Neste artigo, apresento uma análise completa sobre as cinco leis da Biblioteconomia, definidas pelo pensador Shiyali que perduram até hoje.  


  1. Os estudos de Ranganathan
  2. As Cinco Leis de Ranganathan
    2.1. Analisando cada enunciado
    2.2. Análise do segundo enunciado
    2.3. Análise do terceiro enunciado
    2.4. Análise do quarto enunciado
    2.5. Análise do quinto enunciado
  3. As Cinco Leis de Ranganathan e sua atualidade frente à Biblioteca Virtual

As Cinco Leis da Biblioteconomia foram criadas em 1931, pelo indiano matemático e bibliotecário Shiyali Ramamrita Ranganathan, mas continuam válidas e sendo aplicadas até os dias de hoje. O autor teria tido uma visão futurística sobre o “fazer bibliotecário”?  

Creio que não, porque na verdade elas são atemporais. Foram aplicadas naquele tempo, durante os anos seguintes e continuaram resistindo ao tempo, adentrando no século XXI, chegando à atualidade. Com certeza ainda perdurarão por outras décadas. Mas, o que dá o status de atualidade a essas leis se são dos primeiros decêndios do século passado? Você gostaria de saber? 

No meu entendimento, o cerne da questão está no fato de essas leis envolverem a tríade pessoa, objeto e instituição, ou seja, usuário, livro e biblioteca, elementos suficientes para movimentar o fazer bibliotecário. É uma razão simples, não que o processo seja simples, pelo contrário, há muita complexidade, pois os elementos são interdependentes, culminando em uma circularidade.  

representação do ciclo do usuário livro e biblioteca
 Quer conhecer mais sobre Ranganathan e suas leis? Acompanhe a seguir os próximos tópicos.

Os estudos de Ranganathan

Os-estudos-de-Ranganathan-na-universidade

Realce e notoriedade são dados a esse estudioso. Apesar de ter recebido de seu mestre a orientação de que nos bancos acadêmicos e nos livros é que se aprende a teoria e que o resto seria na vivência e convivência com profissionais, bibliotecas e usuários, ele acabou por criar sua própria teoria. 

Durante sua campanha como bibliotecário teve a oportunidade de visitar inúmeras bibliotecas, o que lhe proporcionou uma visão ampla e diferenciada ao ponto de idealizar as Cinco Leis da Biblioteconomia, que mais tarde, de tão estudadas e aplicadas, seriam conhecidas pelas Cinco Leis de Ranganathan. E aqui a pesquisa científica fica evidente e prova sua necessidade para a evolução do conhecimento. Teorias existentes que levam o pesquisador a campo para conhecer melhor a realidade que o cerca e possivelmente refutar algo já determinado ou gerar novas teorias. 

Portanto, são essenciais para a formação e o crescimento profissional do bibliotecário, afinal, o que seria de uma profissão sem os seus princípios norteadores? Esses princípios são como uma linha mestra que o profissional deve seguir, para não se perder na atuação profissional. Portanto, enfatizo: bibliotecário que se preza está sempre atento às Cinco Leis de Ranganathan

Mas, você sabe o que ditam essas leis? Convido você leitor a re(ver) comigo no próximo tópico a teoria do autor na sua originalidade, para depois mostrar a sua adaptabilidade para a atualidade, objeto deste texto.  

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As Cinco Leis de Ranganathan

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São simples, claras e objetivas, mas perpassam por todo o fazer bibliotecário, inclusive são bem óbvias, conforme o prefaciador da primeira edição afirma: “Uma vez enunciadas, as leis parecem tão óbvias que nos surpreendemos que não tenham sido claramente percebidas e elaboradas antes” (RANGANATHAN, 2009, p. XX).  

A seguir, cito as referidas leis:

  1. Os livros são para usar;
  2. A cada leitor seu livro;
  3. A cada livro seu leitor;
  4. Poupe o tempo do leitor;
  5. A biblioteca é um organismo em crescimento.  

1. Analisando cada enunciado

Em relação ao primeiro enunciado (Os livros são para usar), o autor dá enfoque ao uso do livro. Se ele existe, a priori, é para ser usado. Como o próprio Ranganathan (2009, p. 6) afirma, “A Primeira Lei da biblioteconomia se assemelha à de qualquer outra ciência: incorpora um princípio fundamental.” Explicando melhor, o livro deve circular, sair das estantes, chegar às mãos do leitor. A ideia de preservá-lo, mantê-lo em guarda cai e entram em cena os fatores acessibilidade (em sentido genérico), usabilidade e universalidade, ou seja, fazer com que a comunidade possa chegar até ele. Tudo isso para atender às demandas informacionais de cada usuário. Mas como isso acontece? Para tanto, é necessário:

  • biblioteca instalada em local de fácil acesso;
  • biblioteca com horário amplo de funcionamento;
  • biblioteca com ambiência apropriada, amistosa, adequada à região (climatização, iluminação, mobiliário, layoutização);
  • biblioteca com bibliotecário e pessoal qualificado para atendimento com excelência.

