Kassandra Carvalho é pedagoga; mestre em educação; especialista em novas tecnologias aplicadas à educação e em gestão da EaD, e nos concedeu uma entrevista sobre a docência no ensino superior.


  1. Desafios no ensino superior e motivações
  2. Impactos da tecnologia na educação superior
  3. Múltiplas oportunidades na docência universitária

A educação brasileira passou por inúmeras transformações nas últimas décadas que impactaram a sociedade em diferentes aspectos. Com relação ao ensino superior, os docentes enfrentaram grandes mudanças na forma de lecionar, de planejar as aulas e de se comunicar com os estudantes. 

Tudo isso exigiu dos docentes muito esforço para manter o ensino de qualidade e significativo na vida dos estudantes. Falamos com Kassandra Carvalho, que atuou na docência por 24 anos e que desde 2000 está envolvida em programas de formação a distância.

Kassandra compartilhou conosco seus principais desafios enquanto docente no ensino superior e como a tecnologia tem um papel fundamental na nova era da educação. Acompanhe a entrevista completa!

Desafios no ensino superior e motivações

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1 - Enquanto docente de ensino superior, quais eram os seus desafios na área?

Meu maior desafio era ter que lidar com um sistema de avaliação burocratizado. Na maioria das instituições de ensino superior (IES) a avaliação somativa no modelo “prova presencial” tinha supremacia em relação às ações formativas e os projetos.

Outro desafio era lidar com as deficiências de aprendizado dos estudantes que estavam fora dos estudos há algum tempo. Era imprescindível ajudá-los a nivelar seus conhecimentos, principalmente sobre lógica e interpretação de texto.

Também era comum o desafio relacionado às metodologias, principalmente as que tirassem o estudante da zona de conforto. Percebi que o papel passivo era o mindset predominante. Quando planejava minhas aulas com metodologias ativas e colaborativas, alguns eram reativos.

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2 - Quais eram suas maiores motivações?

Minha maior motivação era a possibilidade de aprender sempre algo novo e poder partilhar. Também era muito motivador observar o engajamento dos alunos nas aulas e o reconhecimento da instituição.

3 - Quais eram suas preocupações em relação ao sucesso dos estudantes?

Meu maior desejo era que eles fossem mais autônomos para aprender; mais “perguntadores” e menos “respondedores”, o que de certa forma implica em desenvolver maior reflexão e percepção sistêmica sobre os problemas.

Não tenho dúvidas de que o sucesso dos estudantes depende do desenvolvimento das habilidades que os ajude a interpretar os fenômenos da vida diária, dos negócios, do mundo. Por isso, é fundamental que eles dominem os instrumentos simbólicos da comunicação e se expressem com liberdade e responsabilidade ao dizer o que pensam, defendendo suas ideias.

Interpretação levamos para a vida, principalmente quando falamos em comunicação.

4 - Quais eram as suas frustrações em relação à instituição?

Minha maior frustração era o regime de contratação da maioria das IES. Poderíamos ter um regime de trabalho mais engajado e seguro. Na minha opinião, o sistema de hora aula fragmenta demais a ação do docente, dificultando a dedicação para com a instituição e a qualidade do trabalho com a comunidade.

Impactos da tecnologia na educação superior

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5 - Como você enxergava a importância e os impactos da tecnologia no ensino superior?

Em minha formação aprendi muito sobre técnica e tecnologia, sobre método e metodologia. Isso fez diferença na forma como eu planejava as aulas.

Eu procurava inovar metodologicamente em minhas aulas e usava tecnologias digitais.

Às vezes, vemos a tecnologia como modismo ou inovação. Uma inovação é o que você faz com aquilo e não aquilo propriamente dito. Um professor pode usar recurso de RA ou RV em sala de aula e reproduzir modelos metodológicos não inovadores.

É preciso olhar para o comportamento das pessoas e o que fortalece o engajamento e o gosto pelo aprender. Um bom desafio é criar trilhas de aprendizagem com recursos de gamificação. Não é preciso grandes investimentos tecnológicos para montarmos situações de aprendizagem dessa natureza.

Além disso, se a gestão acadêmica das instituições não tem um olhar para a mudança, dificilmente os professores vão representar essa mudança. É preciso que haja uma sintonia entre a gestão, o corpo docente e discente para fazer tudo acontecer.

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Múltiplas oportunidades na docência universitária

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Até aqui vimos os principais desafios que a educação superior trouxe aos docentes nessa jornada revolucionária. Precisamos olhar também quais são as possibilidades e oportunidades da nova era do ensino superior, um ensino muito mais tecnológico, colaborativo, personalizado, equitativo, inclusivo e acessível a todos.

Podemos aprender com as mudanças e trazer muito mais inovação no processo de ensino-aprendizagem, o que promoverá mais engajamento e participação dos estudantes. Devemos romper a barreira do ensino conservador e provocar aos estudantes o pensamento criativo, explorador, questionador, ético e responsável.

Nesta entrevista com Kassandra Carvalho, vimos como é importante desenvolver uma cultura de inovação na instituição de ensino e compartilhar com os docentes o real propósito disso na vida dos estudantes e no desenvolvimento da sociedade. 

Com isso em mente, deixamos aqui uma reflexão: 

O que a sua instituição de ensino pode fazer para oferecer um processo de aprendizagem inovador, tecnológico e que promoverá o protagonismo dos estudantes no mundo?

kassandra-colunista

Kassandra Carvalho

Pedagoga; mestre em educação; especialista em novas tecnologias aplicadas à educação e em gestão da EaD. Trabalha com educação há 27 anos. Atuou como docente, coordenadora pedagógica e tutoria em cursos de graduação e pós-graduação a distância. Seu foco é a formação continuada de professores para uso das mídias e informática aplicada à educação. Atualmente é consultora e coordenadora pedagógica na Pearson Higher Education LATAM.

 

 

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