A tecnologia educacional é um pilar do ensino há décadas e uma grande aliada de professores e alunos, mas poderia substituir os docentes? 

  1. Como tem sido a evolução da tecnologia educacional nos últimos anos?
  2. Inteligência artificial e tecnologia educacional: como se relacionam?
  3. A tecnologia educacional poderia substituir o professor?
  4. Automação e inteligência artificial: um desafio ou uma oportunidade para os professores?
  5. 5 maneiras de um professor aproveitar o ChatGPT  
    5.1. Sintetizar recursos didáticos on-line
    5.2. Proporcionar ideias para dinâmicas em sala de aula
    5.3. Ter aplicações interdisciplinares
    5.4. Pesquisar sobre inovações e tendências
    5.5. Identificar plágio

Os avanços da tecnologia educacional estão motivando professores e alunos a se atualizarem constantemente para aproveitar ao máximo os recursos e as ferramentas de aprendizagem.  

No entanto, o crescimento exponencial da tecnologia na educação também tem possibilitado que recursos computacionais – como a inteligência artificial (IA) – sejam cada vez mais autônomos, o que levantou uma questão polêmica: os professores poderiam ser substituídos pela tecnologia?  

Aliás, essa é uma questão que se manifesta em todas as áreas profissionais que estão sendo cada vez mais permeadas por IA, análise de big data e machine learning, para citar apenas algumas, e não só no campo da educação. 

Milhões de pessoas em todo o mundo se perguntam se o próprio trabalho se tornará obsoleto diante da automação, desde operários até profissionais especializados. Como saber quais profissões serão afetadas e quais, sim, se beneficiarão? Qual o diferencial mais relevante entre uma poderosa IA e um professor competente?

Para responder a esses questionamentos tão críticos, podemos começar fazendo um breve apanhado da evolução da tecnologia educacional.

Como tem sido a evolução da tecnologia educacional nos últimos anos?

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Não há dúvidas de que a tecnologia tornou a educação em todo o mundo mais acessível, inclusiva e democrática. Com a chegada dos computadores pessoais, a expansão da internet e os primeiros mecanismos de busca na década de noventa, aos poucos algumas áreas do ensino começaram a migrar do analógico para o digital, o que deu início à era da chamada educação 2.0, quando surgiram as primeiras plataformas LMS

Em meados do início do século XXI, surgiu a versão 3.0 da educação, baseada na ideia de que o ensino e seus conteúdos devem se adaptar às mudanças tecnológicas e sociais, sobretudo ao contexto e aos interesses do aluno, para serem relevantes e eficazes. Portanto, essa etapa está relacionada principalmente à ideia da centralidade no aluno. 

A educação 4.0 refere-se ao uso generalizado das mais recentes tecnologias digitais, ou seja, por exemplo, IA, big data, robótica ou realidade aumentada. Na educação 4.0, a filosofia centrada no aluno é mantida, e na chamada educação 5.0 aparece uma abordagem adicional que visa ao desenvolvimento de habilidades socioemocionais e à aprendizagem baseada em projetos.

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Inteligência artificial e tecnologia educacional: como se relacionam?

Tendo em vista que a IA é atualmente a tecnologia que mais desperta polêmicas e incertezas, vale a pena entender um pouco melhor o que ela é e qual é seu papel na educação. 

Uma IA nada mais é do que um programa de computador que opera por meio de algoritmos lógicos e dados. Isso permite a você executar tarefas complexas, como reconhecer padrões, tomar decisões com base em estatísticas ou critérios predeterminados, processar a linguagem e até mesmo aprender. 

É importante esclarecer que, quando dizemos que uma IA “aprende”, na verdade estamos dizendo que ela pode calibrar melhor suas respostas com base em uma quantidade maior de dados disponíveis. 

Embora existam milhares de IAs e muitas delas já tenham sido utilizadas na educação, uma recém-lançada em formato de chatbot e configurada com mais de 175 milhões de parâmetros, chamada ChatGPT, está dando muito o que falar, já que consegue oferecer respostas com coerência e precisão suficientes para proporcionar a sensação de que se está conversando com um ser humano com muito conhecimento de qualquer assunto.

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A tecnologia educacional poderia substituir o professor?

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A resposta curta é não. A resposta longa envolve um pouco de memória histórica, pois em suas respectivas épocas tecnologias como o Google, a internet, as calculadoras, a imprensa e até a própria escrita representaram momentos disruptivos na forma como as pessoas transmitiam conhecimento umas às outras. 

Embora todos esses divisores de águas tenham levantado sinais de alarme sobre a obsolescência do educador, professores e professoras ainda são tão necessários hoje quanto eram antes de Gutenberg. 

As IAs atuais podem gerar uma ilusão momentânea de autoridade acadêmica, mas a realidade é que a tecnologia ainda está longe de criar um algoritmo capaz de implementar pensamento crítico genuíno, sensibilidade, empatia, flexibilidade e criatividade. 

