A educação híbrida se tornou o sistema de aprendizagem mais utilizado no mundo. Descubra o conceito e quais são as vantagens para o ensino superior.


  1. O que é a educação híbrida?
  2. Os quatro pilares da educação híbrida
    2.1 Novas pedagogias, novas competências docentes
    2.2 Equipamento e conectividade
    2.3 Plataformas de aprendizagem e conteúdo digital
    2.4 Otimização de dados
  3. Diferenças entre a educação híbrida e outros modelos de aprendizagem
  4. Vantagens da educação híbrida para estudantes, professores e instituições
    4.1 Vantagens para os estudantes
    4.2 Vantagens para os docentes
    4.3 Vantagens para a instituição de ensino

O inesperado surgimento do vírus da COVID-19 logo se tornou um surto pandêmico mundial, que mudou a vida como conhecemos, e tivemos que aprender novas maneiras de socializar, trabalhar e continuar aprendendo.

Para a maioria das instituições de ensino, o confinamento trouxe com ele um desafio antes inimaginável: tornar o ensino a distância (que era uma forma alternativa de aprendizagem) o principal modelo educacional para manter sua base de estudantes.

Gradualmente, as medidas sanitárias foram abrandando, e muitas instituições já retomaram as aulas presenciais, mas com uma modificação: as sessões on-line deixaram de ser apenas uma modalidade alternativa e se converteram em um modelo de educação híbrida. Vamos nos aprofundar nesse assunto?

O que é a educação híbrida?

Esse modelo educacional não nasceu da pandemia, mas se tornou muito mais popular como resultado de medidas de saúde e confinamento. Na verdade, a educação híbrida surgiu para melhorar as aulas presenciais, abrangendo a educação a distância.

O principal objetivo era otimizar as condições de aprendizagem para os estudantes que não podiam se adaptar aos horários presenciais, seja por falta de tempo ou pela distância, seja pela necessidade de cumprir outras obrigações.

O conceito de educação híbrida está relacionado com o seu verdadeiro valor: reunir duas modalidades de aprendizagem de naturezas distintas (presencial e a distância) interagindo de modo integral.

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Os quatro pilares da educação híbrida

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (IDB, na sigla em inglês) considerou em seu Relatório 2020 que o modelo híbrido deveria “ser orientado por modelos de ‘aprendizagem profunda’, ou seja, com experiências centradas no aluno, individualizadas, relevantes e atraentes, e que gerem aprendizagem e habilidades mantidas por toda a vida”.

Para obter o máximo aproveitamento deles, o IDB considera quatro elementos fundamentais:

1. Novas pedagogias, novas competências docentes

Um professor híbrido é aquele que domina simultaneamente os ambientes de ensino presencial e ambientes virtuais, tirando proveito dos benefícios em ambos os modelos. Isso implica que ele deve cultivar um ambiente orgânico e cooperativo em ambos os casos.

É claro que essa não é uma prática simples, e é por isso que tanto as instituições educacionais quanto os professores precisam ter espaços de treinamento e atualização profissional que lhes permitam alcançar seus objetivos.

Na aprendizagem híbrida, o papel dos professores no ensino superior vai além do uso da tecnologia; envolve ter habilidades socioemocionais para orientar os alunos a administrar as emoções que estão diretamente envolvidas no processo de aprendizagem, como o senso de comprometimento, a empatia, a proatividade, a interdependência e o trabalho em equipe.

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2. Equipamento e conectividade

Contar com elementos físicos com o propósito de garantir conectividade foi um grande esforço para as instituições da América Latina; países como Uruguai, Colômbia, Chile e Brasil tinham um forte domínio da própria infraestrutura digital desde o início.

Condições de suporte digital para o EAD na América Latina e no Caribe 

ALTA MÉDIA ALTA MÉDIA BAIXA BAIXA
Uruguai Barbados Jamaica El Salvador
  Chile Costa Rica Paraguai
  Colômbia Equador Guiana
  Argentina Guatemala Suriname
  Bahamas Honduras Belize
  Brasil México Nicarágua
  Peru Panamá Bolívia
    Rep. Dom Haiti
    Trinidad e Tobago Venezuela

Fonte: Elaboração dos autores baseada em Rieble-Aubourg & Viteri (2020)

Outro grande desafio é criar um ambiente em que o equipamento digital nas instituições de ensino possa ser adaptado às condições de acesso à Internet das residências. A esse respeito, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) observa que, dos 84% das instituições secundárias da América Latina com acesso à Internet, apenas 33% têm largura de banda suficiente para oferecer aprendizagem híbrida, segundo o estudo do IDB mencionado anteriormente.

