É importante valorizar e reconhecer o papel dos bibliotecários como agentes ativos na promoção da alfabetização digital e gestão da informação nas IES. Confira a entrevista completa! 


  1. Qual é o seu papel como bibliotecária no fomento da alfabetização digital?
  2. Como os bibliotecários podem colaborar com professores e pesquisadores
  3. Principais barreiras para a gestão eficaz da informação na era digital
  4. Melhores práticas para a gestão informacional nas bibliotecas universitárias
  5. Ética e a integridade na gestão da informação
  6. Principais desafios na digitalização do acervo da biblioteca
  7. Como desenvolver habilidades de pesquisa digital nos alunos
  8. Tecnologia para melhorar a experiência do usuário na biblioteca
  9. Ambiente de aprendizado interativo e engajador com o objetivo do fomento à leitura
  10. Biblioteca Virtual ajuda a preservar o acervo bibliográfico da IES

Com o crescente avanço da tecnologia e fácil acesso à informação, a alfabetização digital e gestão informacional se tornaram temas de grande relevância no ambiente acadêmico. 

Nesse cenário, os bibliotecários têm forte atuação, pois possuem habilidades e conhecimentos para auxiliar os usuários na pesquisa e utilização de informações. Além disso, são essenciais para garantir que os usuários tenham informações confiáveis e atualizadas para o que necessitam. 

Falamos com Ana Luiza Chaves, que possui mais de 40 anos de experiência na área de biblioteconomia. É gestora de bibliotecas na Faculdade CDL; especialista em Pesquisa Científica, em Marketing Estratégico e em Gestão de Arquivos Empresariais. 

Ana Luiza compartilhou conosco toda a sua expertise e ponto de vista sobre os principais desafios e oportunidades da educação digital. Acompanhe a entrevista completa!  

1. Qual é o seu papel como bibliotecária no fomento da alfabetização digital?

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Em geral, o papel do bibliotecário será sempre o de democratizar a informação, ou seja, disponibilizar e tornar acessível a informação para quem dela necessita. Em se tratando do cenário digital, essa tarefa pode ser um tanto mais árdua, pois envolve algumas habilidades que fazem parte do processo de alfabetização digital, além do que há pessoas que têm limitações ao uso da tecnologia. 

Para acessar as informações de toda sorte do mundo digital são necessárias certas habilidades, que vão desde saber fazer a busca propriamente dita, passando, obviamente pelo saber navegar, para depois saber reunir os conteúdos achados e, por fim, saber avaliá-los identificando o que realmente é consistente, tem fundamentação e é válido. Depois de passar por tudo isso, com certeza essa pessoa pode até criar conteúdos relevantes e os bibliotecários trabalham para que os usuários cheguem a este fim. 

Particularmente, na IES em que atuo como bibliotecária, o fomento à alfabetização digital se dá com a assistência na sala de pesquisa para que o aluno encontre os conteúdos de interesse na web em geral, orientando quanto ao uso das estratégias de busca utilizando os operadores booleanos, tais como: AND (união), OR (união) e NOT (exclusão) e os demais recursos de sintaxe, como aspas duplas (para encontrar frase exata), sinal de menos (para excluir palavras), asterisco (para trechos desconhecidos), filetype (para determinado tipo de arquivo) e related (para encontrar sites semelhantes).

Já em se tratando de plataformas digitais específicas, como a Biblioteca Virtual Pearson Higher Education, o fomento ocorre de forma mais pontual, porque a arquitetura da plataforma foi toda planejada e, por isso, as facilidades são muitas. O acervo já está todo indexado e pode ser recuperado por várias formas, e dentro do item buscado, também há a possibilidade de navegar no texto, buscando um trecho ou palavra específica.

O meu papel é sempre orientar com cuidado e atenção, primeiramente, mostrando o caminho das pedras, depois, verificando se o usuário superou as dificuldades e se está apto a seguir com autonomia nesse mister.

As tecnologias da informação e comunicação vão surgindo e se aperfeiçoando a cada dia para possibilitar melhores condições de recepção, uso e geração de novas informações.  

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2. Como os bibliotecários podem colaborar com professores e pesquisadores para garantir o acesso a informações precisas e atualizadas?

