A educação para todos procura fortalecer a inclusão e a igualdade na aprendizagem. Conheça o perfil de ensino que esse movimento exige. 

  1. Qual é a importância de garantir que a educação seja para todos? 
  2. Perfil do docente para a prática da educação inclusiva
    2.1.  Incentivar a cooperação entre os estudantes 
    2.2. Colaborar com outros professores e o pessoal administrativo
    2.3. Identificar e resolver problemas a partir da inclusão consciente
    2.4. Proporcionar uma abordagem globalizante e metacognitiva
    2.5. Planejar a partir da inclusão
    2.6.  Estabelecer metodologias didáticas e de ensino assertivas 
  3. 5 estratégias para promover a educação para todos no ensino superior
    3.1. Priorizar a aprendizagem colaborativa
    3.2. Promover a participação equitativa e igualitária de todos os alunos
    3.3. Fortalecer a didática que aborda o respeito à diversidade
    3.4. Introduzir a inclusão no lifelong learning como professores
    3.5. Focar na pessoa  

A educação para todos é atualmente um dos desafios mais importantes que as instituições enfrentam. A responsabilidade é de todos os atores envolvidos na aprendizagem, desde as autoridades educativas até os próprios alunos e, naturalmente, os professores. 

O objetivo da educação inclusiva é garantir as condições para que todos recebam tratamento igual e justo no contexto acadêmico, dentro de um contexto de respeito pelas crenças, pelas opiniões, pelos comportamentos e pelas capacidades dos outros.  

Hoje, falaremos sobre a importância da inclusão no ensino superior e sobre como contribuir para isso a partir do ensino. Ampliaremos a definição do termo “educação para todos” com base na integração e na diversidade, e concluiremos com uma série de estratégias eficientes para os professores colocá-la em prática. 

Desenvolver e fomentar práticas que fortaleçam a cultura de inclusão e diversidade entre os alunos é um trabalho de todos. Vamos começar?

Qual é a importância de garantir que a educação seja para todos? 

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A educação inclusiva, também chamada de “educação para todos”, tem como base a Declaração Universal dos Direitos Humanos.  

Ela afirma que todas as crianças, incluindo as que têm necessidades especiais, pertencentes a minorias étnicas, migrantes ou que vivem em comunidades marginalizadas, devem ter acesso a uma educação de qualidade que lhes permita alcançar o desenvolvimento humano, social e econômico.  

Esse princípio do direito à educação para todos pode ser ampliado aos jovens e mesmo às populações adultas, uma vez que todos devem ter opções para continuar a estudar, independentemente da própria situação de vida.  

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a exclusão educacional de certos grupos e minorias acarreta altos custos socioeconômicos e afeta a população como um todo.  

Infelizmente, embora em teoria e pela própria vontade todas as nações e instituições educacionais pareçam concordar com isso (com algumas exceções em estados autoritários), na prática a realidade deixa muito a desejar.  

Nos dias atuais, milhares de estudantes do ensino superior devem abandonar seus estudos por razões diretamente relacionadas com a falta de inclusão, a discriminação ativa e a ausência de ferramentas ou estratégias educativas adequadas às pessoas com deficiência. 

É claro que são necessários esforços governamentais e institucionais mais fortes em nosso caminho à educação para todos, mas a boa notícia é que os professores também têm um papel essencial a desempenhar no alcance desse objetivo, através de estratégias que permitam aos alunos do ensino superior identificarem-se com os valores que representam a inclusão. 

Mestres e professores têm o privilégio de estar na “primeira fila” com os alunos, bem como uma grande responsabilidade pela mudança social nos ambientes universitários, ampliando seu leque de participação para uma sociedade mais inclusiva.

[Coluna Inside Higher Education] Aprendizagem Inclusiva: reconheça e gerencie vieses implícitos

Perfil do docente para a prática da educação inclusiva

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Hoje, a educação inclusiva pode ser considerada parte das competências transversais ou habilidades fundamentais dos professores em todos os níveis de ensino.  

Algumas das características mais importantes em um professor com a capacidade de conduzir a educação para todos são as seguintes:

1. Incentivar a cooperação entre os estudantes  

Os professores inclusivos sabem estabelecer dinâmicas de aprendizagem que, por sua natureza, não apenas permitem a todos que participem e recompensem o trabalho em equipe, mas também que precisem dele para atingir objetivos.  

Leia também: 👉 Importância do papel do professor na educação socioemocional

2. Colaborar com outros professores e o pessoal administrativo

O professor participa ativa e entusiasticamente no estabelecimento de políticas escolares inclusivas e de uma cultura de diversidade.  

Não só o faz dentro da sala de aula, mas também fora dela, tornando visível com outros professores e autoridades educacionais a importância da educação para todos e as maneiras pelas quais ela pode ser alcançada.  

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3. Identificar e resolver problemas a partir da inclusão consciente

Como mediador na emergência de possíveis conflitos, o professor entende que existem muitos discursos sociais, culturais, éticos e de classe que permeiam as hierarquias entre os alunos e, portanto, seus comportamentos uns com os outros.  

​​​​​Um professor inclusivo não reduz a um problema comportamental uma questão que realmente tem a ver com discriminação, e possui as ferramentas e a sensibilidade para abordá-la a partir da conscientização das partes envolvidas.

4. Proporcionar uma abordagem globalizante e metacognitiva

O professor expressa um compromisso genuíno e uma atitude positiva em relação à diversidade, mas também é capaz de comunicar sua importância no dia a dia, aproveitando todas as oportunidades que surgem na sala de aula para tornar visível e demonstrar a relevância da inclusão nas diferentes esferas da vida.  

