioteca dentro do processo de ensino-aprendizagem e como o investimento no setor pode influenciar positivamente na imagem da instituição, devido ao impacto que a biblioteca pode possuir na vida acadêmica e profissional dos usuários, o que, consequentemente, reflete também na instituição.
7 – De que forma as bibliotecas acadêmicas estão promovendo a literacia digital entre os usuários para promover o uso dos livros digitais?
Dentre as possibilidades de se promover a literacia digital, ou seja, de auxiliar os usuários em suas habilidades para lidar com as ferramentas tecnológicas de maneira eficaz é através de diferentes tipos de cursos, mas também ocorre através da mediação da informação, processo que, segundo Santos Neto e Almeida Júnior (2017), é uma ação de interferência que visa a apropriação da informação e o atendimento a uma demanda.
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8 – Que conselho você daria aos bibliotecários, com relação à gestão de bibliotecas digitais, promoção da leitura e ao uso das tecnologias emergentes?
Ser curioso! Ter curiosidade sobre áreas que trabalham diretamente com tecnologias é fundamental.
Acredito que estudar sobre arquitetura da informação, gestão de objetos digitais, preservação digital, tratamento informacional no contexto digital, entender sobre experiência do usuário e, se possível, ler materiais internacionais, principalmente, em inglês, que é onde temos muitas opções de literatura da área da Biblioteconomia e Ciência da Informação é muito importante.
Mas, acima de tudo, sempre buscar entender o seu público-alvo nesse contexto complexo para gerar serviços de valor, com real impacto na vida das pessoas, caso contrário, a sua biblioteca pode não atingir o seu principal objetivo.
As autoras Mey e Silveira (2009) explicam que as bibliotecas são lugares que propiciam alternativa, possibilidade e oportunidade às pessoas, as bibliotecas existem por causa das pessoas que a frequentam. Por essa razão, é importante entendê-las e ter um contato próximo com elas sempre, independentemente do tipo de biblioteca.
Heytor Teixeira
Heytor é formado em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e possui mestrado em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP).
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