O desenvolvimento de competências para a vida é o que distingue a formação universitária integral da mera formação profissional.

  1. O que são habilidades para a vida?
  2. 4 pilares das competências para a vida
    2.1 Saber
    2.2 Saber fazer
    2.3 Saber ser
    2.4 Saber estar
  3. Por que a educação baseada em competências é importante para a vida na universidade?
  4. Como desenvolver mais e melhores competências para a vida no ensino universitário?
  5. Quais são as competências para a vida que devemos fomentar na universidade?
    5.1 Responsabilidade social
    5.2 Pensamento crítico
    5.3 Inovação
    5.4 Autorregulação

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ter habilidades para a vida significa contar com as habilidades necessárias para enfrentar com sucesso as demandas e os desafios da vida cotidiana. Embora essa definição que a OMS cunhou em 1999 ainda seja muito útil para compreender esse conceito, a realidade é que “as exigências e os desafios da vida cotidiana” mudaram muito nas últimas duas décadas, assim como a interpretação que damos a “sucesso”.

Outras definições, como a da Comissão Europeia, referem-se às competências-chave como “um nível mais elevado de integração entre as capacidades e o leque de objetivos sociais de um indivíduo”.

A educação por competências teve suas origens em meados do século passado, dada a necessidade de preparar funcionários qualificados para ingressar em um mercado de trabalho cada vez mais técnico.

Hoje, as competências para a vida não são exclusivamente sobre a empregabilidade, mas sobre uma visão holística do indivíduo como um ser integral que não só “trabalha”, mas também participa ativamente na melhoria de sua comunidade e na realização de seus objetivos pessoais.

O que são habilidades para a vida?

jovens reunidos em uma mesa planejando


Uma competência é definida como um conjunto de aprendizagem, conhecimentos, habilidades e atitudes que permitem ao indivíduo um desempenho adequado em contextos e situações complexas da vida real.

As competências profissionais são aquelas especificamente relacionadas com a formação de uma pessoa e dependem da carreira, da atividade ou do ofício de cada uma. As competências para a vida são aquelas que, de modo transversal, generalizado e independente da função laboral, possibilitam:

  • Realizar um projeto de vida de acordo com os próprios interesses e talentos, desenvolvendo todo o próprio potencial.
  • Ter participação cidadã ativa e democrática.
  • Viver em harmonia com os outros, com base na tolerância e no respeito.
  • Adaptar-se adequadamente às muitas mudanças sociais, econômicas e ambientais a enfrentar ao longo da vida.
  • Gerar mudanças e propostas inovadoras para combater efetivamente os problemas mais graves da comunidade.

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4 pilares das competências para a vida


Embora a categorização das diferentes competências para a vida possa variar dependendo do autor e do contexto, há amplo consenso quanto ao fato de que uma competência é um conceito multidimensional que envolve capacidades cognitivas, bem como orientações atitudinais e até mesmo emocionais do indivíduo.

Dessa forma, uma competência para a vida abrange quatro níveis:

1. Saber

É a dimensão cognitiva que condensa dados, fatos, conhecimentos e teorias em nosso reservatório intelectual. Saber é importante, mas não é tudo, pois, por exemplo, conhecer os direitos humanos não garante que não vamos discriminar, ou ter toda a teoria sobre como fazer pão não nos exime de precisar praticar para nos tornarmos padeiros competentes.

2. Saber fazer

Este pilar refere-se às competências, habilidades práticas e metodologias que temos para colocar nossos conhecimentos em prática. Saber fazer significa ter a capacidade de ser flexível e buscar entre nossos conhecimentos aqueles que melhor nos ajudem a alcançar o resultado esperado na presente circunstância.

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3. Saber ser

A teoria e a prática, juntas, podem nos tornar muito capazes em determinados campos, mas, por si só, não orientam nossas ações quanto ao que é certo para nós e para os outros.