5. Planejar a partir da inclusão

Ele realiza o planejamento de suas aulas, conteúdos e métodos de avaliação considerando as diferenças nos estilos de aprendizagem, os contextos socioculturais e o espectro de habilidades específicas dos alunos.  

Planejar a partir da inclusão requer um esforço adicional para estabelecer um currículo que seja mais flexível e adaptável desde o início, e que ofereça oportunidades iguais de sucesso para todos.  

6. Estabelecer metodologias didáticas e de ensino assertivas  

Ele conhece e lida adequadamente com um vasto leque de estratégias didáticas aplicáveis à sala de aula presencial ou virtual, que têm como resultado direto um aumento da consciencialização para a importância da inclusão e das competências sociais a serem promovidas nesse sentido.  

5 estratégias para promover a educação para todos no ensino superior

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Do perfil do professor inclusivo derivam algumas estratégias específicas que têm se mostrado muito eficazes no estabelecimento de uma cultura inclusiva de educação para todos.  

Embora sejam ações que todos os professores do ensino superior possam adotar individualmente, será sempre muito mais eficiente que envolvam um esforço coletivo com as autoridades acadêmicas e transversal a todo o currículo.

Leia também: 👉 Desafios e formas de promover a educação inclusiva na universidade

1. Priorizar a aprendizagem colaborativa

Todas as metodologias de aprendizagem baseada em projetos (PBL), por exemplo, o design thinking, voltam-se ao trabalho em equipe, mas o professor não deve esquecer que seu papel também é promover agrupamentos flexíveis e heterogêneos.  

A tendência de nos juntarmos principalmente com aqueles que consideramos “iguais” pode gerar subgrupos muito homogêneos que começam a rejeitar ou se diferenciar uns dos outros.

Leia também: 👉 Aprendizagem colaborativa: 6 benefícios da aprendizagem para um AVA

2. Promover a participação equitativa e igualitária de todos os alunos

Com a exclusão, quaisquer que sejam suas causas, geralmente há uma noção de capacitismo, ou seja, tendemos a acreditar que as pessoas que, por uma razão ou outra, são excluídas também são menos capazes no nível intelectual.  

Se isso por si só já é um problema sério, muitas vezes também temos que lidar com o capacitismo internalizado, que é quando uma pessoa que foi marginalizada não se sente capaz de ter o mesmo sucesso acadêmico que os outros.  

Um professor inclusivo permanecerá muito atento a possíveis expressões de capacitismo no grupo e adotará ações voltadas à diversidade para motivar a integração e a realização.  

3. Fortalecer a didática que aborda o respeito à diversidade  

Alcançar a plena inclusão em um contexto acadêmico nem sempre é fácil, porque a discriminação é algo que nos circunda de uma forma ou de outra. Uma boa maneira de amortizar expressões de intolerância é criar planos e conteúdos específicos para tornar a diversidade visível e normalizada.  

Por outro lado, também é necessário ter planos de contingência para saber como agir em situações de intolerância, seja entre alunos ou entre alunos e autoridades escolares.

Leia também: 👉 Diversidade e inclusão na sala de aula online 

4. Introduzir a inclusão no lifelong learning para os professores

Já sabemos que a formação contínua é essencial para oferecer uma educação de qualidade, especialmente em um ambiente tão mutável e volátil como o que vivemos.  

A educação inclusiva é também algo que nunca deixamos de aprender, porque podemos desenvolver cada vez mais sensibilidade e experiência para combater a discriminação escolar e acadêmica, motivo pelo qual nunca devemos deixar de ser curiosos e de investigar esse tema.  

Leia também: 👉 O que é lifelong learning e qual é seu impacto para os estudantes universitários

5. Focar na pessoa  

Finalmente, a aprendizagem centrada na pessoa vê as diferenças dos alunos não como desafios ao status quo da instituição, mas como oportunidades para avançar em direção a uma inclusão cada vez mais difundida.  

Cada pessoa tem as próprias forças, dificuldades, interesses e formas de se expressar. Inclusão também significa levar em conta todas essas características para oferecer acompanhamento a partir da plena aceitação e, ao mesmo tempo, destacar as oportunidades únicas que cada aluno pode buscar a fim de alcançar um estado de realização. 

Leia também: 👉 Tendências educacionais: aprendizagem adaptativa para universidades

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Referências

ESCAREÑO, J. R. C. Docente inclusivo, aula inclusiva. Revista de Educação Inclusiva. 2017. Disponível em: <https://educrea.cl/docente-inclusivo-inclusive-classroom/#:~:text=The%20teacher%20has%20que%20ser,a%20work%20global%20e%20integrated>. Acesso em: 23 mar. 2023. 

CALVO, G. La formación de docentes para la inclusión educativa. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.edu.uy/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1688-74682013000100002>. Acesso em: 23 mar. 2023. 

FERNÁNDEZ BATANERO, J. M. Capacidades y competencias docentes para la inclusión del alumnado en la educación superior. Revista de Ensino Superior. 2012. Disponível em: <www.scielo.org.mx/scielo.php?script%3Dsci_arttext%26pid%3DS0185-27602012000200001&sa=D&source=docs&ust=1677791568919927&usg=AOvVaw0eqEikOdq3TSxVfO85dZZY>. Acesso em: 23 mar. 2023. 

OCDE. No more failures: ten steps to equity in education. 2007. Disponível em: <https://www.oecd-ilibrary.org/education/no-more-failures_9789264032606-en>. Acesso em: 23 mar. 2023. 

SALVADOR, C. S.; NAVARRO, Í. Guía de buenas prácticas en educación inclusiva. Save the Children. 2013. Disponível em: <www.aecid.es/Centro-Documentacion/Documentos/Publicaciones%20coeditadas%20por%20AECID/Guia_de_Buenas_Practicas_en_Educacion_Inclusiva_vOK.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2023. 

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