Técnicas de criatividade são essenciais no ensino superior. Descubra 3 razões para desenvolvê-las e melhorar o desempenho dos alunos.

  1. Decifrando a criatividade
  2. 4 elementos da criatividade de acordo com Ken Robinson
    2.1. Encontrar o “elemento” que o apaixona
    2.2. Atitude e aptidão: aspectos essenciais para a criatividade
    2.3. Educar para a criatividade
    2.4. 4. Mensurar e analisar a criatividade
  3. 3 razões para ensinar técnicas de criatividade na universidade
    3.1. A nova sociedade depende da criatividade
    3.2. Os trabalhos automatizados estão desaparecendo
    3.3. A essência do ensino superior é criativa

Nos últimos anos, as Instituições de Ensino Superior estão dando mais atenção ao desenvolvimento da criatividade: um dos recursos intelectuais mais apreciados atualmente pelos benefícios que oferece no campo acadêmico e profissional.

Nesta ocasião, abordaremos algumas razões importantes pelas quais a criatividade não deve apenas fazer parte da formação educacional de nível superior, mas também está destinada a se tornar uma das habilidades mais exigidas pelas empresas no ambiente de trabalho.

Decifrando a criatividade

grupo de estudantes a resolver um projecto de criatividade

Todos os seres humanos nascem com um grau de criatividade, mas nem sempre temos a oportunidade de desenvolvê-la no campo educacional, algo que ao longo do tempo pode limitar nosso desenvolvimento acadêmico e profissional.

Há já alguns anos que o pensamento criativo atrai a atenção de cientistas e educadores, mas também do mundo empresarial: hoje, as empresas mais inovadoras consideram a criatividade uma das soft skills mais procuradas no recrutamento de profissionais, sobretudo por sua capacidade de oferecer ideias alternativas para a resolução de problemas.

Mas, quando falamos de “criatividade”, o que realmente queremos dizer?

A palavra vem dos termos creatio e creare, e eles se referem ao ato de produzir ou dar origem a algo novo. Por muito tempo, a criatividade esteve relacionada apenas aos aspectos artísticos e filosóficos, mas a partir do século XX passou a ser relevante em todas as áreas do desenvolvimento humano.

Existem centenas de definições de criatividade; de fato, foi somente em 1961 que o termo apareceu pela primeira vez no dicionário Webster, e, a partir de então, vários autores estabeleceram os próprios conceitos. Entre os aceitos, destaca-se o de Abraham Maslow, que considera que existem dois tipos de criatividade:

  • Criatividade primária: motivada pela inspiração, partindo de processos espontâneos e respondendo aos interesses particulares de cada indivíduo.
  • Criatividade secundária: o processo criativo é mais sistemático e controlado, motivado por interesses pessoais e externos para obter um produto final, geralmente com o intuito de resolver um problema.

O segundo caso é mais relevante para o ensino superior porque envolve um processo de preparação, ou seja, o desenvolvimento de técnicas que permitem ao aluno exercitar a criatividade para atingir um objetivo específico.

Desde meados do século passado, centenas de autores dedicam-se a estudar a criatividade sob uma perspectiva humanista, mas também como um dos recursos intelectuais mais importantes para a vida pessoal e profissional.

Seria impossível abordar todos esses especialistas em criatividade aqui, mas o que podemos fazer é retomar aqueles que tiveram maior influência na educação recente, como Ken Robinson.

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4 elementos da criatividade de acordo com Ken Robinson

grupo de estudantes a anotar as suas actividades num calendário

O escritor e consultor internacional em educação Ken Robinson dedicou toda a sua vida a estudar como funciona a criatividade no campo educacional. Em livros como The Element e Creative Schools, ele explica detalhadamente quais são os aspectos fundamentais para que os alunos possam desenvolver criatividade na escola. Aqui estão alguns deles:

1. Encontrar o “elemento” que o apaixona

Em seu livro Finding your Element, ele enfatiza a necessidade de encontrar justamente aquele “elemento que nos apaixona a fazer as coisas”, pois sem ele é muito difícil que a criatividade esteja presente.