Saber ser significa ter uma bússola moral de atitudes e valores que coloquem nosso conhecimento a serviço de nosso projeto de vida e da comunidade. Por exemplo, uma pessoa com grande conhecimento em modelos de negócios financeiros pode usar suas habilidades para enriquecer apenas alguns ou para gerar uma melhoria nas condições de crédito entre pessoas vulneráveis.

4. Saber estar

“Estar” é um termo que se refere a “estar em sociedade” ou “estar em comunidade”. Saber estar significa poder navegar adequadamente em um contexto intersubjetivo em que não estamos sozinhos e as necessidades e intenções dos outros devem ser levadas em conta.

Voltando ao exemplo anterior, um especialista financeiro pode elaborar um modelo de negócio adequado ao desenvolvimento comunitário, mas, para realizá-lo, ele precisa “saber estar” entre diferentes interesses e encontrar formas de comunicação e negociação atrativas a potenciais investidores e parceiros.

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Por que a educação baseada em competências é importante para a vida na universidade?


Tradicionalmente, é na educação básica que se tem dado ênfase ao desenvolvimento de competências para a vida, em um esforço para formar futuros cidadãos comprometidos com sua comunidade desde a infância e com mais habilidades interpessoais a uma convivência saudável.

Infelizmente, as habilidades para a vida não têm sido consideradas prioritárias no ensino superior, e isso tem feito milhares de egressos não saberem vincular os conhecimentos teóricos e técnicos que aprendem na educação universitária com sua atuação integral como seres humanos. Eles também muitas vezes não sabem como adaptar seus conhecimentos a um ambiente em constante mudança e em rápida evolução.

No entanto, quando um estudante universitário se forma com competências para a vida de nível superior e não apenas competências profissionais, antes de tudo estamos aumentando suas chances de se integrar rapidamente ao mercado de trabalho, aproveitando oportunidades mais bem remuneradas.

É óbvio que esse é um diferencial que torna uma instituição universitária muito atrativa, mas as vantagens da educação por competências vão além do benefício econômico pessoal, pois possibilitam a promoção da construção de um mundo melhor para todos com base na maior competitividade econômica, social e cultural dos países.

Como desenvolver mais e melhores competências para a vida no ensino universitário?

As competências para a vida, como o próprio nome indica, acompanham e enriquecem o indivíduo ao longo de todo o seu ciclo vital. Além de serem de natureza ontológica, são transversais e intersubjetivas.

Isso significa que elas são necessárias para se ter uma vida plena e alcançar o bem-estar, independentemente de trabalharmos como médicos, contadores ou artistas plásticos. Além disso, seu impacto atravessa a sociedade em geral e não apenas o indivíduo.

Por tal razão, a filosofia da transversalidade educativa é uma excelente ferramenta metodológica para promover o desenvolvimento dessas competências em nossa universidade, pois nos ajuda a formar profissionais mais bem preparados para tirar partido de suas potencialidades individuais, porém sempre a serviço da melhoria da comunidade.

Para desenvolver essas habilidades de vida, os professores devem confrontar os alunos com problemas ou situações reais e relevantes que exigem participação ativa e aprendizagem cooperativa, bem como aplicação prática e criativa de teoria e conhecimento.

Quais são as competências para a vida que devemos fomentar na universidade?

Cada instituição enfrenta desafios e contextos particulares, mas, em nível geral, algumas das competências para a vida que podem realmente fazer uma diferença sociocultural e econômica positiva são:

1. Responsabilidade social

jovens estudantes realizando uma ação social de plantação de arvores

Inclui aspectos tão amplos como a participação cidadã, a tolerância, o respeito, a equidade e o cuidado com o meio ambiente. A responsabilidade social nos ajuda a entender de maneira ampla qual é o impacto de cada uma de nossas ações na sociedade em que vivemos, tanto profissional quanto pessoalmente.

Para que a responsabilidade social exista, é importante que os alunos adotem uma postura crítica baseada em informações e valores adequados, e que saibam quais mecanismos de ação estão à sua disposição para desenvolver boas práticas e combater práticas social ou ambientalmente nocivas.

