Será que os cursos livres de extensão e as bibliotecas virtuais podem ser instrumentos de incentivo à educação continuada mesmo em um país com nível de instrução superior ainda baixo como o Brasil?

  1. O cenário da Educação Superior atual
  2. Os pilares da formação superior
  3. Oferecendo cursos de extensão livres para os egressos
  4. Promovendo o acesso à biblioteca virtual para egresso

Incentivar os egressos da graduação a continuarem sua educação por meio de cursos livres de extensão, aqueles de caráter independente (não curricularizados), que inclusive são oferecidos para o público externo, pode ser uma estratégia valiosa para esse fim.

Da mesma forma, oferecer acesso estendido à biblioteca virtual, depois da conclusão da graduação, pode ser atrativo e agregar valor para a educação continuada.

Entenda como pode se dar esse incentivo por parte das IES, explorando todas as particularidades dos cursos livres de extensão e o recurso tecnológico da biblioteca virtual, em que o acesso ao conhecimento por intermédio de publicações disponibilizadas digitalmente é amplo, confiável, seguro e prático.

O cenário da Educação Superior atual

Hoje, ainda é privilegiado aquele que consegue concluir o ensino superior. Segundo a análise da OECD, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (2023, p. 2, tradução nossa), “no Brasil, 21% dos jovens de 25 a 64 anos têm ensino superior, uma percentagem menor do que aqueles que concluíram o ensino secundário superior (38%).”

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD Contínua, elaborada pelo IBGE desde 2012, a apuração para 2022 constatou que na faixa de 25 anos ou mais de idade concluíram o nível superior 19,2% dessa população (Figura 1).

As duas pesquisas estão muito próximas (19,2% e 21%) e são percentuais ainda baixos, apesar do avanço que ocorreu de 2019 para 2022.

Figura 1 – Distribuição das pessoas de 25 anos ou mais de idade, segundo o nível de instrução (%)

gráfico de distribuição das pessoas de 25 anos ou mais segundo o nível de instrução

Fonte: IBGE (2023, online)

Ter acesso à educação de qualidade para se desenvolver enquanto cidadão e poder contribuir com a sociedade é direito fundamental, está na nossa Constituição. É dever do Estado, mas também é dever do setor privado, que tem a concessão do governo para oferecer educação de nível superior.

Um país com mais pessoas qualificadas consegue realizar mais pesquisas, oferecer produtos e serviços de mais qualidade, crescer economicamente, ampliar o bem-estar das pessoas, reduzir a pobreza e até o índice de criminalidade.

Muitos fatores incidem para o não ingresso ao nível superior, que vão desde a necessidade de trabalhar logo em seguida à conclusão do Ensino Médio, até a questão mesmo de interesse e motivação para o estudo. Portanto, se ainda é difícil chegar na graduação, imagine manter a educação continuada depois de concluir o nível superior. Mas, vamos ser otimistas e pensar naqueles que concluíram o nível superior, mas não desejam ou não podem se pós-graduar.

É aí que entra o papel das IES atraindo e captando esses ex-alunos, os que denominamos egressos, para que continuem na caminhada dos estudos.

Mas se ele não deseja se pós-graduar, qual trajetória seguir? Para entender, vamos abordar a seguir os pilares da formação superior. Confira!

Os pilares da formação superior

A formação superior atua em três pilares: Ensino, Pesquisa e Extensão (Figura 2), os quais estão estabelecidos no artigo 207 da Constituição Federal, da seguinte forma: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.” Essa indissociabilidade quer dizer literalmente que cada pilar precisa dos outros dois para exercer melhor o seu papel.

Figura 2 - Indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão

diagrama com conceitos de ensino, pesquisa e extensão

Fonte: Elaborada pela autora com fundamento em Mello, Petrillo e Almeida Neto (2022, p. 17).

O Ensino se encarrega do cumprimento da matriz curricular e ementas das disciplinas dentro da carga horária planejada, seja em sala de aula, laboratórios, atividades de monitoria, atividades externas, entre outras.

A Pesquisa envolve as atividades desenvolvidas para fomentar a pesquisa, que pode ocorrer por intermédio da elaboração dos trabalhos de conclusão de curso, iniciação científica e dentro dos programas de mestrado e doutorados, conforme linhas de pesquisa estabelecidas, com a produção de dissertações e teses.