Sabemos que a internet é um universo de informações de toda natureza, é um ambiente livre em que todos podem postar qualquer tipo de conteúdo. Além das informações sem fundamentação teórica, há, atualmente, muita informação falsa, aquelas denominadas de fake news. Cabe a quem busca a informação saber fazer um crivo para utilizar apenas as informações confiáveis.  

Professores e pesquisadores necessitam principalmente de fundamentação teórica para seus estudos e nós bibliotecários estamos sempre atentos à escolha de fontes seguras e confiáveis. Para tanto, verificamos de onde provém a informação, sua origem, a qual instituição ela está vinculada, bem como as credenciais de quem a escreve.  

Dessa forma, seja no ambiente físico e, principalmente, no ambiente virtual, onde as facilidades de publicar são maiores, é possível colaborar com os professores e pesquisadores para garantir o acesso a informações precisas e atualizadas. Editoras, universidades, instituições públicas, empresas privadas, autores e escritores, especialistas, são potenciais fornecedores de informação de boa qualidade.

3. Quais são as principais barreiras para a gestão eficaz da informação na era digital e como os bibliotecários podem superá-las?

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A informação é hoje o principal fator de produção. Penso que as principais barreiras que encontramos no nosso dia a dia para fazer a gestão eficaz da informação são: o volume de informação, o formato de armazenamento, o sistema de acesso, a operabilidade, a transcodificação. Explicando cada um deles temos:

  • Volume de informação: o volume não é sinônimo de qualidade, por isso pode ser uma barreira para se ter informação de qualidade. Temos que ter mecanismos e discernimento para separar o joio do trigo e oferecer informação de qualidade. Buscar a informação em fontes confiáveis é fundamental para superar essa dificuldade. 
  • Formato de armazenamento: como o volume é muito grande, além da seleção, há a preocupação pelo armazenamento, que antes foi em mídia externa / interna, em servidor interno, e hoje se armazena tudo na nuvem. Neste caso, além da preocupação com esses servidores externos espalhados pelo mundo, quando fazemos o upload dos arquivos para o nosso dispositivo, dependemos essencialmente da internet.  
  • Sistema de acesso: uma vez bem armazenada a informação, nos deparamos com a necessidade de um sistema que facilite o acesso, que permita encontrarmos o que desejamos. São muitas as ofertas de mercado, com preços bem variados, que requerem muita análise na hora da aquisição, para adquirirmos aquele que mais se adequa a nossa necessidade e público-alvo.
  • Operabilidade: que é a capacidade de um sistema trabalhar integradamente com outros sistemas ou aplicações para cumprir determinadas tarefas, é uma barreira constante, porque há sempre novas soluções que vão sendo adquiridas para atender às necessidades e estas devem conversar bem com o que já existe.  
  • Transcodificação: que é a conversão direta de digital para digital, deve ser uma preocupação constante, já que a tecnologia muda a passos largos. Assistimos à evolução das mídias de armazenamento, que foram se superando em espaço, precisão, segurança e qualidade. Acompanhar o time da mudança é fundamental para não perder a informação. 

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4. Na sua opinião, quais são as melhores práticas para a gestão informacional nas bibliotecas universitárias?

Analisando a gestão informacional como um processo, temos, primeiramente, que conhecer seu público-alvo. Em seguida, identificar as necessidades informacionais desse público, para depois adquirir o acervo conforme essas necessidades. Posteriormente, conhecer bem o acervo adquirido é fundamental para possibilitar as entregas assertivas. Entregas estas que para serem efetuadas em tempo hábil, poupando o tempo dos envolvidos (bibliotecário e usuário) devem contar com um excelente recurso de TIC, para reunir a informação de forma indexada e possibilitar a sua recuperação de forma segura e confiável

Na minha opinião, conhecendo o seu público-alvo e a instituição de ensino a que ele está inserido, podemos seguir em frente quando temos ofertas de produtos no mercado bem pensados e planejados, que podem atender às demandas informacionais desse público.  

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5. Como os bibliotecários podem ajudar a promover a ética e a integridade na gestão da informação?