3. Plataformas de aprendizagem e conteúdo digital

Mesmo com o equipamento e a conectividade necessária, podemos não garantir o sucesso do aprendizado híbrido, pois é preciso dispor de uma plataforma de aprendizagem dinâmica capaz de gerenciar e entregar conteúdo multimídia.

As plataformas de gestão de aprendizagem ou Learning Management Systems (LMS, na sigla em inglês) surgiram há mais de 30 anos, mas nunca se tornaram tão indispensáveis para fazer do aprendizado híbrido um ambiente verdadeiramente eficiente para a educação.

4. Otimização de dados

Finalmente, para que a educação híbrida seja bem-sucedida, os especialistas recomendam ter um SIGED, um Sistema de Informação e Gestão Educacional, que seria o equivalente ao Departamento de Administração Escolar, mas voltado para a modalidade educacional híbrida.

O SIGED permite que as instituições identifiquem seus alunos e gerenciem os fatores envolvidos no processo de aprendizagem deles, desde a administração acadêmica até a avaliação e o acompanhamento do conteúdo. Além disso, esse sistema possibilita que as instituições tomem melhores decisões no futuro, com base na análise de dados e em estatísticas projetivas.

Até mesmo um sistema LMS robusto pode ajudar nesse processo de coleta de dados e a aplicar o learning analytics para um ensino personalizado, objetivo e eficiente. 

Diferenças entre a educação híbrida e outros modelos de aprendizagem

A educação híbrida passou de um modelo alternativo para um sistema de aprendizagem formal em apenas 3 anos, mas a interação entre os recursos da educação presencial e a distância (EAD) continua a gerar dúvidas. Portanto, é importante conhecer alguns modelos que, embora compartilhem semelhanças, não são realmente híbridos. Veja!

e-learning

icone-auto-learningÉ um modelo de aprendizagem totalmente on-line, que utiliza plataformas LMS e Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para gerenciar recursos e conteúdo a alunos que estão sempre a distância.

b-learning

icone-escreverPropõe um sistema semipresencial, que combina os recursos da sala de aula com os meios digitais para tornar as aulas mais flexíveis e para um alcance mais abrangente de captação de alunos.

Sala de aula invertida

icone-aprendizagem-rapidaMais do que um modelo, é uma dinâmica de aprendizado (muito popular nas universidades) em que as aulas presenciais são usadas para planejar o caminho do aprendizado, e, enquanto o professor prepara o conteúdo digital aos alunos, os alunos se preparam em casa no próprio ritmo.

A sala de aula invertida e o b-learning são, na verdade, uma espécie de educação híbrida, embora uma grande diferença em relação ao híbrido original seja que esses modelos não requerem que os recursos digitais e presenciais interajam organicamente e, às vezes, simultaneamente.

É claro que a sincronização não é um pré-requisito. Na verdade, é muito comum que as salas de aula híbridas interajam através de duas modalidades: síncrona e assíncrona:

  1. Síncrona: os alunos das aulas presenciais e on-line colaboram ao mesmo tempo com o professor e uns com os outros. A aprendizagem síncrona incentiva a interação e cria um ambiente cooperativo que procura eliminar a distância.
  2. Assíncrona: a aprendizagem assíncrona adota as características do b-learning ou da sala de aula invertida. Não há uma interação orgânica entre alunos presenciais e on-line. Seu foco é mais o planejamento, a revisão e a avaliação das atividades.

Vantagens da educação híbrida para estudantes, professores e instituições

O modelo presencial, assim como o ensino a distância, tem suas vantagens particulares. Entretanto, quando se trabalha com esses modelos separadamente, suas limitações ficam mais claras.

A educação presencial, por exemplo, carece de flexibilidade em termos de horários e espaços de aprendizagem. E a educação on-line pode levar ao isolamento e a um menor senso de cooperação ou empatia entre os alunos, sem mencionar o fato de que o uso de recursos digitais em ótimas condições é um requisito indispensável.