A Extensão é ressaltada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/1996), em seu artigo 43, inciso VII, da seguinte forma:

VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.

Dependendo das políticas institucionais, a extensão pode ser representada em cinco modalidades, conforme a Art. 8º da Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018, do Conselho Nacional de Educação, que estabelece as Diretrizes Curriculares para a Extensão Universitária (DCEU):

  1. Programas;
  2. Projetos;
  3. Cursos e oficinas;
  4. Eventos;
  5. Prestação de serviços.

Essa Resolução estabeleceu a curricularização da extensão de forma obrigatória, em que atividades de extensão devem compor 10% do total da carga horária da matriz curricular dos cursos de graduação (Mello; Petrillo; Almeida Neto, 2022, p.17):

Daí que essa exigência (incorporação das práticas de extensão) movimentou as Instituições de Ensino Superior brasileiras e ficou conhecida como curricularização da extensão, ampliando, destarte, a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, de forma a cumprir a exigência constitucional no que se refere à indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão (grifo dos autores).

Modalidades da extensão

Explicando melhor as modalidades da extensão, temos o seguinte:

1 – Programas de extensão universitária, com aplicação prática do conhecimento fora do ambiente acadêmico, junto à comunidade local;

2 – Pesquisa de extensão, correspondendo aos projetos de pesquisa junto à comunidade e entorno, objetivando trazer benefícios.

3 – Cursos de extensão, que podem ser de extensão livre ou de extensão universitária. O primeiro, foco da nossa abordagem, pode ser uma alternativa flexível para quem busca atualização profissional, quer explorar um novo interesse ou apenas aprofundar seu conhecimento em uma área específica.

Esse tipo oferece temas bem variados, geralmente se refere ao segmento que está mais em voga e sendo discutido no momento, de curta duração e sem requisitos acadêmicos formais para ingresso. Normalmente, é aberto ao público, se destina a atender às necessidades da comunidade em geral, inclusive dos alunos e ex-alunos da instituição.

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O segundo tipo refere-se à extensão curricularizada, ou seja, o curso é alinhado aos Projetos Político Pedagógicos (PPCs) dos Cursos, seguindo uma estrutura mais padronizada e pode ter uma duração mais longa, sendo oferecido ao longo de um semestre ou ano acadêmico. O aluno recebe créditos durante todo o período curricular, na medida em que vai cursando cada um deles.

4 – Eventos, que podem ser congressos, simpósios, espetáculos, feiras, exposições, vídeos, ou quaisquer outras formas de divulgação coletiva e apresentação pública, abrangendo os segmentos científicos, tecnológicos, culturais, esportivos e de lazer, levam conhecimento, atividades, produtos e entretenimento em geral para a comunidade ou grupos específicos.

5 – Serviços à comunidade, que se referem a programas e serviços que beneficiam a comunidade local em vários segmentos, tais como atendimento médico e odontológico, recreação, agricultura, escola, serviço social, pedagógico e psicológico etc., dependendo dos acadêmicos formandos dos cursos.

Conhecendo agora as modalidades da extensão universitária, destacamos dentro do item 3, os cursos de extensão livres e independentes das matrizes curriculares, como atrativo para o incentivo e a captação de alunos egressos, objetivando a educação continuada.

Entendemos que mesmo com a curricularização da extensão esses cursos livres continuarão sempre a existir por algumas razões:

  • Demanda e diversidade de temas: nem todos os temas se encaixam nos currículos formais das IES;
  • Flexibilidade e inovação: podem explorar temas emergentes, formatos diferentes e se adaptarem facilmente às mudanças e demandas da sociedade;
  • Atendimento a públicos externos: podem atender a graduados de instituições diferentes;
  • Parcerias e colaborações: as IES podem fazer conexões com outras instituições diferentes, públicas ou privadas e empresas cujos interesses não se alinham com os currículos acadêmicos tradicionais.