São várias as vertentes que podem contribuir para a promoção da ética e da integridade na gestão da informação. Podemos citar algumas delas:

  • Fazendo a análise prévia da informação, para reter o que não é confiável ou duvidoso e divulgar e promover aquilo que é bom e aceitável, a boa informação, aquele que vai levar valor agregado ao consumidor;
  • Enfatizando a questão do respeito aos direitos autorais, orientando os usuários para que referenciem suas citações conforme preconizam as normas técnicas de documentação. Não é ético se apropriar de ideias alheias, aliás é crime previsto em lei. Também entram nessa questão a limitação das reproduções autorizadas e a reprovação das não autorizadas;
  • Não atribuindo viés pessoal às informações e resultados de pesquisas;
  • Promovendo a imparcialidade, ou seja, atendendo a todos de forma igualitária, sem qualquer discriminação, sem privilegiar A ou B;
  • Atentando para a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), hoje está sendo cobrado o respeito à lei sob pena de multas. Temos que ser éticos ao lidar com as informações dos usuários e o ambiente em que os bibliotecários atuam é por demais recheado de dados e informações sensíveis;
  • Cumprindo em geral as normas internas da instituição a qual estamos vinculados.

6. Quais são os principais desafios que os bibliotecários enfrentam ao digitalizar o acervo da biblioteca e como eles podem ser superados?

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Os principais desafios estão diretamente ligados aos direitos autorais, todo o processo só segue adiante se tivermos a permissão. A digitalização facilita o acesso, mas temos que ter regras e limites para não ferir tais direitos. Se há uma autorização prévia do autor, vamos em frente, do contrário, não devemos continuar.  

Temos que pensar que uma obra não nasce em um piscar de olhos, há muita pesquisa, dedicação, criação intelectual, horas a fio pensando e escrevendo para obter originalidade. Tudo isso não pode ser passando de mão em mão sem que o autor receba pelo seu trabalho. As editoras que promovem essas facilidades, a exemplo da Pearson, operam na total legalidade nesse sentido. 

Uma vez vencida a questão dos direitos autorais com as devidas licenças concedidas, nos deparamos com o equipamento para digitalizar. Esse equipamento deve cumprir os requisitos de resolução para se obter uma boa qualidade de imagem e deve operar de forma rápida para agilizar o resultado. E por fim, mas não menos importante, pessoal treinado para lidar com tais obras e operar o equipamento.

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7. Como os bibliotecários podem ajudar os alunos a desenvolver habilidades de pesquisa eficazes na era digital?

É de bom tom que bibliotecários promovam ações internas junto ao corpo discente, que inclusive podem ser combinadas com o corpo docente como uma extensão da sala de aula, afinal, há sempre o que se pesquisar. Os professores estão atuando muito com metodologias ativas, levando os alunos a se antecederem aos conteúdos que estão por vir e o recurso da pesquisa é fundamental para encontrar os assuntos. Mini cursos, sessões de aprendizado e o próprio serviço de referência, comum às bibliotecas, contendo estratégias de busca tais como as comentadas anteriormente, (operadores booleanos e sintaxes) e a indicação de sites confiáveis, podem contribuir para o bom resultado.  

Portanto, cabe ao bibliotecário apresentar primeiro os recursos, para depois fazer com que os alunos os coloquem em prática, resultando na sua autonomia, e com isso, sedimentando as habilidades.

8. Como os bibliotecários podem usar a tecnologia para melhorar a experiência do usuário na biblioteca?

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A tecnologia abre muitos caminhos, democratiza e facilita o acesso do usuário à informação. Tivemos um forte exemplo no período da pandemia, quando as instituições educacionais tiveram que se adaptar à realidade de isolamento social. Ganhamos muito com isso, todos os envolvidos na dinâmica ensino-aprendizagem superaram grandes desafios, coordenadores de curso, professores, alunos, bibliotecários, pessoal da administração e atendimento. Com isso avançamos tecnologicamente. Aulas, encontros, debates, estudos em grupo, reuniões institucionais, tudo funcionando online.  

Os bibliotecários podem usufruir, a exemplo do portfólio educacional da Pearson Higher Education, que além da Biblioteca Virtual oferece plataformas variadas de aprendizado. 

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9. De que forma a biblioteca da universidade pode ajudar a criar um ambiente de aprendizado mais interativo e engajador com o objetivo do fomento à leitura?

A Biblioteca tem que ser uma extensão da sala de aula. O bibliotecário tem que ser um parceiro do professor, afinal ele também é um educador, portanto, criar parceria pedagógica constante com os professores. Essa parceria vai desde a visita programada à biblioteca no início da caminhada do aluno na IES, passando por visitas frequentes à biblioteca, até a abertura do seu espaço para aulas diferenciadas, tudo articulado com a coordenação e corpo docente. 