A educação híbrida não é apenas uma fusão entre ensino presencial e a distância, já que seu alcance é muito maior. O que ela procura fazer é justamente compensar as limitações entre esses modelos e criar um ambiente em que suas vantagens possam ser plenamente aproveitadas. Então, quais vantagens da educação híbrida podemos destacar? Veja a seguir!

Vantagens para os estudantes

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1. Proatividade e autonomia

O estudante assume com maior interesse e seriedade seu papel ativo no processo de aprendizagem. Toma decisões individuais e em grupo. Decide, em parte, quando e como quer se envolver com as atividades, conteúdo e projetos. Aprende a interagir presencialmente e a distância, mas também a trabalhar individualmente.

2. Aprendizagem significativa

O conceito de aprendizagem significativa para além da sala de aula implica que os alunos encontrem dentro do conteúdo – presencial e on-line – uma relação com o mundo a seu redor, tanto o mundo físico quanto o digital.

3. Flexibilidade

Em uma atividade híbrida, os alunos presenciais e aqueles on-line podem administrar melhor o próprio tempo, pois sabem que podem acessar o conteúdo digital fora da sala de aula; além disso, os alunos a distância poderão acessar uma aula presencial em que poderão consultar diretamente o professor.

5. Tomada de decisão

Os alunos híbridos têm uma maior disposição para identificar quando uma atividade precisa ser realizada imediatamente, ou quando ela pode ser remanejada de acordo com as suas prioridades. Seguindo a base da matriz de Eisenhower, eles podem determinar quando algo é urgente e importante, ou simplesmente importante, mas não urgente.

6. Maior aproveitamento da aula

É raro que uma aula híbrida tenha tempo ocioso, pois é pré-planejada para que, no final de uma atividade, o aluno possa dar seguimento à próxima atividade. Além disso, a interação entre estudantes presenciais e on-line gera um fluxo contínuo de novas atividades.

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Vantagens para os professores

educacao hibrida vantagens para professores

1. Reavalia o papel do professor

A participação do professor como facilitador de conteúdo nas aulas on-line, e como guia nas aulas presenciais, no modelo híbrido adquire um papel mais próximo ao de um coordenador de processos acadêmicos, em que o planejamento, a logística e a administração estejam envolvidos.

2. Otimiza seu tempo

O professor híbrido não perde tempo em aulas em frente ao grupo ou ditando conteúdos; pelo contrário, o ambiente dinâmico da sala de aula híbrida permite distribuir e gerenciar atividades entre os alunos. Assim, é possível gastar mais tempo em atividades de apoio, planejamento e avaliação de resultados.

3. Interação psicopedagógica

É comum que os professores das aulas presenciais estejam ocupados demais com o ensino para poder atender a situações socioemocionais. E, nas aulas on-line, a distância física torna a socialização e a empatia mais difíceis. Nesse contexto, a educação híbrida leva em conta essas desvantagens e procura abranger esses aspectos em sua dinâmica.

Vantagens para a instituição de ensino

educacao hibrida vantagens para instituicao de ensino

1. Maior aproveitamento dos recursos

A compra de equipamentos para as aulas híbridas não é um gasto, mas sim um investimento, e seus benefícios podem ser vistos a curto prazo. Da mesma forma, a redistribuição dos espaços físicos e a redução de alunos presenciais resultarão em economias tangíveis.

2. Equipe docente constantemente atualizada

Pela própria natureza da educação híbrida, os professores são levados a se manterem constantemente capacitados e atualizados, o que beneficia as instituições educacionais com professores cada vez mais profissionais e referência em tecnologia.

3. Prestígio acadêmico

As escolas ou universidades que apostam na educação híbrida estão ao mesmo tempo expandindo seus serviços educacionais, o que se traduzirá em maiores possibilidades de atrair a atenção dos alunos e pais que se identificam com esse modelo educacional.

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Como podemos perceber, a o ensino híbrido é mais do que uma alternativa à educação tradicional; é também um fenômeno de transição para a educação do futuro, em que os processos de aprendizagem serão cada vez mais dinâmicos e voltados a modelos educacionais que integrem todos os modelos anteriores em um sistema flexível e eficiente.

Hoje em dia, as instituições acadêmicas, principalmente as universidades, estão apostando na educação híbrida por ser o modelo que melhor se adapta às necessidades dos alunos e, principalmente, às necessidades do mercado de trabalho.

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