Blended Learning é um modelo de ensino que tem como foco a combinação de metodologias de ensino on-line e presencial, essencial para a atualidade.
- Por que aprendizagem blended learning agora?
1.1. A coerência cultural
1.2. A apropriação das mídias digitais
1.3. A Inovação
1.4. Plataforma para metodologias diferenciadas
1.5. Soft Skills
Em termos simples, blended learning pode ser definido como uma modalidade de ensino-aprendizagem que combina técnicas do ensino on-line e presencial. Não se trata de uma novidade propriamente dita. Ainda em 2010, o Departamento de Educação dos Estados Unidos publicou o relatório Evaluation of Evidence-Based Practices in Online Learning: A Meta-Analysis and Review of Online Learning Studies. Nesse documento, ficou evidenciado que o blended learning possibilitava melhores resultados de aprendizagem do que as modalidades on-line e presencial quando postas em prática isoladamente.
Em 2014, Horn e Staker já identificavam 4 modelos de blended learning sendo praticados nos Estados Unidos, a saber: rotação, flex, à la carte e virtual enriquecido. No entanto, apesar dos casos de sucesso e evidências, essa modalidade nem de longe recebia a atenção que merecia da comunidade educacional, a não ser nos relatórios internacionais de tendências tecnopedagógicas.
Mudanças culturais, em grande parte catalisadas pela pandemia, fizeram com que o blended learning ganhasse a devida visibilidade, consolidando-se como tendência disruptiva, deixando o papel de coadjuvante para se tornar protagonista das transformações educacionais.
Muitos educadores ainda são céticos com relação às vantagens do blended learning, acreditando se tratar de mais um modismo estéril no campo da educação. Contudo, uma análise mais detalhada do contexto aponta para o potencial que essa modalidade tem para superar desafios educacionais contemporâneos.
Por que aprendizagem blended learning agora?
A coerência cultural
Em primeiro lugar, estamos falando de uma modalidade plenamente alinhada ao contexto cultural. Para Selwyn (2013), a vida das pessoas está tão saturada de tecnologias digitais que não faria mais sentido fazer uma distinção entre vida on e off line, as pessoas transitam entre os espaços virtuais e físicos alternadamente ou simultaneamente de forma natural.
Vivemos no mundo dos bits e átomos. Sendo assim, as práticas educacionais híbridas devem se tornar cada vez mais preponderantes, refletindo para dentro da escola um fenômeno da vida social.
A escola não pode prosperar descolada da cultura, ao contrário, é preciso trazê-la para dentro dos seus muros, mantendo-se, assim, em sintonia com o espírito do tempo. Cabe destacar que blended learning vai muito além da incorporação das tecnologias às práticas de ensino-aprendizagem, trata-se, no entanto, de uma poderosa abordagem mais adequada às mentes e aos corpos dos nossos dias.
[COLUNA INSIDE HED] Pedagogia de Bits e a inovação tecnológica na educação
A apropriação das mídias digitais
Atualmente, um dos principais gaps da educação mundial diz respeito ao desenvolvimento de competências docentes e discente para o uso adequado das tecnologias no aprendizado, no blended learning esse aperfeiçoamento é inerente a sua prática.
Nessa modalidade, a tecnologia se faz presente na entrega de conteúdos (vídeos, textos digitais, podcasts, e-books), na análise de dados, na simulação em laboratórios virtuais, na exploração de mundos virtuais, como acontece no inspirador projeto ECO MUVE da Faculdade de Educação de Harvard, bem como para criar condições para a comunicação interativa. São essas tecnologias pós-massivas que vão autorizar, ao menos tecnicamente, que os alunos saiam da constrangedora posição de receptores para se tornarem agentes participativos na sala de aula.
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A Inovação
Uma das principais vantagens do blended learning é liberar o professor para tarefas mais produtivas do que a recitação do conteúdo feita exaustivamente - e repetidamente - como acontece na sala de aula tradicional.
Nessa abordagem, como grande parte dos conteúdos são entregues por meio de mídias digitais interativas, abre-se, dessa maneira, o espaço para que os professores experimentem novas formas de ensinar e aprender, até mesmo pelo fato do blended learning não comportar a didática baseada na recitação.
Como a fotografia liberou os artistas e a pintura para a arte abstração, o blended learning possibilita que os professores e a educação se abram para a inovação. 
Plataforma para metodologias diferenciadas
Não se pode conceber essa modalidade sem metodologias baseadas na participação e interação. O blended learning vai muito além do incremento tecnológico para se tornar uma poderosa plataforma para metodologias diferenciadas.
Se no modelo tradicional de ensino predomina o falar-ditar do mestre, ou seja, a pedagogia da transmissão, o que vamos ver no blended learning é o agenciamento de práticas que colocam o aluno como protagonista de sua própria aprendizagem, daí a importância de metodologias e estratégias como a aprendizagem baseada em projetos e aprendizagem baseada em problemas, o design thinking, a gamificação, a peer instruction, a comunidade de aprendizagem entre tantas outras possibilidades.
Soft Skills
Em 2020, por meio do relatório The Future of Jobs Report 2020, o Fórum Econômico Mundial apresentou as habilidades mais importantes para os trabalhadores do futuro, entre elas estão a resolução de problemas complexos, o pensamento crítico, a criatividade, a inteligência emocional, o trabalho em equipe entre outras.
O blended learning é uma modalidade que seguramente vai colaborar para o desenvolvimento dessas skills, uma vez que está baseado na comunidade de aprendizagem, a qual pressupõe o trabalho em equipe, a colaboração, o acolhimento e a empatia, o desenvolvimento do pensamento crítico e a negociação de sentidos.
Por tudo isso e muito mais, fica evidente que o blended learning incorpora aspectos essenciais para a transformação tão desejada e necessária da educação.
Não se trata da simples instrumentalização das práticas educacionais ou de um modismo, o que essa modalidade traz mesmo é a possibilidade de ruptura com um modelo secular de fazer educação, que pode ter servido muito bem ao modelo industrial de sociedade, mas que está obsoleto no contexto da cibercultura. 
Referências
ECOMUVE. Harvard. https://ecolearn.gse.harvard.edu/
HORN, B. Michael; STAKER, Heather. Blended Learning: usando a inovação disruptiva para aprimorar a educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
Means, Barbara & Toyama, Yukie & Murphy, Robert & Bakia, Marianne & Jones, Karla & Planning, Evaluation. Evaluation of Evidence-Based Practices in Online Learning: A Meta-Analysis and Review of Online Learning Studies. 2010. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/44840198_Evaluation_of_Evidence-Based_Practices_in_Online_Learning_A_Meta-Analysis_and_Review_of_Online_Learning_Studies . Acesso em 10 de dez/2022
SELWYN, Neil. Internet y Educación”, en Varios, C@mbio. 19 ensayos fundamentales sobre cómo Internet está cambiando nuestra vida, Madrid: BBVA/ OpenMind/Turner. 2014. Disponível em:https://www.bbvaopenmind.com/libro/cambio-19-ensayos-fundamentales-sobre-como-internet-esta-cambiando-nuestras-vidas . Acesso em: 10 de dez/2022.
The Future of Jobs Report 2020. World Economic Forum. https://www.weforum.org/reports/the-future-of-jobs-report-2020/in-full/infographics-e4e69e4de7
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