Algumas práticas bem objetivas podem ser adotadas para fomentar a leitura:  

  • convivência dos alunos na biblioteca, discutindo o que leu, onde leu, promove interação de conhecimento;  
  • orientação para pesquisa em livros, matérias, artigos científicos no acervo físico e em bases de dados, vai educando de forma gradativa o usuário;
  • oferta de leitura comparativa de dois ou mais autores, descobrindo os contrapontos entre eles;
  • busca de notícia do cotidiano para relacionamento com a teoria apresentada em sala de aula;  
  • leitura de texto curioso, polêmico, que apresente dicotomia de opiniões, para apresentação em sala de aula;  
  • leitura de texto para retirada da ideia central, com a marcação de palavras-chave;
  • elaboração de texto, a partir de pesquisa, para apresentação de seminário em sala de aula;
  • escolha de trabalhos científicos da internet para leitura e elaboração de um trabalho fruto dessa leitura;  
  • levantamento de definições sobre certo tema na concepção de vários autores;  
  • busca de um tema desconhecido para aprofundamento de conhecimento, iniciando pelas obras de referência e depois em obras específicas.  

São inúmeras as opções que podem ser utilizadas, inclusive sugeridas pelos professores e alunos, para votação em sala de aula e colocação em prática. Cabe ao bibliotecário recepcioná-los bem no espaço, conduzir e orientar corretamente as pesquisas, após a definição pelo professor, tanto na técnica, como no que tange ao rigor científico e à questão dos direitos autorais.  

Dessa forma, educamos social e pedagogicamente os alunos, criando um vínculo para fomento à leitura, pois ele passa a conhecer o acervo, as inúmeras oportunidades de praticar a leitura, os serviços e as facilidades de estudo, além da interação com o bibliotecário que só contribui para o seu crescimento na vida estudantil. Isso tudo vai desencadear pensamento construtivo e crítico elevando o seu conhecimento e postura de cidadão.

10. Você acredita que a biblioteca virtual pode ajudar a preservar o acervo bibliográfico de uma instituição de ensino?

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Acredito muito. O acervo físico se desgasta com o manuseio, além de sofrer degradação em função da qualidade do papel, da tinta impressa e da encadernação. Esse desgaste aumenta com a ação das intempéries a que está sujeito durante o leva e traz, tais como luz, calor, e umidade em excesso. 

Na minha opinião, o acervo bibliográfico físico não vai deixar de existir, talvez em um futuro ainda não definido poderá ser reduzido e se tornará uma coisa rara, mas, enquanto isso não acontece, as formas digitais dos livros auxiliam muito na sua preservação. A Biblioteca Virtual preenche todos os requisitos para suprir a biblioteca física, inclusive é totalmente aceita nas avaliações do MEC, desde a autorização, ao reconhecimento do curso, bastando para tanto, dispor do número de acessos conforme as vagas ofertadas.  

Podemos folhear e ler o livro na íntegra, com todas as facilidades de busca e com muitos dispositivos de estudo, a qualquer tempo, em qualquer lugar, afora a quantidade de títulos e variedade de assuntos todos reunidos numa mesma plataforma de acesso. 

O folhear de um livro físico, usando o sumário ou o índice para ir ao encontro do que interessa é algo bem simples, mas não tão eficaz, podemos deixar de encontrar o que queremos, quando queremos. Já no cenário digital, o processo interno pode ser mais complexo, mas, com certeza, é bem mais eficaz. 

Na IES em que atuo utilizamos a Biblioteca Virtual da Pearson Higher Education e toda a comunidade acadêmica está satisfeita com o produto e serviço que a Pearson oferece. 

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Ana Luiza Chaves

Gestora de bibliotecas na Faculdade CDL; especialista em Pesquisa Científica, em Marketing Estratégico e em Gestão de Arquivos Empresariais. Focada no incentivo à leitura e ao uso de bibliotecas, na gestão de documentos, na aplicação da normalização em trabalhos acadêmicos e na gestão da qualidade. Mantém o blog de sua autoria Leitura e contexto.

 

 

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Constantemente criando e inovando em soluções educacionais para ajudar as instituições de ensino a prosperarem no mercado de Educação Superior.

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