Oferecendo cursos de extensão livres para os egressos

Considerando as questões avaliativas das IES, tomando o Indicador 1.1 – Políticas institucionais no âmbito do curso, da Dimensão 1 – Organização Didático-Pedagógica, do Instrumento de avaliação (Figura 3), temos para as maiores notas (4 e 5, destacamos), o alinhamento junto ao perfil do egresso.

Figura 3 - Indicador 1.1 –Políticas institucionais no âmbito do curso

tabela de políticas institucionais no âmbito do curso

Fonte: Inep (2017, p. 9)

Estes cursos apontam para uma capacitação contextualizada junto às questões efervescentes da sociedade contemporânea, promovendo atualização e aperfeiçoamento profissional.

Geralmente, se propõem a completar a graduação, explorando nichos do conhecimento e aliando a teoria à prática, tornando o aprendizado bem objetivo. Além disso, trata-se de segmento mais acessível em termos financeiros e atendem à disponibilidade de tempo por serem mais curtos, podendo variar entre 16 e 20 horas de carga horária.

Nessa questão financeira, as IES podem oferecer créditos ou descontos para aqueles que estão em vias de se graduarem por ocasião dos eventos que reúnem o grupo para finalização do curso.

Outra característica bem peculiar desses cursos é a formação eclética da turma, pois um mesmo curso pode interessar a pessoas de várias áreas, a partir de um fio condutor comum, gerando interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, o que torna a discussão e o aprendizado mais rico. Várias alternativas podem ser adicionadas a essa modalidade de curso, visando a educação continuada, dentre elas:

  • Programas de atualização profissional relacionados à área de estudo;
  • Mentoria e suporte contínuo, para ex-alunos da graduação,
  • Certificados de reconhecimento especial para ex-alunos que completam cursos de extensão;
  • Comunidades de aprendizagem online onde ex-alunos possam se conectar, discutir e colaborar em projetos.

Os cursos de extensão, inclusive na modalidade EAD, apresentam uma variedade de formas e conteúdos para abordagem e aplicação, podendo ser bem flexíveis, dinâmicos e atuais. O público-alvo para esses cursos, pensando na educação continuada, pode ser os alunos imediatamente egressos, haja vista as possibilidades de comunicação ressaltadas pela educadora e pesquisadora do uso de tecnologias na educação, Martha Gabriel:

“as mídias digitais permitem não apenas que as instituições mantenham contato com seus egressos, ampliando a sua comunidade. Como também possibilita que esses egressos mantenham contato entre si. Isso pode gerar inúmeras oportunidades networking futuras, tanto para os egressos quanto para as instituições” (Gabriel, 2013, p. 207).

Nesse sentido, a educadora também dá ênfase às inúmeras oportunidades na educação, pois transcendem os limites geográficos de locais, provocam a criatividade e possibilitam a colaboração entre os alunos e professores.

Por isso, chama a atenção para “uma postura mais autodidata por parte de todas as pessoas – sejam diretores de instituições educacionais, estudantes ou professores, tendo em vista as rápidas mudanças tecnológicas.

A ação autodidata nos alunos pode ocorrer a partir de recursos de aprendizagem disponíveis em plataformas educacionais virtuais, especificamente, as bibliotecas virtuais, a partir de acesso estendido pós colação de grau.

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Promovendo o acesso à biblioteca virtual para egresso

Tomando a outra vertente do incentivo à educação continuada, é viável que as IES continuem a oferecer aos egressos o acesso à biblioteca virtual por um determinado período pós colação de grau, como forma de incentivar os ex-alunos, agora já graduados, a seguirem com a aprendizagem continuada (Lifelong Learning). Além de ser atrativo para este grupo e atender a esta finalidade, para as IES é oportunidade de captar os ex-alunos para que retornem aos estudos, no caso, para cursos de extensão pelas razões já mencionadas.

Qual curso não necessita de apoio bibliográfico para pesquisa?

Para os cursos de extensão não é exceção, todas as vertentes requerem esse apoio (Figura 4).

Figura 4 – Educação continuada

diagrama de diferenças entre curso de graduação e curso de extensão

Fonte: elaborada pela autora

As bibliotecas virtuais, têm esse poder de conquistar o público pela facilidade de acesso e diversidade, notadamente, a Biblioteca Virtual Pearson pela sua qualidade, preocupação em atualizar seu acervo e se comprometer com a melhoria contínua em relação aos recursos tecnológicos, sempre inovando.

