Conheça cinco estratégias simples, mas eficazes, para envolver os jovens do ensino superior no mundo dos livros e incentivar o hábito da leitura.

  1. O universitário e a leitura: uma relação em crise?
  2. 4 fatores que impedem a promoção da leitura no ensino superior
    2.1. O hábito não foi desenvolvido desde cedo
    2.2. Pouca concentração a médio e longo prazo 
    2.3. Incapacidade de selecionar materiais de leitura adequados
    2.4. Preferência por conteúdo multimídia
  3. 5 estratégias eficientes para fomentar a leitura a nível superior
    3.1. Incluir a leitura de maneira dosada em todas as aulas
    3.2. Incentivar a leitura no ensino superior como uma atividade coletiva
    3.3. Gerar espaços dinâmicos de leitura
    3.4. Abrir as fronteiras do livro e conectá-lo com o mundo
    3.5. Dar aos alunos a oportunidade de compartilhar as próprias leituras

As instituições de ensino superior sabem da importância de aplicar estratégias de promoção da leitura entre os universitários, gerar propostas pedagógicas voltadas para a compreensão de textos críticos, bem como criar ambientes que estimulam os alunos a se cercarem de livros por iniciativa própria. 

Convidamos você a conhecer alguns dados recentes sobre hábitos de leitura no Brasil, quais são algumas das causas do baixo interesse pelos livros no país, bem como cinco estratégias inovadoras de incentivo à leitura entre estudantes do ensino superior.

O universitário e a leitura: uma relação em crise?

leitura no ensino superior

Os estudantes universitários se deparam diariamente com uma grande quantidade de informações relacionadas ao próprio curso. Isso quer dizer que eles devem acessar diversos textos que exigem grande capacidade de análise, seleção, síntese e interpretação. No entanto, não é muito fácil quando eles não têm as habilidades de leitura necessárias. 

Nos últimos anos, observa-se que o Brasil experimenta uma redução significativa em sua população leitora. Um estudo de 2020 realizado pelo Instituto Pró-Livro revelou que entre 2015 e 2019 o país perdeu cerca de 4,6 milhões de leitores: em 2015, o percentual de leitores havia subido para 56%, mas em apenas quatro anos caiu para 52%.  

De fato, o estudo revelou que os jovens universitários apresentaram uma redução maior em seus hábitos de leitura: em 2015 foi reduzido em 82% e, em 2019, até 68% em termos gerais. Os analistas acreditam que isso se deve a três fatores que influenciaram diretamente seus hábitos de leitura:

  1. A crise econômica da última década, que desencorajou os jovens a investir na compra de livros.
  2. A mudança de hábitos da população mais jovem nos períodos de lazer.
  3. O aumento do uso da internet para fins de entretenimento, pois atualmente passam muitas horas consumindo vídeos e conteúdos nas redes sociais, reduzindo de maneira considerável o tempo de leitura.

Ninguém duvida das enormes vantagens que a era da internet trouxe à educação, sobretudo ao nível superior, mas é também um fato que esse recurso tecnológico é empregado em grande medida como meio de entretenimento ou distração, e que sua utilização nem sempre é a mais adequada, principalmente entre as novas gerações. 

É fato que os universitários demonstram pouco interesse pela leitura; entretanto, para compreender as origens dessa crise de leitura, é importante analisar as causas prévias a seu ingresso no Ensino Médio. 

Leia também: 👉 A leitura como recurso no ensino superior virtual para motivar alunos

4 fatores que impedem a promoção da leitura no ensino superior

promover a leitura no ensino superior

1. O hábito não foi desenvolvido desde cedo

Em 2019, o ex-ministro da Educação do Brasil, Abraham Weintraub, descreveu o desempenho dos jovens no teste PISA 2018, elaborado pela OCDE, como "trágico", já que quatro em cada dez alunos não têm habilidades básicas de compreensão de leitura.

2. Pouca concentração a médio e longo prazo 

O excesso de estímulos externos e a hiperconexão digital dos jovens a partir dos 12 anos representam fatores decisivos para a leitura, já que a maior parte do tempo livre é gasta navegando na internet: Em 2019, a empresa de pesquisa GlobalWebIndex descreveu o Brasil como o país latino-americano que mais passa tempo na internet, com média de 3 horas por dia. 

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3. Incapacidade de selecionar materiais de leitura adequados

Como consequência da baixa compreensão de leitura, os jovens do Ensino Médio e do superior têm sérias dificuldades em organizar e selecionar o material de leitura, confiando cada vez mais em conteúdos multimídia em detrimento de seus livros, físicos ou digitais.

