Márcio Catapan é professor adjunto na Universidade Federal do Paraná e concedeu uma entrevista à Pearson Higher Education sobre o Metaverso na Educação.


  1. Experiências que o metaverso pode proporcionar na educação
  2. Metaverso como complemento nas aulas práticas
  3. Implementação da tecnologia e desafios
  4. Impacto do metaverso no ensino superior e no mundo
  5. Prós e contras da tecnologia no ensino
  6. A escalada para a transformação digital

O Metaverso surgiu como uma proposta de integração entre o mundo real e o mundo virtual. Desde que a empresa Meta (antiga Facebook) lançou a proposta, em outubro de 2021, muitas hipóteses surgiram, dentre elas a possibilidade de utilizar o metaverso para a educação.

A educação aplicada ao metaverso se tornou um assunto muito debatido nos últimos meses, o que chamou a atenção das instituições de ensino que tem como principais preocupações a adaptação e preparação para esse possível novo modelo de ensino.

Podemos imaginar o metaverso como um ecossistema que permite a simulação, imersão, a criação de diferentes ambientes e uma experiência única.

Todos podem acessar o metaverso desde que tenham uma plataforma digital com infraestrutura específica e acessórios de realidade virtual (VR), realidade aumentada (AR), por meio de computador (este último não tem caráter imersivo). Além disso, é necessário a implementação de algumas tecnologias como o Blockchain e inteligência artificial (AI) para agregar a todo esse ecossistema.

Mas e a educação? Qual será a sua participação neste novo paradigma? É justamente sobre isso que falamos com Márcio Capatan, professor adjunto da Universidade Federal do Paraná. Márcio é Doutor, Mestre e Engenheiro Mecânico, especialista na área de tecnologias 3D, atua na área de projetos virtuais ministrando aulas para cursos de graduação, mestrado e doutorado. Além disso, coordena o curso de Pós-Graduação em Tecnologias 3D da UFPR.

Acompanhe a entrevista completa!

Experiências que o metaverso pode proporcionar na educação

metaverso para educacao

1 – Conte-nos um pouco sobre qual foi a sua experiência com as primeiras reuniões no Metaverso. Já enxerga possibilidades de expandir a tecnologia para outras atividades na Universidade? Quais?

Márcio: a primeira reunião no metaverso foi sensacional, eu parecia uma criança em um parque de diversões, pois tudo era novo. Hoje, já conseguimos expandir a tecnologia para diversas áreas, como: saúde, educação, engenharia e outras.

2 – Na sua opinião, como você acha que as instituições de ensino podem auxiliar os docentes a desenvolverem as habilidades necessárias para o ensino digital e a adotarem a mentalidade de inovação para o planejamento das aulas?

Márcio: sabemos que no metaverso, mais especificamente em ambientes virtuais imersivos, a retenção de conhecimento é quatro vezes maior do que em ambientes físicos (reuniões, sala de aula etc.). Comparando com ambiente remotos, é ainda maior. Isso faz com que o professor/instrutor tenha que mudar todo o seu plano de aula, não havendo mais necessidade de dezenas de horas para a aplicação de curso (esse pode ser reduzido em até 4 vezes).

3 – Você acha que a realidade virtual no ambiente educativo será um fator importante para melhorar o engajamento e a motivação dos estudantes nas aulas remotas?

Márcio: sem dúvidas! Quando o estudante presencia tal atividade ou prática, a experiência se torna muito mais atrativa e interessante.

Leitura complementar: 👉 Metaverso na educação superior: uma realidade virtual próxima?

Metaverso como complemento nas aulas práticas

4 – Como a realidade virtual, realidade aumentada ou mista pode ajudar a complementar as aulas práticas de disciplinas mais complexas como Medicina e Engenharias?

Márcio: aulas onde são aplicados recursos financeiros altos, como em um caso de treinamento de cirurgia por vídeo laparoscopia (medicina) ou em uma aula de usinagem (engenharia), essas tecnologias as complementam muito bem. Sem contar com os riscos diretos e indiretos que essas aulas apresentam em ambientes físicos.

Implementação da tecnologia e desafios

metaverse learning

 

Trabalho com o metaverso desde 2018, mas ainda existem muitos desafios para o metaverso na educação, pois os custos com hardwares e a mão de obra para o desenvolvimento de softwares ainda é escasso.

 

5 – De acordo com a sua experiência profissional, qual será a infraestrutura tecnológica necessária e os pontos de atenção que as instituições de ensino deverão começar a se preocupar para esse futuro promissor com o Metaverso?

Márcio: planejamento para o desenvolvimento desses ambientes virtuais e, em seguida, da aquisição de uma quantidade significativa de hardwares, semelhante quando foi implementado os computadores nas universidades e escolas.

Impacto do metaverso no ensino superior e no mundo

metaverso para educacao superior

 

O metaverso está vindo para complementar a parte de ensino superior. Aqui na UFPR já estudamos uma aplicação para 2022.

 

6 – Na sua opinião, como o Metaverso mudará a educação no mundo?

Márcio: facilitando a internacionalização e a experiência dos usuários.

7 – Você acredita que o Metaverso chegou para ficar ou pode cair em desuso, por falta de uma estrutura global de tecnologia avançada ou por conta dos desafios decorrentes da desigualdade de oportunidades de acesso à internet?

Márcio: eu acredito que a tecnologia chegou para ficar. Talvez não em todos os campos, mas em alguns sim!

8 – Quais são as disciplinas ou áreas do conhecimento que mais poderão se beneficiar do metaverso?

Márcio: pós-Graduação em Tecnologias 3D; cursos de graduação como expressão gráfica; disciplinas como modelagem 3D e programação, serão beneficiadas.

Prós e contras da tecnologia no ensino

9 – Quais são os principais benefícios do metaverso para universidades, professores e alunos?

Márcio: proporcionar a experiência de algumas atividades práticas, em ambientes virtuais.

10 – Qual seria um aspecto negativo da aplicação do metaverso no ensino superior?

Márcio: um ambiente de metaverso mal planejado e projetado, pode trazer complicações e desconfortos para o usuário. Além disso, existem algumas limitações dos óculos VRs sobre não terem uma abrangência para 100% da população, como para pessoas cegas ou com baixíssima visão.

A escalada para a transformação digital

Como pudemos perceber, a tendência do metaverso chegou para ficar e é questão de tempo até começar a participar ativamente dos processos mais inovadores de ensino. O motor principal da grande revolução educacional se refere, na verdade, às tecnologias avançadas das plataformas digitais de aprendizagem.

Já estamos em uma era, na qual as informações são instantâneas e, basicamente, gratuitas. Os usuários podem encontrar informação do que precisam em poucos minutos.

Nesse contexto, vamos deixar uma reflexão aqui.

O que a sua instituição de ensino pode fazer para oferecer um processo de aprendizagem inovador, personalizado e equitativo?

 

professor-marcio-catapan-ufpr

Márcio Catapan

Doutor, Mestre e Engenheiro Mecânico, especialista na área de tecnologias 3D, atua na área de projetos virtuais ministrando aulas para cursos de graduação, mestrado e doutorado.

Além disso, é coordenador do curso de Pós-Graduação em Tecnologias 3D da UFPR.

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