Esse elemento não é apenas o que mais gostamos de fazer; também se refere àquilo por quê temos paixão, além de atitudes e aptidões. Ou seja, àquela atividade que não realizamos por obrigação, mas como parte de um objetivo de vida.

Quando nos aproximamos desse “elemento”, a criatividade torna-se o motor que irá impulsionar todas as ações para desenvolvê-lo. “Sem paixão não há criatividade”, disse Robinson, pois não é possível ser criativo em um ambiente escolar onde as atividades não são significativas ou não representam algo importante para os alunos.

Leia também: 👉 Como desenvolver o pensamento crítico dos alunos no Ensino Superior

2. Atitude e aptidão: aspectos essenciais para a criatividade

Não basta ser apaixonado por algo, é preciso envolver também dois aspectos que farão o aluno saber se aquilo pelo que é apaixonado, se aquele “elemento” que dá sentido a seus propósitos, está correto.

Muitos alunos podem ter habilidades e estar aptos para uma carreira, mas ao mesmo tempo não têm paciência ou interesse, ou seja, não têm atitude, nem mesmo vocação, o que os fará eventualmente abandonar qualquer projeto.

Da mesma forma, existem alunos que podem ter as melhores intenções em sua carreira, mas suas habilidades, seus conhecimentos e suas habilidades não são os melhores nessa área, o que também fará que eles se sintam desencorajados e percam o interesse ao longo do tempo.

Em ambos os casos, será difícil o pleno desenvolvimento da criatividade, pois devem existir condições prévias para que ela surja como parte do processo de aprendizagem.

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3. Educar para a criatividade

Durante muito tempo houve uma falsa crença de que a criatividade era um processo limitado ao campo artístico ou intelectual, um recurso para artistas e filósofos, mas alheio a outras áreas como as ciências.

Hoje sabemos que a criatividade influencia todas as áreas acadêmicas, sem exceção. De fato, é nas ciências relacionadas a matemática, informática e desenvolvimento computacional que atualmente se exige dos profissionais altas habilidades criativas.

Essa ideia é bastante inovadora, principalmente se levarmos em conta que a criatividade sempre foi considerada um recurso para a educação, enquanto a proposta de Robinson indica o contrário: que a educação se torne um recurso para o desenvolvimento de métodos e técnicas criativas.

Leia também: 👉 Soft skills no ensino superior é estratégia para a competitividade

4. Mensurar e analisar a criatividade

Outro “mito” sobre a criatividade consiste em acreditar que ela é um recurso abstrato, ou seja, uma espécie de “euforia de inspiração” que ocorre aos alunos espontaneamente no meio de uma aula e, portanto, não há como medi-la ou analisá-la.

Em seu livro Creative Schools, Robinson destaca que não basta propor dinâmicas ou técnicas de criatividade como se fossem apenas um recurso para que os alunos aprendam melhor. Também é necessário medir o progresso e avaliar a qualidade dos resultados.

No caso de estudantes universitários, que são constantemente expostos a projetos relacionados a sua carreira, a criatividade pode ser medida a partir de seus resultados: podem ser estabelecidas rubricas de avaliação voltadas para a forma criativa com que realizam um projeto ou resolvem um problema acadêmico.

Muitos fatores estão envolvidos em uma avaliação da criatividade, como a capacidade dos alunos de autoavaliarem os próprios processos, estabelecendo registros de avanços e retrocessos. Isso significa que eles são capazes de aceitar e analisar os próprios erros para que, de maneira criativa, busquem soluções alternativas.