4. Preferência por conteúdo multimídia

Os alunos têm dificuldade de se “conectarem” com a leitura, pois na maioria dos casos preferem as versões resumidas de um livro, ou buscam informações relacionadas por meio de conteúdo multimídia, que se impõe ao texto por dois motivos:

  • O formato parece mais atrativo, pois os recursos audiovisuais tendem a captar a atenção deles mais rapidamente.
  • É considerado mais estimulante porque requer menos esforço analítico, uma vez que o conteúdo multimídia é muitas vezes concebido para explicar o conceito de maneira breve e sintética.

Leitura complementar: Ferramentas para criar recursos digitais educacionais nas aulas universitárias 

É importante ressaltar que esses estudos não condenam o uso de conteúdos multimídia; pelo contrário, eles são considerados ferramentas essenciais para a educação atual, mas em nenhum caso o processo de leitura pode ser substituído pelos meios audiovisuais, pois ambos os recursos têm objetivos e processos diferentes. 

Durante a reprodução do conteúdo multimídia, o aluno assume um papel passivo, ou seja, limita-se a receber o conteúdo na velocidade em que é reproduzido, e na maioria das vezes não é gerado um espaço de reflexão para a análise do que está sendo observado. 

Nesse sentido, lembremos que a observação é um processo natural: desde que nascemos começamos a recorrer ao sentido da visão para identificar o mundo que nos cerca. No entanto, ler é uma atividade inata, que exige uma série de etapas para desenvolver as habilidades necessárias que a leitura exige, principalmente no nível universitário, no qual os conteúdos são mais técnicos e demandam maior capacidade de compreensão. 

Pensar que um aluno terá acesso à leitura por iniciativa própria e que ele será capaz de desenvolver habilidades essenciais de compreensão leitora por sua conta seria tão ilógico quanto pensar que é possível entender Matemática apenas aproximando-se de números. 

É aqui que as estratégias de incentivo à leitura adquirem grande relevância no nível superior, por ele ser considerada a fase acadêmica na qual o aluno mais recorre à leitura. 

Leia também: 👉 7 ações para incentivar a leitura no Ensino Superior

5 estratégias eficientes para fomentar a leitura a nível superior

estudantes universitarios estudando com diversos dispositivos no patio da universidade

Para muitos pedagogos, é importante romper com a falsa crença de que a leitura é um hábito que se adquire por prazer e com naturalidade, como se fosse um hobby. Essa ideia foi desenvolvida nos últimos anos a partir de modelos pedagógicos que rejeitam termos como “esforço” e “disciplina” por serem considerados pouco pedagógicos. 

A verdade é que nenhum bom hábito é obtido sem esforço e disciplina, e a leitura não é exceção, pois exige habilidades complexas, além de anos de prática. 

Em seu livro El arte de leer, o filósofo Gregorio Luri nos diz que:

Nossos cérebros são projetados para dominar a linguagem oral, mas a leitura exige controle do corpo (do aparelho da fala, da direção do olhar, da postura), atenção e, sobretudo, o conhecimento prévio. 

Por isso, é fundamental implementar estratégias metodológicas eficazes, focadas em resultados observáveis e quantificáveis, mas, sobretudo, que convidem os estudantes universitários a gerar hábitos de leitura de longo prazo, podendo, assim, usufruir do próprio progresso intelectual. 

Leitura complementar: 5 estratégias metodológicas para aulas remotas na IES

1. Incluir a leitura de maneira dosada em todas as aulas

Muitos professores preparam suas aulas de modo que a leitura fique de fora das atividades delas, sejam presenciais ou virtuais, assumindo que o aluno abrirá um livro no tempo livre dele. Mas sabemos que isso não acontece com frequência. 

Na maioria dos casos, os alunos preferem procurar versões resumidas ou conteúdo multimídia em vez de um livro literário para evitar a atividade "tediosa" da leitura. Essa é uma realidade que muitos professores vivenciam todos os dias, e a única forma de reverter esse mau hábito é incorporando a leitura em sala de aula. Mas como fazê-lo com sucesso?

  • Dosando a quantidade de texto: inicie a aula com uma leitura breve, porém concisa, diretamente relacionada ao tema do dia e que sirva de guia para as aulas posteriores.
  • Utilizando textos de fácil acesso: que os alunos possam pesquisar o texto no próprio dispositivo, ou que ele esteja disponível na biblioteca virtual ou física da instituição.

2. Incentivar a leitura no ensino superior como uma atividade coletiva

Lembremos que os hábitos de leitura das novas gerações não se limitam a um texto físico, em que a relação entre o leitor e o livro é muito pessoal e não costuma ser compartilhada. Hoje, os materiais evoluíram para livros digitais que podem ser compartilhados de maneira rápida e ilimitada entre um grande número de leitores. 

