A aprendizagem não é linear. É fluida, dinâmica, flexível e adaptável, que valoriza a resiliência em cenários desafiadores para os aprendizes e educadores.
- Mas, o que é a aprendizagem?
- 4 Fases da aprendizagem
2.1. Incompetência inconsciente
2.2. Incompetência consciente
2.3. Competência consciente
2.4. Competência inconsciente - Você pensa que acaba por aqui?
3.1. Você aprendiz
3.2. Você educador
3.3. A importância dos recursos digitais de aprendizagem
3.4. Estratégias metodológicas com tecnologias digitais para IES
Neste artigo discorro acerca do processo de aprendizagem, comentando sobre suas fases e como evoluímos passando de uma para outra com a apropriação de novos conhecimentos. Dentro dessa perspectiva, trazemos algumas posições de autores e recursos educacionais que contribuem para a aprendizagem.
A busca do conhecimento, de conhecer algo novo é constante no ser humano. Não nos contentamos em parar de conhecer. O processo de aprendizagem se inicia ainda nos primeiros meses de vida, quando vamos descobrindo aos poucos tudo que está ao nosso redor, porque o que é novo encanta, e toda a interação com o meio ajuda nessas descobertas.
Mas, o que é a aprendizagem?
Carlos Tasso Eira DeAquino, no livro em Como Aprender, define a aprendizagem ressaltando conhecimento e habilidades:
Aprendizagem refere-se à aquisição cognitiva, física e emocional, e ao processamento de habilidades e conhecimento em diversas profundidades, ou seja, o quanto uma pessoa é capaz de compreender, manipular, aplicar e/ou comunicar esse conhecimento e essas habilidades (DEAQUINO, 2007, p. 6).
Já a autora Dinah Martins de Souza Campos, na obra Psicologia da Aprendizagem, define a aprendizagem focando nos comportamentos e realizações:
A aprendizagem, é afinal, um processo fundamental da vida. Todo indivíduo aprende e, através da aprendizagem, desenvolve os comportamentos que o possibilitam viver. Todas as atividades e realizações humanas exibem os resultados da aprendizagem (CAMPOS, 2014, p. 14).
Essa trajetória passa pelos estudos formais, mas não se limita a eles, continua sempre, envolvendo todas as capacidades e potencialidades das pessoas. Enquanto seres humanos, agentes operantes, membros da sociedade, estamos conhecendo e descobrindo algo e nunca ficamos satisfeitos porque há sempre algo ainda a aprender.
Campos (2014, p. 33) ressalta que “toda aprendizagem resulta da procura do restabelecimento de um equilíbrio vital, rompido pela nova situação estimuladora, para o qual o sujeito não disponha de resposta adequada [...].”
Portanto, tudo começa quando alguma coisa nos incomoda, nos estimula, exatamente porque ainda não a conhecemos, chamando a nossa atenção. Não sabíamos nem que existia tal coisa. Com certeza você já passou por isso e fez algumas exclamações seguidas de interrogações:
- Nossa! Nunca vi isso antes!
- O que é isso?
- Como faço isso?
- Por que é assim?
- Do que se trata?
Continuando com o pensamento da mesma autora, ela afirma que a “eficiência da aprendizagem está condicionada à existência de problemas, que surgem na vida do educando, que lhe deem a impressão de fracasso e que o levem a sentir-se compelido e resolvê-los” (CAMPOS, 2014, p.33).
Sentimos a necessidade de resolver esses problemas, de superar esses obstáculos, de ir além, de desvendar o novo, portanto, todo dia é dia de se aprender mais, por isso, somos eternos aprendizes.
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4 Fases da aprendizagem
Segundo a linha cognitivista, passando por George Miller, considerado um dos criadores da ciência cognitiva moderna, por Martin M. Broadwell e ainda por Noel Burch, cujos estudos são muito próximos em termos de data, inclusive adentrando na PNL, com Richard Bandler, e John Grinder, durante o processo de aprendizagem, passamos por quatro fases.
Trata-se de um processo gradativo e cumulativo (CAMPOS, 2014). Como vemos adiante na ilustração do framework, há uma progressão da habilidade em questão, partindo da fase de incompetência para a fase de competência, combinadas aos estágios de inconsciência e consciência, porque a aprendizagem atual resulta sempre das atividades e experiências anteriores.
Convido você a mergulhar nessas fases, tendo a certeza de que será capaz de identificar que já passou por cada uma delas.
1. Incompetência inconsciente
A primeira delas é a incompetência inconsciente, que pode ser reconhecida como o estágio de ignorância. Nesta fase estamos na zona de conforto, por não conhecermos o objeto, não sabemos que não sabemos, exatamente porque não temos ideia nem que tal coisa existia, há uma lacuna de conhecimento, até bater à porta o elemento desconhecido.
Fazemos uma exclamação com interrogação: Isso existe!?
2. Incompetência consciente
Mas, como a curiosidade é inerente ao ser humano e como temos a ânsia de saber mais e a vontade de superar barreiras, buscamos entender o objeto que não conhecemos.
Nesse momento ficamos surpresos, percebemos que há um mundo desconhecido, muito a aprender, é a incompetência consciente, é o estágio de confusão, agora já sabemos que nada sabemos a respeito de tal coisa. Daí reconhecemos a nossa incompetência, mas vamos adiante porque temos vontade de aprender.