Uma IA pode coletar, sintetizar e reconfigurar dados que já existem, o que não deixa de ser muito útil, mas não pode criar. Mesmo com os famosos programas de imagem automatizada, como o Midjourney, vemos que a IA só gera um modelo estatístico visual a partir de imagens que já existem.

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Automação e inteligência artificial: um desafio ou uma oportunidade para os professores?

A IA é uma grande aliada para a educação em relação a todas as tarefas que podem ser automatizadas. E quais são as tarefas que podem ser automatizadas? As que dizem respeito ao processamento de dados e a estatísticas. De fato, nesse sentido, as IAs são mais eficientes do que os humanos. 

O que ainda não pode ser automatizado é a interpretação que damos ao resultado desses processos, a maneira como os vinculamos a aspectos de outras áreas da realidade, nem os critérios que determinam nosso comportamento a partir dessas interpretações. Além disso, todas as IAs dependem de bases de informação digital e, embora o reservatório para isso esteja ficando cada vez maior, está longe de ser uma representação completa da realidade.

5 maneiras de um professor aproveitar o ChatGPT  

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Em conclusão, IAs como o ChatGPT não podem substituir um professor competente, mas podem ajudá-lo a desenvolver melhores estratégias de ensino. Vejamos como.

1. Sintetizar recursos didáticos on-line

A principal vantagem do ChatGPT é que ele permite a obtenção de um panorama sintetizado e aceitavelmente confiável das informações que obteríamos realizando uma pesquisa no Google, analisando resultado por resultado. 

Por exemplo, para uma aula sobre ideologia de gênero, podemos perguntar quais são os documentos oficiais mais recentes de organizações internacionais relacionados à igualdade entre homens e mulheres, e o sistema nos oferece quatro ou cinco resultados muito úteis para aprofundar informações relevantes. 

É importante que não fiquemos apenas com esses resultados e procuremos investigar um pouco mais por conta própria, já que o chat não é infalível, e, embora seu banco de dados seja atualizado em tempo real, isso não significa que suas respostas sejam as mais adequadas a nossos objetivos específicos.

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2. Proporcionar ideias para dinâmicas em sala de aula

Uma das grandes virtudes do ChatGPT como tecnologia educacional é que ele pode nos ajudar a reverberar boas ideias a fim de gerar novas dinâmicas em sala de aula ou até mesmo questões estratégicas, seja para brainstormings ou para provas. Por exemplo, podemos perguntar: Como ensinar crianças de 5 anos sobre fotossíntese de maneira prática?

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3. Ter aplicações interdisciplinares

A interdisciplinaridade é um dos pilares da educação 4.0, e o ChatGPT é útil para responder a perguntas-chave, como: De que maneira a robótica se relaciona com a medicina ou quais aplicações a ciência de dados e a psicologia compartilham?

4. Pesquisar sobre inovações e tendências

Por exemplo, podemos pedir ao chatbot que resuma as tendências educacionais mais importantes da atualidade, ou as descobertas mais recentes em neurobiologia relacionadas ao funcionamento da atenção, para que tenhamos meios de estruturar melhor as experiências educacionais que entregamos.

5. Identificar plágio

Paradoxalmente, o ChatGPT é a melhor ferramenta disponível até o momento para identificar plágio com o ChatGPT. Embora ele não dê duas respostas idênticas para dois usuários diferentes que fazem a mesma pergunta, é bastante intuitivo comparar a tarefa de um aluno com a resposta do chatbot e identificar obras que podem ter sido copiadas e coladas, sem um trabalho analítico, crítico e criativo de apropriação do conhecimento envolvido. 

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À pergunta inicial, “Os professores serão substituídos pela tecnologia?”, a resposta é não: o fator humano envolvido no processo pedagógico de transmissão, desenvolvimento e gestão de novos conhecimentos não pode ser replicado artificialmente, pelo menos com a tecnologia atual.  

Isso porque a aprendizagem como fator de desenvolvimento continua sendo uma característica humana, que depende da empatia pelo outro, ou seja, da compreensão do indivíduo como um ser em formação.  

No entanto, o que está sendo substituído, atualizado ou renovado em grande velocidade são os instrumentos e recursos tecnológicos para a aprendizagem, e não há dúvidas de que as instituições de ensino superior devem ter soluções de aprendizagem que se adaptem às novas tendências da tecnologia educacional. 

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Referências

Morduchowicz, A. ChatGPT y educación: ¿oportunidad, amenaza o desafío? Enfoque Educación. BID. 21 mar. 2023. Disponível em: https://blogs.iadb.org/educacion/es/chatgpt-educacion/. Acesso em: 26 jun. 2023. 

¿Puede la tecnología sustituir al docente? ActivistaSNTE. [s. d.]. Disponível em: https://soysnte.mx/articulos/puede-la-tecnologia-sustituir-al-docente#:~:text=La%20tecnolog%C3%ADa%20ha%20abierto%20las,generado%20la%20pandemia%20de%20covid. Acesso em: 26 jun. 2023. 

Selwyn, N. ¿Deberían los robots sustituir al profesorado?: la IA y el futuro de la educación. [s. l.]: Ediciones Morata, 2020. 

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