Para que essa estratégia seja eficaz, é aconselhável garantir que todos os alunos tenham acesso ao mesmo conteúdo textual: uma qualidade das atividades em grupo é que todos querem participar e se identificar com um grupo. Dessa forma, se todos os alunos estiverem na mesma frequência durante uma leitura, mesmo aqueles que não possuem o hábito de ler se sentirão motivados a participar.

3. Gerar espaços dinâmicos de leitura

Na educação tradicional, o processo de leitura tinha um alto grau de passividade: o professor lia enquanto os alunos o acompanhavam a partir de seus livros didáticos, o que tornava a leitura uma atividade chata e pouco dinâmica. 

Hoje em dia, a leitura não se restringe a um livro como objeto físico. Pelo contrário: os livros digitais possuem muitas ferramentas para que os alunos possam se envolver com os conteúdos deles e até mesmo compartilhar suas impressões pessoais.  

Mas como tornar a leitura uma atividade dinâmica? Veja algumas ideias:

  • Criar espaços de debate sobre a leitura do dia. No caso de aulas on-line, fóruns de discussão podem ser estabelecidos por meio de uma plataforma virtual.
  • Permitir aos alunos que se expressem e deem a própria opinião.
  • Fazer perguntas que convidem os alunos a refletir sobre o que leram, dando novas ideias a respeito do texto.

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4. Abrir as fronteiras do livro e conectá-lo com o mundo

Na literatura, a liminaridade consiste em envolver os livros com outras artes ou recursos comunicativos, de modo que os alunos possam se familiarizar com eles se os relacionarem com outros elementos com os quais estejam mais familiarizados. 

Quando o professor usa em aula um fragmento de um filme baseado em um livro, está praticando a liminaridade literária; mas também é possível levá-lo para outras terras, já que os livros podem estar relacionados a muitos outros recursos:  

Pensemos em um estudante de Engenharia ou Programação… Como poderíamos incentivar a leitura de textos relacionados aos princípios da computação por meio da liminaridade? 

Tomemos como exemplo o livro A morte e a vida de Alan Turing, de David Lagercrantz, que inspirou o filme de mesmo nome e que explica de uma perspectiva mais humana a vida de Alan Turing, o matemático e criptógrafo britânico que é considerado um dos fundadores da ciência da computação e da computação moderna.

5. Dar aos alunos a oportunidade de compartilhar as próprias leituras

Todo processo pedagógico deve envolver os alunos de maneira ativa, o que implica que eles também sejam corresponsáveis pelas leituras que são ensinadas e compartilhadas em sala de aula. 

Permitir aos alunos que tragam novas leituras às aulas fará que eles se sintam mais envolvidos e, consequentemente, mais motivados para se aprofundar no conteúdo delas. A fim de que essa estratégia tenha melhores resultados, é recomendável que os professores cumpram algumas etapas preliminares:

  • Investigar os interesses dos alunos em relação ao próprio curso e a leituras anteriores.
  • Motivar os alunos a compartilhar as próprias leituras e buscar pontos de relação com alguns tópicos da aula.
  • Sugerir novas leituras que estejam relacionadas tanto com a aula quanto com os interesses dos alunos.

Leia também: 👉 Importância do papel do professor na educação socioemocional 

É importante considerar que nenhuma estratégia pode funcionar se os alunos não tiverem uma plataforma digital de aprendizagem que lhes permita acessar conteúdos atualizados e de qualidade. Hoje, todas as instituições de ensino superior devem ter uma Biblioteca Virtual que atenda às expectativas de seus alunos e de sua equipe docente mesmo a distância. 

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Referências

Luri, G. (2020). Sobre el arte de leer: 10 tesis sobre la educación y la lectura. Plataforma. 

Quiala, B. T., & Zayas-Quesada, Y. (2016). Estrategia didáctica para el fomento de la lectura en las clases. Edusol, 16(55), 54-62. 

EFE, Brasilia: El Ministro de Educación tilda de "tragedia" el resultado de Brasil en la prueba PISA: Recuperado de: https://www.efe.com/efe/america/sociedad/el-ministro-de-educacion-tilda-tragedia-resultado-brasil-en-la-prueba-pisa/20000013-4124837 

Cerlac, El libro en Cifras. Recuperado de: https://cerlalc.org/wp-content/uploads/publicaciones/olb/PUBLICACIONES_OLB_El-libro-en-cifras-1_v1_010812.pdf 

Cerlac, Dossier: El libro físico VS el libro Digital: recuperado de:   https://cerlalc.org/wp-content/uploads/2020/04/Cerlalc_Publicaciones_Dosier_Pantalla_vs_Papel_042020.pdf 

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