Daí pensamos: Há tanto o que aprender!
3. Competência consciente
Com dedicação e persistência estudamos o objeto desconhecido e, com esforço, conseguimos aprender, estamos com a competência consciente, porque entramos no estágio de conhecimento, ou seja, sabemos que sabemos. Mas como ainda é novo, precisamos seguir um passo a passo, tendo bastante atenção, ao final, podemos dizer: Venci o obstáculo!
4. Competência inconsciente
Depois, com a prática, passamos a ter competência inconsciente, é o estágio de sabedoria, porque como conhecemos muito bem o objeto, vamos além, libertando nossas atenções para outras coisas. É tão natural, que não sabemos que sabemos, dominamos o objeto, discutimos a respeito, formamos novas ideias. Ficamos tão seguros que podemos afirmar: Já tenho o domínio dessa atividade.
Você pensa que acaba por aqui?
De forma alguma. Tudo pode começar de novo, tanto porque podemos desenvolver novos conhecimentos a partir do que foi aprendido antes, como em função dos novos desafios que surgem. E sempre que nos deparamos com outro objeto desconhecido, retornamos ao início e fazemos toda a trajetória novamente, desta vez com foco no objeto em questão, mas aproveitando o conhecimento acumulado.
Por isso, a existência da seta lateral que acrescentei na ilustração acima, voltando da quarta fase para a primeira, que vai de encontro ao objetivo da Pearson:
“A aprendizagem não é mais apenas uma etapa da vida, mas uma jornada para toda a vida.”
É óbvio que esse conhecimento mescla um pouco de tudo, teoria aprendida na academia, ensinamentos informais de mestres e pessoas mais experientes, experiências vividas decorrentes dos caminhos das pedras, que foram sendo descobertos e desbravados ao longo da vida pessoal e profissional.
Você aprendiz
Agora que você já conhece bem esse processo constante de ir e vir da aprendizagem, fica mais fácil entender, interagir com o meio e passar de uma fase para outra, buscando sempre o progresso com a mudança de nível, afinal estamos sempre querendo melhorar.
DeAquino (2007, p. 154), comenta que “quanto menos dominamos um assunto, menos somos capazes de avaliar o que sabemos dele”. Portanto, vamos à luta, “é preciso saber um pouco para saber o quanto se sabe”.
Você educador
Da mesma forma, o educador pode utilizar o modelo associado aos diversos recursos educacionais sejam formais, informacionais ou de apoio, para identificar de forma mais fácil as necessidades pelas quais passam seus alunos no processo ensino-aprendizagem.
DeAquino (2007) reforça a ideia de contextualizar a aprendizagem para tornar o aprendizado mais interessante para o aprendiz, porque assim ele fica sabendo onde aplicar o conhecimento aprendido, passando a ter mais sentido.
Castro (2015, p.145) compactua da mesma ideia, quando afirma: “Em termos de teoria da aprendizagem, dizemos que é o contexto que nos ajuda na compreensão”.
Sefton e Galini (2022, p. 31) trabalham com um contexto sistêmico para buscar a aprendizagem significativa, ressaltando que “contribui para que possamos visualizar de forma integral os propósitos, os processos, os resultados esperados e, tão importante quanto, a experiência das pessoas envolvidas [...]”.
A importância dos recursos digitais de aprendizagem
Tudo que está ao nosso redor contribui nessa trajetória de desbravar o desconhecido, mas com certeza a leitura, a construção de mapas mentais, a biblioteca, seja física ou virtual, as plataformas digitais de aprendizagem, tais como as que são disponibilizadas pela Pearson: Brightspace D2L, Virtual Lab, Disciplinas Pearson e Personabilities, podem contribuir de forma exponencial, auxiliando na compreensão do objeto, tornando o processo mais célere e concreto.
Estratégias metodológicas com tecnologias digitais para IES
Não é à toa que as instituições de ensino superior oferecem esses recursos de aprendizagem aos seus alunos associados às estratégias e práticas de metodologias ativas, tais como Castro (2007) e Sefton e Galini (2022) elencam:
- estudo de caso;
- role-play;
- simulação,
- discussão em grupo;
- brainstorming;
- PBL e TBL;
- sala de aula invertida;
- design thinking;
- movimento maker;
- gamificação;
- STEAM.
O resultado é o incentivo à busca do desconhecido antes da abordagem formal se iniciar. Isto tudo porque sabemos que a aprendizagem está ligada diretamente ao convívio, à observação e à toda interação com o meio, fazendo com que o processo de aprendizagem envolva essas relações e se torne um círculo virtuoso, fazendo com que seus atores sejam eternos aprendizes.
Enfim, que tal passear pelas fases da aprendizagem, indo e vindo para crescermos como pessoa em todas as dimensões?
O processo de aprendizagem dura por toda vida.
Referências
CAMPOS, Dinah Martins de Souza. Psicologia da aprendizagem. 41. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
CASTRO, Claudio de Moura. Você sabe estudar? quem sabe, estuda menos e aprende mais. Porto Alegre: Editora Penso, 2015.
DEAQUINO, Carlos Tasso Eira. Como aprender: andragogia e as habilidades de aprendizagem. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
SEFTON, Ana Paula; GALINE, Marcos Evandro. Metodologias ativas: desenvolvendo aulas ativas para uma aprendizagem significativa. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2022. E-book.
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