Além de conteúdos especializados, sistema de administração, acessibilidade, padrões internacionais, praticidade e disponibilidade, com essa investida, ganham as IES e os estudantes com muitos benefícios (Figura 5). O aluno tem à disposição os conteúdos programáticos e pode acessar a plataforma digital para obter as fontes de estudo.

Na BV da Pearson ainda há a possibilidade de manter diálogo constante com seus usuários, enviando mensagens via e-mail diretamente pela plataforma. Tudo isso pode ser bem produtivo e promissor no incentivo à educação continuada.

Portanto, a parceria curso de extensão + acesso à biblioteca virtual é uma solução factível e viável, pois atende às necessidades da atualidade, em que o mercado está cada vez mais competitivo e exigente em relação às especialidades e às tendências tecnológicas de aprendizagem.

Figura 4 – Benefícios da Biblioteca Virtual Pearson para a instituição e estudantes

lista com benefícios da Biblioteca Virtual Pearson para a instituição e estudantes

Fonte: Print do Portal BV Pearson

boné de formatura universitária cor pretaVocê, aluno, que concluiu sua graduação, já pensou na importância da educação continuada? Que tal fazer um curso de extensão para se manter atualizado?

Logotipo da Biblioteca Virtual da PearsonVocê, responsável direto pela IES, que deseja manter o alunado conectado com o seu campus acadêmico virtual, já pensou em oferecer aos alunos egressos acesso à Biblioteca Virtual Pearson?

 

A Pearson Higher Education exerce bem o papel de fomentadora do ensino superior oferendo para as IES, além da Biblioteca Virtual, vários produtos e serviços digitais de aprendizagem para a educação superior continuada. Aproveite para conhecer todo o Ecossistema de Soluções Digitais!

Por sua vez, as instituições de ensino superior têm a possibilidade de conduzir esse processo explorando o nicho dos cursos de extensão. Até a próxima!

Nova call to action

Referências

GABRIEL, Martha. Educar: a (r)evolução digital na educação. São Paulo: Saraiva, 2013.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios contínua (PNAD Contínua): educação 2022. Brasília, DF: IBGE / CDDI, 2023. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv102002_informativo.pdf. Acesso em: 04 nov. 2023.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Instrumento de avaliação de cursos de graduação: presencial e à distância: reconhecimento e renovação de reconhecimento. Brasília: Inep/MEC, 2017. Disponível em: https://download.inep.gov.br/educacao_superior/avaliacao_cursos_graduacao/instrumentos/2017/curso_reconhecimento.pdf. Acesso em 04 nov. 2023.

MELLO, Cleyson de Moraes; PETRILLO, Regina Pentagna; ALMEIDA NETO, José Rogério Moura de. Curricularização da extensão universitária. 2. ed. Rio de Janeiro: Processo, 2022. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 28 nov. 2023.

OECD (2023), “Brazil”, in Education at a Glance 2023: OECD Indicators, OECD Publishing, Paris. DOI: https://doi.org/10.1787/7a9958a8-en. Available in: https://www.oecd-ilibrary.org/docserver/7a9958a8-en.pdf?expires=1701295581&id=id&accname=guest&checksum=2354488A81142EA4E616FA2B8F171E0A. Access in:

PEARSON HIGHER EDUCATION. Biblioteca Virtual Pearson: O maior acervo universitário do Brasil! Disponível em: Biblioteca Virtual | Pearson Higher Education (pearsonhed.com). Acesso em: 11 nov. 2023.

Ana Luiza Chaves
Ana Luiza Chaves

Gestora de bibliotecas na Faculdade CDL; especialista em Pesquisa Científica, em Marketing Estratégico e em Gestão de Arquivos Empresariais. Exerce a função de Analista de Projetos de Arquivos, na Mrh Gestão de Arquivos, atuando como responsável técnica, e como auditora da qualidade. Focada no incentivo à leitura e ao uso de bibliotecas, na gestão de documentos, na aplicação da normalização em trabalhos acadêmicos e na gestão da qualidade. Mantém o blog de sua autoria Leitura e contexto.

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