Você sabe quais ações sua universidade pode adotar para obter uma educação inclusiva que garanta o direito à educação para todos? 

  1. O que é educação inclusiva?
  2. Quais são os principais desafios enfrentados pela educação inclusiva na universidade?
  3. 5 maneiras de promover a educação inclusiva na faculdade
    3.1. Envolver todos os membros da universidade
    3.2. Garantir a acessibilidade  
    3.3. Formar professores
    3.4. Celebrar a diversidade
    3.5. Estabelecer alianças estratégicas

A educação inclusiva é um modelo de ensino que se adapta à diversidade de cada aluno. Seu objetivo é oferecer a todos o melhor ambiente possível para um desenvolvimento integral e para uma inserção ativa e participativa na sociedade. 

Em qualquer instituição universitária, existem estudantes com distintas necessidades acadêmicas, que variam muito dependendo das diferentes habilidades deles, mas também do contexto sociocultural, econômico, familiar, religioso etc. 

Os desafios da educação inclusiva no nível universitário podem ser muitos, pois esse modelo foi originalmente destinado a estudantes mais jovens em ambientes escolares em que professores e funcionários acadêmicos tinham controle mais direto.

No entanto, com cada vez mais estudantes com deficiência, pertencentes a minorias, refugiados ou neurodivergentes chegando ao ensino superior, a prática da inclusão hoje, mais do que nunca, também deve ser adotada entre as instituições de ensino superior.  

Hoje veremos o que a inclusão universitária realmente significa, além de cinco maneiras pelas quais sua instituição pode promovê-la e torná-la parte de sua filosofia permanente. Acompanhe!

O que é educação inclusiva?

Estudante em cadeira de rodas na biblioteca

A educação inclusiva é um conceito adotado por sociedades democráticas que reconhece a acessibilidade e a inclusão de todos os alunos no sistema educacional como um direito humano que oferece a todas as pessoas oportunidades iguais de desenvolvimento.  

Essas oportunidades não se limitam à possibilidade de integração no campo do trabalho e de obtenção de um salário digno; elas também se estendem à saúde emocional, à construção de identidade e autoestima, bem como à inserção adequada na comunidade.  

Inicialmente, o conceito de educação inclusiva visava principalmente às adaptações pedagógicas e de acessibilidade para pessoas com deficiência (por exemplo, cegos, surdos ou jovens em cadeiras de rodas).  

Atualmente, ele abrange um campo semântico e social muito mais amplo que igualmente protege e integra estudantes com autismo, imigrantes, refugiados, pertencentes a minorias raciais ou religiosas, neurodivergentes e com orientações sexuais não heteronormativas, entre muitos outros.  

A educação inclusiva identifica, torna visível e combate ativamente as possíveis barreiras que dificultam o caminho para a plenitude de indivíduos com maior risco de discriminação e/ou de populações vulneráveis.  

Leia também: Diversidade e inclusão na sala de aula online

Quais são os principais desafios enfrentados pela educação inclusiva na universidade?

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De acordo com a Unesco, “as principais barreiras à inclusão são causadas pela sociedade, não por deficiências médicas”. Isso se aplica ao desenvolvimento acadêmico, social, emocional e até físico.  

Na maioria dos casos, é a discriminação e a segregação daqueles que são diferentes que dificultam a inserção social e laboral, além das limitações da condição deles.  

A educação inclusiva historicamente teve de lidar com uma aversão generalizada às diferenças e à diversidade, causando dificuldades para muitas pessoas nas áreas de mobilidade, acessibilidade a recursos, interação, senso de pertencimento e até representação social. 

Alguns dos desafios específicos enfrentados pela educação inclusiva na universidade são os seguintes:

  • Falta de comunicação e envolvimento entre alunos, professores, famílias e equipe acadêmica.
  • Atitude negativa dos professores, uma vez que sentem que satisfazer necessidades educativas especiais não é o papel deles ou que não dispõem de ferramentas suficientes para isso.
  • Falta de investimentos. De acordo com a Unesco, essa é uma das maiores barreiras à inclusão, pois impede a aquisição de instalações, tecnologia e treinamento necessários.
  • Currículos acadêmicos inflexíveis e grupos muito grandes, que não são projetados para se adaptarem a diferentes necessidades educacionais.  

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5 maneiras de promover a educação inclusiva na faculdade

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A educação universitária inclusiva depende do estabelecimento de todas as condições para que as diferentes necessidades acadêmicas e sociais dos alunos sejam abordadas de maneira abrangente e suficiente.  

Embora existam aspectos da promoção da inclusão que não dependem diretamente da gestão universitária (por exemplo, as políticas orçamentárias do Estado, no caso das instituições públicas), ainda há muitas estratégias internas que podemos adotar para fazer tudo o que estiver a nosso alcance. Aqui falaremos sobre algumas delas:

1. Envolver todos os membros da universidade

A universidade não é composta apenas por estudantes e professores. O pessoal administrativo, as famílias dos estudantes, a comunidade das proximidades e até mesmo as instituições públicas e privadas que se beneficiam da formação profissional e da investigação devem ser envolvidas e fazer sua parte para uma educação inclusiva.  

Por meio da apropriação e da participação ativa, devemos transmitir entusiasmo para garantir e apoiar a inclusão, e isso envolve, entre outras coisas:  

  • Professores com ferramentas para se adaptarem às diferentes necessidades educacionais.
  • Estudantes que apoiam colegas com necessidades diferentes.
  • Instituições de ensino que garantem um recrutamento diversificado e justo entre professores e pessoal administrativo.
  • Designers instrucionais que levam em conta aspectos de acessibilidade e representação.
  • Empresas que oferecem patrocínios e se envolvem na formação de uma nova geração de trabalho mais bem preparada, independentemente da formação sociocultural dela.