3 razões para ensinar técnicas de criatividade na universidade

estudantes universitários desenvolvendo o seu projecto com criatividade

Agora temos mais clareza de que a criatividade não é uma atividade espontânea e abstrata, mas sim uma habilidade que requer preparação, o que significa que nas salas de aula da universidade podemos alocar tempo acadêmico para ensinar técnicas de criatividade adequadas, dependendo da carreira ou da área.

Embora possa parecer óbvio que a criatividade é um recurso muito valioso no ensino superior, nem sempre está claro quais são as principais razões para promovê-la nas salas de aula universitárias. É por isso que consideramos importante apontar três razões fundamentais ao ensino de técnicas de criatividade na universidade.

1. A nova sociedade depende da criatividade

Uma das características que definem as novas gerações é a cultura da inovação. Richard Florida, especialista em economia, em seu livro The Creative Class, aponta que atualmente a economia não é regida por quem mais trabalha, mas por quem é mais criativo.

Dentro dessa classe estão professores universitários, especialistas em tecnologia, engenharia, ciência da computação, marketing e publicidade, entre outros. Estamos falando de atividades que exigem pessoas treinadas para tomar decisões eficientes, trabalhar em equipe, coordenar projetos de longo prazo que nem sempre vêm com um “manual de instruções”, de modo que devem recorrer ao uso de técnicas de criatividade para obter bons resultados.

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2. Os trabalhos automatizados estão desaparecendo

IMAGEN

Desde 2018, o Fórum Econômico Mundial publicou seu relatório anual sobre o futuro dos empregos em todo o mundo, no qual observou que 25% das atividades produtivas foram automatizadas; portanto, estima-se que até 2025 cerca de 75 milhões de pessoas possam perder seus empregos, pois eles seriam substituídos por tecnologia inteligente.

É fato que os empregos do futuro serão destinados a pessoas criativas, capazes de tomar decisões e resolver problemas para os quais ainda nem foi inventada uma solução.

Ensinar aos alunos do ensino superior o maior número de técnicas criativas os ajudará a gerar novos hábitos de estudo, mais focados na produção de novas ideias do que na geração de conhecimento linear.

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3. A essência do ensino superior é criativa

O objetivo do ensino superior não é apenas ampliar os horizontes acadêmicos do aluno, mas também oferecer-lhe o maior número de alternativas de crescimento pessoal e profissional.

Isso implica que o processo de aprendizagem não se limita a ensinar os conteúdos relacionados à carreira universitária, mas também a ensinar a pensar de diferentes pontos de vista sobre todas as possibilidades que essa carreira oferece em nível pessoal, social e profissional.

É o que se conhece como pensamento heurístico, no qual o raciocínio criativo tem muita participação, pois o que se pretende é fazer os alunos verem a própria carreira não apenas como um recurso para conseguir um emprego, mas também como uma possibilidade de ampliar os planos de vida rumo a metas mais ambiciosas.

E, para que isso aconteça, é fundamental que técnicas de criatividade estejam envolvidas no processo de aprendizagem, dinâmicas que podem desafiar a imaginação dos alunos e estimular o pensamento divergente.

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Referências

Abarca-Cedeño, M. S., & Orozco, L. M. (2019). Análisis de la formación en creatividad en la Enseñanza Superior. Una reflexión desde el contexto educativo mexicano. Revista de Investigación en Educación, 17(1), 20-31.

Domingo-Peñafiel, L. (2017). Escuelas creativas. La revolución que está transformando la educación, de Ken Robinson i Lou Aronica. Revista Catalana de Pedagogía, 11, 237-241.

Molinero, J. M. S. (2007). El debate sobre la" clase creativa" y el crecimiento económico. Libros de economía y empresa, (3), 43-46.

Robinson, K. (2012). Busca tu elemento. Aprende a ser creativo individual y colectivamente. Barcelona: Empresa Activa.

Zambrano Yalama, N. I. (2019). El desarrollo de la creatividad en estudiantes universitarios. Conrado, 15(67), 354-359

Pearson Higher Education
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