2. Análise do segundo enunciado

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Caminhando para o segundo enunciado (A cada leitor seu livro), o autor dá realce ao usuário. Ranganathan (2009, p. 50) coloca que ela “surge no encalço da Primeira Lei para que essa revolução avance mais.” Todas as facilidades devem convergir para ele, é a democratização da informação, é o desmanche da elitização do livro. O autor acrescenta que “os livros são para todos”. Se a biblioteca é pública, seu acervo deve ser voltado para um público-alvo generalista, por outro lado se é uma biblioteca especializada, deve atender ao seu público específico.  

E o que pode ser feito nesse sentido?

  • estudo de usuário, para que seu acervo seja direcionado às suas necessidades;
  • desenvolvimento de coleções, conforme estudo de usuário;
  • instituição mantenedora comprometida com a aquisição do acervo adequado, além de hardwares e softwares para facilitar o acesso.
  • facilidade de acesso para o usuário buscar e encontrar o que precisa, ou seja, uma boa classificação, catalogação e indexação.

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3. Terceiro enunciado

Partindo para o terceiro enunciado (A cada livro seu leitor), o autor dá destaque para os livros, porque deve haver um livro para cada leitor, ou seja, com a aplicação desse enunciado, os diferentes títulos de um acervo contemplarão, fatalmente, cada leitor. É como se cada livro chegasse às mãos de seu leitor conforme seu perfil. Eu mesma na minha inocência de recém formada já me deparei com um livro que pensei jamais ser buscado para leitura, qual a minha surpresa em vê-lo saindo nas mãos de um leitor, não muito depois desse meu pensamento. 

Para esse terceiro enunciado, Ranganathan (2009, p. 189) recomenda o livre acesso às estantes, em consequência, aos livros, para que cada usuário encontre a sua leitura, passeando pelas prateleiras em total liberdade. Ele ainda acrescenta, com a “oportunidade de ver e examinar o acervo de livros com a mesma liberdade que temos em nossa própria biblioteca particular.” Além disso, pontua ser indispensável um serviço de referência com equipe dotada de técnicas de mediação, interpretação e entendimento das necessidades informacionais do usuário. 

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4. Quarto enunciado

O quarto enunciado (Poupe o tempo do leitor), “se preocupa com a situação que surge à proporção que são atendidos os requisitos das três primeiras leis (Ranganathan, 2009, p. 211). Já que os livros são para serem usados, porque cada leitor tem seu livro e vice-versa, resta se preocupar como e em quanto tempo esses dois elementos se encontram para serem tratados. Portando, atende à questão do uso do tempo, sem desperdiçá-lo. Eu, você ou qualquer pessoa, geralmente, tem urgência naquilo que precisa e, em se tratando de informação, nem se fala. 

Mediante essa premissa, a biblioteca tem a missão de colocar todos os recursos possíveis para atender de pronto ao usuário, poupando seu tempo. Quais seriam esses recursos?

  • sinalização de estantes de forma clara e objetiva;
  • layout funcional;
  • classificação que reúna em um mesmo local livros do mesmo assunto;
  • serviço de empréstimo rápido;
  • pessoal capaz de atender de forma rápida e eficaz.

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5. Análise do quinto enunciado

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Completando com o quinto enunciado (A biblioteca é um organismo em crescimento), Ranganathan corrobora com a ideia de que a biblioteca enquanto instituição deve acompanhar as tendências da sociedade como um todo, social, educacional, econômica e política, para evoluir de forma satisfatória. Para que isso ocorra é imprescindível um bom planejamento e aqui entra um recurso bem comum à Administração, a Análise SWOT, que engloba conhecer suas forças e fraquezas, para estar atenta às oportunidades e mitigar as ameaças externas. 

Ranganathan (2009, p. 241) reforça a questão do organismo vivo em crescimento:  

“É um fato biológico indiscutível que somente o organismo que se desenvolve é o que sobrevive. Um organismo que pare de se desenvolver acabará por se paralisar e perecer. A Quinta Lei chama nossa atenção para o fato de a biblioteca, como instituição, possuir todos os atributos de um organismo em crescimento.”