Em suma, a inclusão só pode ser alcançada quando é entendida como uma missão pela qual todos temos responsabilidade, com capacidade de fazer a diferença. 

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2. Garantir a acessibilidade  

A acessibilidade costumava estar relacionada com a melhoria da mobilidade física das pessoas com deficiência. Na era da informação, “acessibilidade” também significa que os recursos digitais e a tecnologia têm as adaptações exigidas para que qualquer pessoa possa acessá-los.  

Nesse sentido, a acessibilidade educacional também adota a noção de ubiquidade para integrar, por meio da tecnologia, aqueles que não podem frequentar fisicamente uma sala de aula por qualquer motivo. 

Como instituições de ensino, devemos rever o quão acessíveis realmente somos:

  • Nossas instalações físicas: Por exemplo, existem rampas suficientes para pessoas em cadeiras de rodas?
  • Materiais e recursos de estudo: Eles são suficientemente representados pela diversidade? Existem livros em Braille ou audiolivros para pessoas com cegueira? É possível modificar as fontes e o tamanho do texto?  
  • Ambientes virtuais de aprendizagem: É possível se conectar a eles a partir de qualquer dispositivo com internet? Eles são amigáveis com os alunos sem muito conhecimento técnico?
  • Metodologias de aprendizagem: As aulas ao vivo são gravadas para que os alunos remotos possam tê-las? Existem maneiras suficientes de alcançar um mesmo objetivo que se adaptem a diferentes estilos e possibilidades de aprendizagem?
  • Os processos: Eles garantem a todos o direito de apresentar pedidos de registro, comunicar-se com a instituição ou obter informações?
  • Políticas internas: Elas levam em conta certos ritos ou tradições de minorias religiosas? Elas permitem que os alunos expressem a própria escolha de gênero sem repressão institucional? Capacitam os alunos a desenvolver a agência pessoal? Entendem o que funciona melhor para eles e o colocam em prática? 

[Coluna Inside Higher Education] Como deixar sua Biblioteca mais acessível

3. Formar professores

A inclusão educacional deve estar entre os principais temas da formação contínua de professores. Isso significa fornecer-lhes as ferramentas e os recursos necessários para se adaptarem às características, aos desafios e aos interesses de cada aluno. Por exemplo:

  • Familiarizar-se com os desafios enfrentados pelos mais necessitados.
  • Entender a partir da tolerância e da empatia outras formas de pensar.
  • Saber quando é necessário buscar apoio e para quais instâncias se direcionar ou canalizar.
  • Identificar e modificar conteúdos discriminatórios ou permeados por algum preconceito.
  • Aproveitar as novas tecnologias para que alunos remotos ou com deficiência possam acessar recursos educacionais.
  • Entender quais ajustes curriculares podem ser feitos para que alunos com diferentes estilos de aprendizagem se integrem e demonstrem conhecimentos objetivos.

Leia também: 👉 Como reinventar os planos de estudos universitários na era digital 

4. Celebrar a diversidade

Ver nossas diferenças como uma oportunidade de enriquecer nosso conhecimento e nossa comunidade significa aceitar e celebrar a diversidade, em vez de tentar padronizar todos sob as mesmas maneiras de pensar, aprender e sentir.  

Celebrar a diversidade é algo que vai muito além da mera tolerância. É um esforço ativo para ajudar cada aluno a construir e honrar a própria identidade, fortalecer a autoestima e fomentar a autoaprendizagem para desenvolvimento contínuo.  
 
Isso pode ser alcançado de muitas maneiras, mas todas elas envolvem dar voz e poder de voto a cada uma das pessoas que compõem a universidade.  

Por exemplo, com feiras culturais, abrindo espaços para palestras do tipo TED Talk, ou com protocolos claros de ação contra qualquer tipo de discurso de ódio, em vez de simplesmente ignorá-lo até que se torne agressão ou discriminação ativa. 

Nova call to action

5. Estabelecer alianças estratégicas

Como se trata de algo que beneficia toda a sociedade, é importante abrir novos canais e oportunidades a fim de que empresas e instituições públicas e privadas implementem ações de responsabilidade social para a inclusão educacional. 

Devemos buscar constantemente alianças estratégicas que nos permitam amortizar um dos maiores desafios da inclusão: a falta de recursos econômicos. Isso pode ser alcançado por meio de programas de bolsas, treinamentos de campo, intercâmbios, estágios com foco em contratação, pesquisa subsidiada etc.  

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Referências

Fernández, J.M. (2014) Formación en el ámbito de la diversidad: Capacidades y competencias docentes para la inclusión del alumnado en la educación superior. Nuevas Perspectivas de la Intervención Social y Educativa con Grupos Vulnerables. 

Naciones Unidas (1993). Normas Uniformes Sobre la Igualdad de Oportunidades para las Personas con Discapacidad.

Rodríguez Martín, A.; Álvarez Arregui, E. (2014) Estudiantes con discapacidad en la universidad. Un estudio sobre su inclusión. Rev. Comput. Educ.  

Sosa, L.A. (2015) Necesidades Formativas del Profesorado Universitario de la UNPHU, en Relación con la Atención a la Diversidad. Ph.D. Thesis, University of Sevilla, España. 
 

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