Por exemplo, para incutir responsabilidade social em nossos alunos de Engenharia de Alimentos, teríamos de garantir que eles estejam cientes dos efeitos negativos que certas práticas em seu setor têm na saúde dos consumidores e na sustentabilidade, e gerar propostas viáveis para mudar essa realidade, uma vez que eles se formam e tomam decisões importantes.

2. Pensamento crítico

Sem pensamento crítico, a responsabilidade social pode facilmente se tornar um paradigma anacrônico que não responde mais às verdadeiras necessidades individuais, sociais e ambientais do contexto.

A capacidade de refletir amplamente sobre as causas dos problemas, bem como sobre o significado de nossas decisões, crenças e narrativas, nos permite adotar novas posições e corrigir rumos quando necessário.

O pensamento crítico exige uma grande capacidade de adaptação e de sair de nossa zona de conforto cognitivo e emocional. Por exemplo, para ensinar o pensamento crítico a nossos alunos de Direito, poderíamos dar-lhes a oportunidade de questionar a validade dos fundamentos jurídicos que sustentam instituições sociais como a família, a democracia ou a cidadania.

3. Inovação

A maioria das pessoas interpreta a inovação como algo que depende exclusivamente de pesquisadores e inventores, e não se dá a oportunidade de buscar formas mais criativas e eficientes de resolver problemas do cotidiano, simplesmente porque não se sente capaz de fazê-lo.

Quando colocamos desafios a nossos alunos que os obrigam a descobrir e pôr em prática a capacidade de inovação deles, estamos os formando para serem pessoas capazes de gerir as próprias soluções com autonomia e trabalho em equipe.

Por exemplo, poderíamos pedir a alunos de Química que pensassem em um método mais acessível de tornar a água potável do que o usado atualmente em uma comunidade rural, recorrendo aos recursos disponíveis na área. Assim, damos a eles um objetivo para o qual ainda não existe uma resposta única, o que mobiliza a criatividade e a capacidade de investigar e inovar.

4. Autorregulação

A autorregulação não abrange apenas o plano emocional, mas também o campo da motivação intrínseca, o sentido de vida que damos a nosso trabalho e as ações de autocuidado que realizamos para nos mantermos em equilíbrio.

A capacidade de autorregulação aumenta nossa produtividade no trabalho, mas não a ponto de corrermos o risco de sofrer de burnout ou negligenciar outros aspectos essenciais da vida, como interação social, apreciação artística, espiritualidade e recreação saudável.

Uma educação universitária que inclua competências para a vida também deve honrar e promover a capacidade das pessoas de administrar o tempo delas, estabelecer as próprias metas e tomar decisões com base em todos os aspectos de seu bem-estar pessoal, não apenas econômico.

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Referencias

Jiménez Galán, Yasmín Ivette, Hernández Jaime, Josefina, & González, Marko Alfonso. (2013). Competencias profesionales en la educación superior: justificación, evaluación y análisis. Innovación educativa (México, DF), 13(61), 45-65. Recuperado de http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1665-26732013000100004&lng=es&tlng=es.

San Martin R. (2000). La formación en competencias: El desafío de la educación superior en Iberoamérica. Revista Iberoamericana de Educación, s/d, pp.1-8.

Comisión Europea. (2011, noviembre 13). Educación y formación, 2010. Competencias clave para un aprendizaje a lo largo de la vida. Un marco de referencia europeo. Dirección General de Educación y Cultura / Comisión Europea. Recuperado de http://www.educastur.princast.es/info/calidad/ indicadores/doc/comision_europea.pdf

UNESCO. (2005). Una educación de calidad para todos los jóvenes. Reflexiones y contribuciones en el marco de la 47ª Conferencia Internacional de Educación de la UNESCO. Recuperado de http://www.ibe.unesco.org/fileadmin/user_upload/archive/Publications/free_publications/educ_qualite_esp.pdf

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