Como você percebe, as leis vão se completando gradativamente, de forma que uma não se sustenta sem a outra, é um todo holístico e integrado que envolve os elementos usuário, livro e biblioteca, que citei no início. Se Ranganathan considera a primeira a mais abrangente, eu elejo a quinta como aquela que consolida todas as demais, fazendo com que tudo seja possível. 

Agora que você já conhece as leis de Ranganathan, posso adentrar no x da questão, proposta deste artigo. Peço que me acompanhe a seguir no comparativo que faço. 

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As Cinco Leis de Ranganathan e sua atualidade frente à Biblioteca Virtual

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Trazendo essas leis para a atualidade, para a realidade do mundo virtual, você pode ver comigo que se aplicam de forma bem coerente e adaptável, a exemplo do que acontece na plataforma da Biblioteca Virtual Pearson.  

Na primeira lei, aquela que o autor denomina como a mais abrangente, “Os livros são para usar”, entendemos que eles podem ser usados e abusados (no bom sentido), porque são divulgados e estão disponíveis a qualquer tempo na plataforma. Podem ser lidos quando e quantas vezes forem necessárias, do início ao fim ou do fim ao começo, ou ainda somente o trecho de interesse. É a facilidade de tê-los nas mãos, digo, na tela de qualquer dispositivo informático, para extrair deles o que agrada e é proveitoso para a ocasião. 

Em “A cada leitor seu livro” (segunda lei), com a segmentação por área, assunto, editora e autor fazemos escolhas conforme o nosso gosto, inclusive utilizando o recurso da plataforma de preferência de leituras, além da interatividade por meio de mensagens com as novidades que chegam.

Na terceira lei “A cada livro seu leitor”, verificamos que na plataforma virtual há uma vitrine expondo os livros como sugestões de leitura, para que o usuário leitor faça a sua escolha. Essa oferta é baseada no seu perfil, nas suas tendências de leitura. 

Ranganathan afirma na quarta lei, “Poupe o tempo do leitor”, com os recursos de busca, inclusive com acessibilidade, podemos localizar rapidamente o livro. É possível também encontrar palavras-chave ou trechos utilizando esse recurso específico e ainda facilidades com os cartões de estudo, minhas listas, continuar lendo e livros lidos. Já pensou você não ter a preocupação de achar a página do e-book onde parou a leitura? E o suporte de atendimento oferecido pela plataforma? Tudo realmente foi arquitetado para poupar o tempo do leitor.

Leia também: 👉 Conheça o acervo da Biblioteca Virtual da Pearson

Por último, mas não menos importante, pelo contrário, envolvendo a própria instituição biblioteca, para a assertiva da quinta lei “A biblioteca é um organismo em crescimento”, nos deparamos com o acervo na plataforma da Biblioteca Virtual Pearson sendo renovado periodicamente, sempre crescente, com uma variedade de editores, autores e títulos, que acompanham o contexto atual em relação a novas teorias, novos pensamentos, novas leis, novas descobertas, novas metodologias, enfim, tudo o que há de mais atual do conhecimento.  

Em resumo, de forma bem suscinta, eu arriscaria uma única palavra para identificar cada lei desse pensador indiano, conforme ilustração a seguir. 

Cinco Leis de Ranganathan por ordem

Enquanto usuário de serviços de biblioteca essa reflexão poderá acarretar em crítica construtiva para mantê-las vivas e atuais. Para o bibliotecário, é fundamental que fique sempre de olho e revendo tais leis, a fim de não se distanciar da sua missão e também de poder adaptá-las à realidade atual, mantendo-as atemporais, como enfatizei no início.

Bibliotecas físicas ou virtuais são entidades promotoras e facilitadoras do conhecimento, mantê-las funcionando de forma eficiente e eficaz é sobretudo uma questão de responsabilidade social com a educação. 

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Referências

RANGANATHAN, S. R. As Cinco Leis da Biblioteconomia. Tradução de Tarcisio Zandonade. Brasília, DF: Briquet de Lemos / Livros, 2009. Disponível em: https://biblioteca.claretiano.edu.br/anexo/000074/000074df.pdf. Acesso em: 26 dez. 2022. 

Ana Luiza Chaves
Ana Luiza Chaves

Gestora de bibliotecas na Faculdade CDL; especialista em Pesquisa Científica, em Marketing Estratégico e em Gestão de Arquivos Empresariais. Exerce a função de Analista de Projetos de Arquivos, na Mrh Gestão de Arquivos, atuando como responsável técnica, e como auditora da qualidade. Focada no incentivo à leitura e ao uso de bibliotecas, na gestão de documentos, na aplicação da normalização em trabalhos acadêmicos e na gestão da qualidade. Mantém o blog de sua autoria Leitura e contexto.

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